Quem são os anticristos?
Ficamos tão curiosos em saber quem será ”o anticristo” que nos esquecemos de perguntar quem são ”os anticristos”. O apóstolo João utiliza o termo “anticristo” em suas epístolas, enquanto outros escritores podem se referir ao mesmo com diferentes designações. Existe uma diferença entre ”o anticristo”, também chamado de ”homem do pecado” e ”iníquo” (2 Tessalonicenses 2:3-8), e ”um anticristo”. Vou me limitar a falar dos diferentes ”anticristos” que podemos encontrar por aí, já que ”o anticristo” só se manifestará após a saída da Terra daquele que o detém, isto é, o Espírito Santo, e com este a Igreja no arrebatamento.
João fala de ”anticristos” que tinham saído de entre os cristãos, o que já nos ajuda a identificar como anticristos pessoas que orbitam em torno de doutrinas cristãs sem, contudo, professarem as principais, dentre elas a inspiração divina das Escrituras, a Divindade em três Pessoas distintas, Pai, Filho e Espírito Santo, a salvação pela graça e fundamentada na obra expiatória de Cristo na cruz, sua divindade, morte, ressurreição e ascensão aos céus, o juízo eterno etc. Portanto, quando falamos de ”anticristos” estamos falando de pessoas que podem até se identificarem como cristãos, mas que são na verdade inimigas de Cristo.
“Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 João 2:18-19).
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3:18).
De acordo com o mesmo apóstolo João, existe ainda outra característica que define um anticristo: ele nega a divindade de Cristo. Muito embora o catolicismo romano tenha diversas doutrinas errôneas, apenas esta característica citada por João já elimina de vez as teorias que colocam o Papa como candidato a anticristo, já que a doutrina católica confessa que Cristo é Deus feito Homem. João escreve:
“E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo” (1 João 4:3).
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5:20).
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:1-14).
Confessar que Jesus Cristo veio em carne, e não apenas que nasceu, é reconhecer que antes de vir ele já existia na eternidade, ou seja, é confessar sua pré-existência como Deus. Isto é negado por todas as religiões e filosofias espíritas e espiritualistas que se arvoram como cristãs, e também por seitas como as Testemunhas de Jeová e Mórmons. Os TJs asseveram que Jesus teria sido “um deus”, mas não o Deus todo-poderoso, o Jeová do Antigo Testamento, e os Mórmons chegam a afirmar que um dedicado membro de sua “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” - a seita que venera Joseph Smith - poderá ascender ao status de deus e criar seu próprio Universo, se tiver paciência para aguardar alguns bilhões de anos para tanto.
Mas acredito que podemos fazer um teste bem simples para determinar se estamos diante de um anticristo, e para isto basta voltarmos ao princípio. Em Gênesis encontramos Satanás travestido de serpente tentando Eva, e qual foi o teor de sua tentação? ”Sereis como Deus” (Gênesis 3:5). O diabo já havia desejado o mesmo quando pecou pois, vemos em Isaías 14:13-14 o desejo de seu coração denunciado pela revelação divina: ”E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas [anjos] de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do Norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”.
O grande atrativo que Eva enxergou na promessa da serpente foi alcançar o estágio de igualdade com Deus e, por conseguinte, desvencilhar-se de Deus. Em linguagem popular Eva queria mesmo era ser ”dona de seu próprio nariz“, viver sem dar satisfação a ninguém, muito menos ao seu Criador. ”Adão não foi enganado” (1 Timóteo 2:14), mas deliberadamente entrou em conluio com sua esposa e por isso toda a raça adâmica foi arruinada conforme Deus havia alertado.
Depois de alguns milênios gastos provando que a espécie humana estava tão perdida que seria impossível reciclá-la, Deus começou tudo de novo a partir de um protótipo perfeito, Jesus. Aquela história que ensinam nas aulas de religião de que “religião” tem o objetivo de “religar” o homem com Deus é bobagem. Deus não está nem um pouco interessado em religar consigo uma humanidade destroçada pelo pecado. Se estivéssemos falando em linguagem de seguro de veículos o termo correto seria atribuir ao ser humano ”perda total”.
Para não deixar dúvidas quanto a isso Deus deu uma Lei que era santa e boa, que tornava o pecado claro e patente e que nenhum ser humano, exceto Jesus, seria capaz de cumprir. ”E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado” (Romanos 7:12-14).
A Lei mosaica foi a placa de contramão que Deus enviou para mostrar que não existia um ser humano sequer, exceto Jesus, capaz de andar na direção correta. A Lei não podia salvar, ”porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Romanos 8:3).
Agora muita atenção aqui: Considerando que o homem da primeira Criação recebeu o carimbo de ”Perda Total”, Deus enviou outro Homem, Jesus, perfeito e não portador do defeito ou pecado do primeiro homem, para tirar o pecado do mundo e levar sobre si os pecados dos que viessem a crer nele. Então, na cruz, o Homem Jesus recebeu sobre si o juízo devido ao pecado, morreu, foi sepultado e... FIM! Assim Deus colocou um ponto final na raça adâmica. Na ressurreição Cristo daria início a uma nova raça, agora celestial, uma nova criação.
“Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo... Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criação é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (1 Coríntios 15:21-22, 45-49; 2 Coríntios 5:17).
Você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com os anticristos. Simples. Se o teste das doutrinas fundamentais for muito complicado para você determinar se alguém é um anticristo, use este teste: Verifique se o que a pessoa ensina é o cântico de sereia do diabo, tipo ”sereis como Deus” (Gênesis 3:5), via autoconhecimento, evolução espiritual, reencarnação etc. etc. etc. ou é o reconhecimento da completa ruína do velho homem, morto e sepultado em Cristo, a fim de receber por graça e pela fé o perdão dos pecados e a salvação eterna, sendo feito, por Deus, uma nova criação em Cristo.
Antes de minha conversão vivi intensamente o espiritualismo e esoterismo, mergulhado no misticismo e superstições das religiões orientais que nunca me davam certeza de coisa alguma, mas apenas faziam meu ego sentir-se mais “elevado” que outros meros mortais que não comiam a comida que eu comia, nem seguiam os ensinamentos dos gurus que eu seguia. Até meu viver despojado era uma farsa que eu não gostava de admitir.
Todos aqueles gurus, à uma, sussurravam em meus ouvidos o sussurro da serpente no Éden: “Sereis como Deus”, afirmação esta seguida de receitas dialéticas e dietéticas. Todos fingiam honrar a Cristo falando dele como um “espírito puro e elevado”, um ”Mestre ascenso” ou ”avatar de uma nova era”, mas negavam ser ele Deus e Homem e o único caminho para o Pai. Alguns chegavam a dizer que ele teria passado a juventude na Índia e Tibete para aprender o que depois iria ensinar. Nem imaginavam que Jesus não veio ao mundo para ensinar; ele é a Sabedoria de Deus em Pessoa, mas sua missão aqui foi morrer, ressuscitar e subir aos céus como o Cristo de Deus.
Os gurus que eu seguia não passavam de anticristos, tal como eu também era por acreditar neles e propagar seus pensamentos. Eles eram anticristos porque negavam o Cristo e colocavam o homem no pedestal da capacidade de regeneração, fazendo de Cristo no máximo um coadjuvante, um figurante no processo da evolução humana, um vice decorativo ou exemplo a ser seguido. Rejeitavam assim o valor do seu sangue derramado na cruz que colocou um fim na raça adâmica. Não há desonra maior que subestimar tudo o que Cristo é fingindo honrá-lo com quirelas. O que você acha que Einstein se sentiria honrado se você saísse por aí elogiando sua capacidade de recitar a tabuada do dois?
Portanto, anticristo é todo o que rejeita o Cristo de Deus, aquele que Deus ungiu e escolheu para ser e fazer o que fez, e exalta o homem como capaz de ser. Se os povos da antiguidade elevavam répteis, quadrúpedes e aves ao status de deuses, honrando a criatura em lugar do Criador, hoje a idolatria voltou às raízes lançadas pela serpente no Éden: ”Sereis como Deus”. Repare que na passagem de Romanos 1:23 a adoração de aves, quadrúpedes e répteis veio depois da glória dada ao homem:
“Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Romanos 1:21-23).