Os ataques do ISIS são o cumprimento da profecia?
Não, os ataques do ISIS ou Estado Islâmico, não são exatamente o cumprimento da profecia bíblica, mas podem fazer parte da construção do cenário e da preparação do palco para seu cumprimento. Devemos sempre nos lembrar que na atual ”dispensação da graça de Deus” (Efésios 3:2) as profecias estão em estado de suspensão. A profecia bíblica tem a ver principalmente com Israel e as nações gentias e o relógio profético parou de bater com o advento da Igreja. Ele voltará a bater quando a Igreja for tirada da terra no arrebatamento, e aí sim veremos esse cenário ser utilizado.
Paulo fala dessa suspensão do tratamento com Israel em Romanos 11:25-26 ”Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades”. Considerando que a Igreja era um mistério oculto até dos profetas do Antigo Testamento, ela não aparece em suas escrituras e podemos situá-la como um parêntese na profecia de Daniel 9, mais ou menos entre o versículo 26 e o 27:
(Daniel 9:26) ”Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas”.
Isso já aconteceu, ou seja, o Messias ungido de Deus, o Cristo, foi morto e nunca mais foi visto, exceto pelos seus discípulos como vivo e ressuscitado. Então o povo romano, do ”príncipe que há de vir”, destruiu a cidade e o Templo, no ataque executado por Tito. Com a rejeição completa do Messias teve início o parêntese no qual estamos inseridos, que é o tempo da Igreja, que perdurará até o arrebatamento. Então o relógio profético voltará a bater e esse ”príncipe”, cujo povo destruiu Jerusalém e o Templo no ano 70 da era cristã, entra em cena:
(Daniel 9:27) ”Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana [de anos]; na metade da semana [ou seja, 3 anos e meio], fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”.
Aqui você pode inserir tudo o que é dito do princípio das dores e da Grande Tribulação nos Evangelhos, nas epístolas e também na maioria dos capítulos de Apocalipse iniciando no capítulo 4, quando termina o tempo das ”7 igrejas” ou sete períodos e características do testemunho da Igreja na terra.
Mas o que tudo isso tem a ver com o ISIS e os radicais islâmicos? Entendo que, como já disse, no sentido de o palco estar sendo armado e o cenário pintado. Mas os principais protagonistas da profecia ainda por se cumprir não são os islâmicos. Estes são apenas peões de um grande tabuleiro; massa de manobra de quem realmente está por detrás disso e quer que nossa atenção fique grudada no cenário e não nos atores principais.
Um mágico desses que vemos nos circos e teatros é perito em disfarces e sabe que deve chamar a atenção para uma mão, enquanto o truque é feito na outra que passa despercebida. Assim é também o maior de todos os mágicos, Satanás. O foco agora está nos terroristas islâmicos, porque é para essa mão que quer que nós prestemos atenção este mestre em disfarces, que em Gênesis 3 apareceu travestido de serpente, e mentor dos magos de Faraó, que em Êxodo 7:11 imitavam os milagres de Deus feitos por meio de Moisés. Porém é sua outra mão que está ativa para preparar o caminho para a entrada em cena de seu representante, o anticristo, que ”realiza grandes milagres, até mesmo o de fazer descer fogo do céu sobre a terra à vista de todos” (Apocalipse 13:13).
Os verdadeiros protagonistas do cumprimento da profecia serão os que hoje consideramos os “mocinhos” desse filme, a Europa e seus líderes. Com o argumento de se combater o terrorismo, veremos um recrudescimento do controle dos cidadãos, eliminando a privacidade e preparando o caminho para uma ditadura disfarçada de democracia. Uma pesquisa feita na França, após os ataques de novembro de 2015 em Paris, indicou que 84% dos franceses estariam dispostos a aceitar restrições às liberdades individuais para ficarem mais seguros.
Este processo em que os interesses do estado se misturam aos da população é a concretização da profecia de Daniel 2:33 na qual o ”barro” de humanidade irá se mesclar com o ”ferro” do poder e da tirania como foi na Roma antiga. Este é o último estágio da estátua profética que representava os grandes impérios da terra, terminando com as pernas (Roma antiga) e os pés (Roma moderna): Daniel descreve ”as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro”. Nesse dia as pessoas se sentirão aliviadas quando se levantar um homem poderoso, com a aparência de um cordeiro, mas que falará ”como dragão” (Apocalipse 13:11) para trazer paz, segurança e prosperidade.
Quem conhece a história de como Hitler tirou a Alemanha do fundo do poço nos anos 1930 para transformá-la numa grande potência de guerra, e isso com o aplauso dos cidadãos alemães, perceberá que aquilo foi só um ensaio. Como toda peça teatral precisa de ensaios antes da apresentação final, Satanás também experimenta para ver se as pessoas seguirão direitinho o roteiro. Com Hitler elas seguiram. Com o anticristo não será diferente.
Paul-Henri Spaak, que morreu em 1972 e foi Primeiro Ministro da Bélgica e um dos principais arquitetos da União Europeia, declarou algo que descreve bem a disposição do povo europeu diante de uma crise: ”Não queremos outro comitê, já temos muitos. O que queremos é um homem de estatura suficiente que mantenha a aliança de todo o povo, e que nos livre do pântano econômico no qual estamos afundando. Dê-nos um homem assim, e seja ele Deus ou o diabo, e nós o receberemos”
Quem se recusa a crer em Cristo na presente dispensação da graça de Deus ficará aqui quando a ressurreição de entre os mortos e o arrebatamento acontecer. Os que tiveram a oportunidade de crer, mas ”não creram na verdade”, serão seduzidos por um poder enviado pelo próprio Deus para darem as boas-vindas a esse que ”é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça” (2 Tessalonicenses 2:9-12).
Como eu disse, os radicais islâmicos são os bandidos da hora, mas no fundo não passam de massa de manobra e peões de um grande tabuleiro sobre o qual eles não têm qualquer controle. Os mocinhos da hora é que serão os bandidos após a Igreja ser retirada da terra para dar início aos sete anos que precedem a vinda de Cristo para reinar. Jesus previu esse tempo nos Evangelhos, quando serão salvos apenas um remanescente de judeus fieis e também gentios que não tiveram suficiente conhecimento do evangelho para crerem na presente dispensação, porém tomarão para si as dores dos judeus perseguidos e os protegerão das investidas do anticristo e seus asseclas:
“Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!, não saiais. Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem. Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres. Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. E ele enviará os seus anjos, com grande clamor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus. Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mateus 24:21-33).