QUEM SÃO AS OVELHAS?

Mas alguém poderá perguntar: “Quem são as ovelhas de Cristo?” Bem, todo verdadeiro crente é uma “ovelha”. O Senhor disse aos judeus incrédulos daqueles dias: “Não sois das minhas ovelhas” (João 10:26). Porém, se o verdadeiro crente é uma ovelha de Cristo, e se o Grande e Bom Pastor nos deu a sua palavra de que nenhuma das suas ovelhas perecerá, por que não honrar a sua bendita palavra e receber o conforto que ele deseja que você tenha em sua alma para tirar dela todo medo e receio?

Alguém ainda poderia contestar, dizendo: “Porventura não pode acontecer que algumas dessas ovelhas venham depois a se tornar muito más, e caiam profundamente em algum triste pecado?” Não tenho dúvida de que isso possa ocorrer. Mas há uma outra questão que pode ser de auxílio se você a considerar primeiro, ou seja: Acaso o Pastor, que pronunciou tais palavras de segurança acerca de suas ovelhas, não sabia naquele momento em que disse aquilo, o modo como cada uma dessas mesmas ovelhas iria se comportar? Com toda a certeza ele sabia. Este mesmo capítulo é testemunha disso no versículo 15, quando ele diz “Dou a minha vida pelas ovelhas”. Será que ele estava pensando somente naqueles seus discípulos de então? Veja o versículo seguinte: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco (i.e., o aprisco judeu); a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um Pastor” (João 10:16). “Me importa conduzir” - disse ele. Por que este “importa”? Ah! Existe, nesta pequena palavra, a benévola compulsão do seu próprio amor, do mesmo modo como havia uma necessidade justa, em razão da santidade de Deus e de nossa culpa, na mesma palavra dita a Nicodemos: “Importa que o Filho do homem seja levantado” (João 3:14). Oh, que Salvador ele é!

Portanto, não há dúvida de que naquele momento ele tinha em mente todo o seu rebanho. E, permita-me perguntar: Será que ele iria morrer por eles sem saber de antemão quais seriam os seus pecados? É claro que ele sabia, e mesmo assim, tanto no caso de Pedro como dos outros, ele podia dizer: “Nunca hão de perecer”. Sem dúvida Satanás desejava muito arrebatar aquelas ovelhas das mãos do Bom Pastor. “Mas”, disse Jesus a Pedro, “eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lucas 22:32).

Que preciosa certeza! Preste atenção que aqui temos, resumidamente, três pessoas distintas colocadas diante de nós: “o Pastor”, “uma ovelha” e o “leão que ruge”, procurando a quem possa devorar. O próprio Pedro iria se referir a Satanás como o “leão que ruge” no capítulo 5, versículo 8 de sua primeira epístola. Surge agora a pergunta: Quem vai ficar com aquela ovelha chamada Pedro? O “Pastor” ou o “leão”? “Satanás vos pediu”, foi o que o Senhor disse a Pedro. Mas será que Satanás pode realizar o seu desejo? Aí está a questão vital. Será que ele tentou realizar seu desejo? Sim, ele tentou. E, no que diz respeito à “ovelha Pedro”, Satanás teria saído vitorioso, pois Pedro não teria sido capaz de guardar a si mesmo, embora ele pensasse que poderia fazê-lo. Porém aquele que estava para entregar sua própria vida pelas ovelhas sabia muito bem como restaurar a Pedro intercedendo por ele, tanto quanto sabia que podia salvá-lo por sua morte na cruz. “Eu roguei por ti” disse ele a Pedro. Lembre-se de que isto serve para você também: “O Senhor é o meu Pastor... ele refrigera (restaura) minha alma” (Salmos 23:1,3).

Satanás não poderá jamais pegar a mais débil, e nem a mais defeituosa, das ovelhas de Cristo. Bendito seja Deus por isso! Se estivesse escrito que até mesmo uma ovelha poderia ser levada e devorada, aí sim cada um de nós deveria se perguntar: “E se essa ovelha for eu?!”. Mas felizmente não é o que está escrito.