Por que não otimizar o tempo das reuniões?

Você visitou uma assembleia na Ceia do Senhor e teceu alguns comentários, apresentando dúvidas que podem ser as mesmas de alguns que visitam uma assembleia de irmãos congregados somente ao nome do Senhor e fora de todo o sistema denominacional. Você comentou:

P: Percebi que os irmãos são rigorosos quanto o horário, porém houve mais tempo de silêncio do que de ministério da Palavra.

Quanto ao rigor no horário, assim deve ser, porque quando a assembleia decide o horário de iniciar e terminar a reunião isso é “ligado” nos céus (Mateus 18:18), ou seja, o Senhor honra a decisão da assembleia e se coloca no meio quando estão assim congregados ao seu nome.

A reunião que você visitou é a ceia do Senhor, que não é uma reunião de ministério da Palavra ou de exercício dos dons de ministério. É apenas para recordar o Senhor e anunciar sua morte conforme ele pediu. Ele não pediu “fazei isto em memória de mim e procurem pregar a Palavra ao mesmo tempo”, mas só ”fazei isto em memória de mim”. Portanto não espere por conteúdo na ceia do Senhor além de hinos de louvor, ações de graças e um irmão dando graças pelo pão e pelo vinho. Como estamos na presença do Senhor devemos aguardar por direção também nestas coisas, até mesmo para evitar a “bronca” do apóstolo aos Coríntios, que celebravam a ceia de forma desordenada:

(1 Coríntios 11:20-21) ”De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor. Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se”.

P: A assembleia não poderia abreviar o tempo previsto para a ceia e fazê-la em 10 minutos?

A assembleia é que determina o tempo previsto para cada reunião (lembre-se, Mateus 18:18 novamente), e devemos nos lembrar de que quando estamos ali estamos na presença do Senhor. Você já ficou em silêncio na presença de alguém que ama e mesmo assim desfrutou daquele momento? Já aconteceu de abrir a boca na hora errada e estragar o momento? Assim deve ser na ceia do Senhor. Se acontece silêncio pode ser por isso mesmo, por estarmos desfrutando da presença do Senhor. Mas para não pensar que está diante de irmãos super espirituais, o mais provável do silêncio em demasia é que vivemos em tempos de ruína e fraqueza, quando nem sempre chegamos à ceia na condição espiritual e de comunhão com o Senhor que deveríamos, e isto para vergonha nossa. Então, se o silêncio for contemplativo, isso é graças ao Senhor, mas se for por falta de comunhão em nossa vida diária, isso é culpa nossa.

P: Um irmão mais experiente não poderia conduzir a ceia e preencher o tempo para evitar isso?

Só se estivéssemos dando à carne o poder de resolver o problema da fraqueza do homem ou de privar aquele que aguarda sentir que deve trazer um hino, uma ação de graças ou tomar a iniciativa de dar graças pelos símbolos (pão e vinho).

P: Os irmãos não poderiam determinar antes da reunião o que cada um iria fazer?

Você acaso encontra tal modelo nas Escrituras? Não, ao contrário, nas instruções dadas aos Coríntios vemos claramente que nada ali foi pré-determinado com funções previamente distribuídas, pois o apóstolo escreve, referindo-se a uma reunião de ministério da Palavra e exercício dos dons:

(1 Coríntios 14:29-30) ”E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro”.

Imagine “o primeiro” irmão ali reclamando: ”Ei, irmãos, não foi isso que combinamos!” Não faria qualquer sentido, não é mesmo?

P: Percebo que muito tempo é perdido em silêncio. Por que não aproveitá-lo com adoração e ministério da Palavra.

Já expliquei que a ceia do Senhor não é uma reunião de ministério da Palavra, agora seria bom entender também que adoração não significa necessariamente atividade física. O cristão adora em espírito e em Verdade, o que significa que pode adorar em silêncio e imóvel, sem precisar de um templo de pedras, uma banda de música ou uma roupa especial. Isso é maravilhoso quando consideramos o contraste com a adoração judaica que exigia todo um aparato físico para adorar.

P: A escola dominical me pareceu muito fixa, sem espaço para algum menino compartilhar suas angústias e aflições.

A escola dominical não é uma reunião da assembleia (como é a ceia do Senhor, a reunião de oração e a de ministério da Palavra. Em Atos 2:42 você encontra as atividades da igreja reunida e ali não há escola dominical ou pregação do evangelho para incrédulos. ”E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. A escola dominical é evangelismo para crianças e jovens, e pode acontecer tanto no mesmo local das reuniões da assembleia ou debaixo de uma árvore.

O formato é aquele que cada assembleia escolhe de antemão e cede o espaço para o irmão responsável por aquele trabalho (como é também o caso de se promover pregações do evangelho no mesmo local das reuniões). A escola dominical é de responsabilidade do irmão que ensina nela, ou da irmã, no caso de crianças pequenas. A ordem para a mulher não ensinar não se aplica às crianças, porque o ensino ali é apenas o anúncio das boas novas, e não ensino doutrinário.

Mesmo assim não é correto que atividades envolvendo irmãs sejam feitas na presença de irmãos, por isso em algumas assembleias as crianças pequenas são levadas para uma sala de atividades onde ficam com o irmão ou irmã que conversa com elas, enquanto jovens ficam em outro lugar com algum irmão ministrando para eles. Um irmão prega, as crianças ou jovens escutam e fazem ou não perguntas. Em alguns lugares os jovens são estimulados a perguntar, em outros não. Em alguns lugares crianças pequenas têm atividades lúdicas (pintar, brincar, etc.), em outros não. É importante entender o caráter de cada reunião para não confundir.