É errado ser bela, recatada e do lar?
Essa dúvida — se existiria algum problema em querer ser bela, recatada e do lar — surgiu em muitas mulheres depois que a mídia e as redes sociais lançaram um verdadeiro bombardeio de artigos, comentários e piadas sobre o título de um artigo de revista falando da esposa de um político. Por outro lado, feministas ficaram iradas, como se qualidades assim fossem uma afronta à mulher que, na opinião delas, deve ter a aparência que quiser, viver livre de padrões morais impostos por Deus e pelos homens, e trabalhar fora.
Mas afinal, o que há de errado em ser bela, recatada e do lar? Ser o contrário não seria também um padrão imposto por essas feministas que criticam tal padrão? Bem, não há nada de errado em ser bela, mas pode ser muito errado a mulher fazer disso o foco de sua existência, e neste ponto eu posso até concordar com as feministas. Não são poucas as mulheres que dão literalmente a vida na busca por um padrão de beleza inatingível para quem não nasceu com DNA de capa da Vogue. Nessa busca insana muitas acabam morrendo de anorexia, bulimia, excesso de exercícios e problemas decorrentes de cirurgias plásticas.
Mas eu não concordaria com as feministas no sentido de a mulher ser dona do próprio nariz e de tudo o que está ligado a ele, ou seja, o seu corpo e em especial o seu útero, porque ao contrário do homem, ela pode ter outro corpo dentro do próprio corpo. Por acharem que têm o direito de fazer o que quiserem com o próprio corpo é que muitas mulheres decidem abortar, sem se importarem com os direitos que a criança tem sobre seu próprio corpo. A criança certamente não gostaria que outra pessoa decidisse do que fazer com seu corpinho ainda em formação.
Beleza não é um padrão absoluto, pois muda conforme a época e a cultura. Hoje o padrão ocidental é o das magérrimas modelos, mas se você for uma garota vivendo na Mauritânia estará numa dieta de engorda de 15 mil calorias diárias, pois ali gordura é símbolo de beleza e status social. Se você viver na tribo Kayan da Tailândia seu pescoço terá sido esticado por argolas de metal adicionadas desde a infância. Não poderá tirá-las sob o risco de quebrar o pescoço. Se pertencer à tribo Karo da Etiópia, estará constantemente cortando sua pele em padrões geométricos para ficar com cicatrizes 3D.
No Quênia as mulheres da etnia Masai colocam esticadores nos lóbulos das orelhas, enquanto as mulheres Mursi, do sul da Etiópia, colocam discos de cerâmica nos lábios das meninas para aumentá-los. À medida que crescem os discos são trocados por maiores até na idade adulta elas parecerem carregar um prato de sobremesa no beiço. Com a chegada do progresso não se espante de ver mulheres guardando seus CDs na boca. Entre os Maoris da Nova Zelândia bonita é a mulher com o rosto tatuado, e o Irã é hoje campeão de cirurgias plásticas de nariz. A febre de um nariz operado é tão grande que algumas jovens saem de casa com um curativo de mentirinha só para os garotos pensarem que ela operou.
Mesmo no ocidente, o padrão de beleza muda com o tempo. Se fizer uma busca pelo quadro “Venus e Adonis”, pintado pelo holandês Rubens em 1635, você verá uma deusa romana da beleza pesando o dobro de uma moderna manequim de passarela. No final do século 19, mulher bonita era mulher de cintura fina e quadril largo, daí o torturante uso de espartilhos e armações de arame sob a roupa. No início do século 20 a anemia estava na moda, e quanto mais magra, frágil e pálida a mulher, mais bonita era. Por isso elas saíam vestidas dos pés ao pescoço e portando uma sombrinha. Ficar torrando ao sol, nem pensar. Então vieram os anos 50 e elas engordaram de novo só para ficarem cheias de curvas, as quais foram eliminadas nos anos 60, quando o padrão era ter um corpo de tábua de passar roupa.
Portanto a beleza feminina é algo tão mutante e volátil que a melhor definição de formosura acaba sendo mesmo a da Bíblia, a Palavra de Deus: “Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada” (Provérbios 31:30). Para aqueles que creem em Cristo como Salvador fica mais fácil entender quando pensamos na sua própria Pessoa ao vir ao mundo. Isaías profetizou dele setecentos anos antes como alguém que “não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos” (Isaías 53:2).
Isso não quer dizer que ele fosse feio, mas simplesmente que o homem natural não pode admirar a beleza do Filho de Deus, pois esta nunca se encaixará em seus padrões. É preciso nascer de novo para enxergar a realidade espiritual, daí a aversão que muitos têm à Palavra de Deus. Quem tem essa aversão continua “morto em ofensas e pecados”, que é a descrição dada em Efésios 2:1-3, andando “segundo o curso [ou moda] deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar [que é o diabo], do espírito que agora opera nos filhos da desobediência... fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”, o que coloca você na categoria de um “filho da ira” de Deus, isto é, sujeito à condenação eterna.
Antes que você discorde veementemente do que eu já disse e do que vou dizer, lembre-se de que o assunto aqui não é a sabedoria humana, mas a divina, encontrada nas páginas da Bíblia, que é a “sabedoria que vem do alto”. Esta é “pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”, enquanto a sabedoria humana é “terrena, animal e diabólica” (Tiago 3:15-17).
O outro elemento criticado do bordão “bela, recatada e do lar” foi o recato da mulher, o que pode ser traduzido por resguardo, prudência, decência, pudor, modéstia, etc. Se você considera essas qualidades ridículas para a mulher moderna, lembre-se de que o “moderno” será ridículo logo, logo. Quando jovem, eu usei calça boca-de-sino de cintura alta, sapato de camurça com cadarço colorido, echarpe e bolsinha “capanga” para impressionar as garotas. Hoje os garotos usam a calça caindo para mostrar a cueca. Se você passar rápido o filme da moda de seu tempo de vida verá que aquilo que é “in” em um momento fica “out” em questão de segundos.
Vamos mais uma vez ver o que diz a Palavra de Deus, esta que nunca sai de moda, sobre o recato feminino e também sobre a expressão “do lar”, hoje vista com desdém por mulheres que acham que suas vidas devem obrigatoriamente girar em torno de seus próprios umbigos. O livro para isso é o de Provérbios, onde a mulher é tratada em três diferentes aspectos.
No capítulo 7 ele fala de um padrão de mulher que faz grande sucesso no mundo de hoje. Trata-se da mulher sexy e sedutora, não apenas para o marido, mas para os homens em geral. É a mulher “que lisonjeia com as suas palavras”, que sai ao encontro de homens “com enfeites de prostituta, e astúcia do coração... alvoroçada e irrequieta”, cujos pés “não param em casa”. Seu argumento é: “Já perfumei o meu leito... vem, saciemo-nos de amores até à manhã... porque o marido não está em casa; foi fazer uma longa viagem... Assim, o seduziu com palavras muito suaves e o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios”. Em um certo sentido ela é também uma mulher “do lar”, pois o capítulo termina dizendo que “a muitos feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa dela foram mortos. A sua casa é caminho do inferno que desce para as câmaras da morte” (Provérbios 7:26-27).
Para contrastar com o capítulo 7, no capítulo 8 você encontra uma personificação da Sabedoria dizendo: “A vós, ó homens, clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens. Entendei, ó simples, a prudência; e vós, insensatos, entendei de coração... porque falarei coisas excelentes... são justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida” (Provérbios 8:4-8).
Mas é no capítulo 31 do Livro de Provérbios de Salomão que encontramos o padrão divino para a mulher, e o autor assina a passagem como sendo o “rei Lemuel”, palavra que significa no original “dedicado a Deus” ou “pertencente a Deus”. A parte que fala da mulher começa no versículo 17 desta maneira: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis”. Isto equivale dizer que seu valor nunca poderá ser medido por aquilo que é considerado de valor aos olhos humanos, o que inclui a opinião pública ou as pesquisas publicadas nas revistas femininas.
Quando a Palavra de Deus diz que “o coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo” (vers. 11), isto significa que ele é um marido satisfeito com ela e não sairá em busca de sobras entre os inimigos, como fazem os vencedores das guerras. Afinal, “ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida” (vers. 12). Antes que você pense que a mulher segundo Deus não passe de uma boneca de porcelana para seu marido exibir na sociedade, ou de um objeto sexual para satisfazer seus instintos na cama, repare que ela “busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos. Como o navio mercante, ela traz de longe o seu pão” (vers. 14).
“Ahá!” — dirá aquela feminista mais recalcada — “Ela é uma escrava explorada pelo marido!”. Porém, ao contrário do “navio mercante” ao qual esta mulher é comparada, quem pensar assim nunca terá um porto seguro para onde retornar. Sim, a “mulher virtuosa”, segundo o padrão divino, é também uma empreendedora que trabalha, e provedora dedicada que sai em busca do sustento de sua família, e tem não apenas um porto para onde voltar, mas “o coração do seu marido” que nela confia.
Mas ela é também uma administradora e ao mesmo tempo uma especialista em recursos humanos, pois “levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das servas” (vers. 15). É também uma mulher de visão, negociante e produtiva, pois “examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos” (vers. 16). Ela é tão moderna quanto uma mulher que faz academia para estar sempre em forma, pois “cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços”, como diz o versículo 17. Diligente, ela “vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite”, porque não deixa para amanhã o que pode fazer hoje: “Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca” (vers. 19-20).
Qualquer um sabe que o homem é mais focado em si, e a mulher possui um coração mais afetivo e abrangente, até por conta de seu instinto materno. A mulher segundo os padrões divinos, não está preocupada apenas com seu marido e seus filhos, mas “abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado” (vers. 20). Seu esforço é recompensado, pois ela “não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de escarlata”, e mesmo assim ela não deixa de pensar em si e satisfazer também seu desejo de se sentir bonita, pois “faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura” (vers. 21-22).
Ela não traz vexame ao seu marido na sociedade, muito pelo contrário. “Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra”, pois pode ter a certeza de que as coisas em casa estão sob controle, pois, afinal, não é isso que se espera de uma mulher “do lar”? (vers. 23). Mas antes de você pensar em “do lar” como uma clausura, é bom que saiba que ela “faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores. A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro” (vers. 24-25).
A mulher segundo os padrões bíblicos não é burra e ignorante, pois “abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua. Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça” (vers. 28). A recompensa ela logo vê no comportamento de sua família, pois “levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva”, dizendo, “Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!” (vers. 29). Esse hino à virtude feminina coloca por último justamente a beleza, que em nossa sociedade é o atributo que costuma vir primeiro. Termina dizendo que “enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada” (vers. 30).
Muitas mulheres acham que só serão felizes quando se libertarem de seus maridos, filhos e sutiãs, para viver uma vida livre e desimpedida colocando em prática suas ambições profissionais. Mas isso é como uma locomotiva achar que só será livre o dia em que sair dos trilhos. Poucas mulheres percebem que uma vida produtiva e cheia de significado é o que Deus deseja para a mulher dentro dos parâmetros que ele colocou, e que responsabilidades como marido, filhos e cuidados do lar fazem parte desses “trilhos”, e podem muito bem conviver com o empreendedorismo dessa “esposa de valor”, que é a tradução literal para “mulher virtuosa”. O melhor de tudo é que essa atitude tem a chancela da aprovação divina no final, e é isto que significa o último versículo: “Deixe o seu próprio trabalho louvá-la nas portas” (vers. 31).
As portas ou portões das cidades eram onde ficavam os juízes para julgar as causas das pessoas. A mulher cristã virtuosa um dia estará diante do Senhor e verá suas obras serem julgadas para receber a recompensa. Não será um julgamento para ver se ela vai ou não ser salva, pois essa questão foi resolvida no dia em que creu em Cristo ainda nesta vida, e é uma condição inabalável. Jesus prometeu em João 5:24: “Quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. E no mesmo evangelho ele assegurou: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (João 10:27-30).
Todavia, ainda que a salvação eterna seja garantida, a recompensa ou galardão depende de nosso comportamento e da qualidade das coisas que fazemos aos olhos de Deus, pois “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Coríntios 5:10). Como se fosse um concurso de obras de arte que acontecerá no céu, “a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Coríntios 3:13-15).
Traduzindo, o Senhor recompensará cada um pelo modo como viveu e atuou aqui neste mundo, segundo os padrões do divino Juiz. As mulheres cristãs que buscaram fazer a vontade de Deus serão recompensadas por isso; aquelas que se opuseram aos padrões divinos em sua vida aqui acabarão saindo de mãos vazias, salvas sim, porém “como pelo fogo”. Ou seja, tudo o que fizerem aqui acabará em cinzas.