Eleição ou não?
Você enviou um artigo no qual o autor tenta explicar eleição segundo sua ótica de um clérigo pentecostal, mas o que ele diz ali não tem nada a ver com a eleição ensinada pela Palavra de Deus. Existem os que creem na eleição, os que não creem na eleição e os que creem em algo que não é eleição e tentam fazer parecer que é. Foi o caso do artigo deste “pastor”, que diz que Deus elegeu os salvos, mas apenas coletivamente a todos os que viriam a estar em Cristo, e não individualmente cada salvo antes mesmo de o mundo ter sido criado.
A interpretação que o autor do artigo dá de eleição como sendo algo coletivo e não individual é equivocada. Primeiro porque o versículo em Romanos, que mencionei para você em uma mensagem anterior, mostra que o assunto é claramente de ”vasos”, e vasos são pessoas. Segundo, porque a interpretação que ele dá demonstra que não crê na graça de Deus, já que acrescenta a perseverança pessoal como condição para a pessoa ser eleita e salva.
Vamos relembrar Romanos 9:21-24 ”Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”.
Foi Deus quem fez os vasos ou seres humanos, tanto aqueles que viriam a ser para honra, como aqueles que seriam para desonra. Mas a confecção dos vasos se deu muito tempo depois de Deus ter eleito os que preparou para honra. Deus confeccionou os vasos que seriam para desonra, mas não os preparou para esse fim. Um fabricante de recipientes não determina se eles serão usados para guardar remédio ou veneno. Repare que a passagem diferencia uns vasos dos outros, aqueles que Deus suportou e aqueles que ele preparou: ”Deus... suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para perdição” (Romanos 9:22). Percebe que não diz que Deus tenha preparado os vasos para desonra, mas apenas que eles foram preparados? Uma frase assim é o que chamamos de “sujeito indeterminado”. Porém, no caso dos eleitos, Deus quis dar ”a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes [Deus] preparou, os quais somos nós [Os salvos], a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios”.
O autor o texto diz: ”Mas individualmente a certeza dessa eleição depende da condição da fé pessoal e viva em Jesus Cristo, e da perseverança na união com Ele.” Em outras palavras, segundo ele Deus teria eleito a Igreja como um todo, mas apenas os indivíduos deste conjunto que perseverassem na união com Deus seriam salvos. Qualquer pessoa que esteja ciente da condição de ruína total de todos os seres humanos perceberá que se a salvação depender de perseverança ninguém será salvo, mas apenas os hipócritas acreditarão que sim. Graça é um favor imerecido oferecida ao pecador que vai a Cristo do jeito que está, e não uma recompensa pela fidelidade do crente.
O autor do texto ainda afirma que ”a escolha por Deus daqueles que creem em Cristo é uma doutrina importante”, e aqui o erro é bem sutil, pois o que ele está insinuando é que Deus elege os que creem. Mas Deus não elege os que creem; Deus elegeu alguns antes da fundação do mundo para que viessem a crer em Cristo. A diferença é enorme. Somos eleitos para sermos santos e irrepreensíveis, e não porque seríamos santos e irrepreensíveis. Efésios 1:4 diz: ”Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. A eleição é um ato exclusivamente de Deus e não depende de nossa vontade ou de alguma fidelidade de nossa parte. É fácil entender isso quando pensamos nas eleições de governantes. Seus nomes são anunciados, mas não são eles que se elegem. São eleitos por uma decisão que foge ao controle deles próprios.
Infelizmente autor do texto que você enviou não compreende a obra de Cristo e o valor do sangue derramado. Fiz uma busca por trechos do texto e descobri que é de autoria de um pastor de uma igreja pentecostal, o que foi suficiente para entender a origem de suas ideias. Os pentecostais não creem numa salvação unicamente pela graça de Deus, pois segundo essa doutrina cabe ao crente se esforçar para manter-se salvo. Por conseguinte, não creem na segurança eterna do salvo, mas pregam que aquele que não perseverar perderá a salvação. Assim, aquele que se diz salvo é hipócrita, pois estará afirmando que seu andar, fidelidade e perseverança estão à altura do que Deus exige de um crente. Se você for sincero e tão falho quanto eu saberá que em nossa carne não habita bem algum, e carregamos essa carne em todo lugar aonde vamos.
Concluo que seu problema maior não é de entender ou não a eleição, mas sim de obter a segurança eterna, caso contrário, como cristão você viverá em uma destas duas condições: ou será um hipócrita tentando parecer que é fiel, obediente e perseverante, ou será um crente derrotado, vivendo ainda a experiência do capítulo 7 de rm que termina com um clamor: “Miserável homem que sou!”. Convido você a entrar no capítulo 8 da mesma epístola e se apossar daquilo que Deus dá livremente ao que crê a segurança, certeza e gozo de sua salvação eterna para ser vivida já aqui nesta terra.
Para entender o Evangelho e da diferença entre alguém que está experimentando o que é descrito em Romanos 7 e aquele que já desfruta da segurança de viver em Romanos 8 sugiro a leitura do livro ”Vida através da Morte”, por Charles Stanley, que pode ser baixado em diferentes formatos e-book neste endereço: www.livro-facil.blogspot.com