Todos os salvos irão para o céu?

Não, nem todos os salvos irão para o céu. Existem diferentes grupos de salvos com diferentes promessas e expectativas. A Igreja é uma criação celestial de Deus com um destino celestial, enquanto o Israel redimido (e os gentios que serão abençoados juntamente com Israel no reino) é um povo terreno que possui uma porção e destino igualmente terrenos. Portanto, numa primeira etapa, os que sobreviverem à grande tribulação entrarão no reino terreno durante o Milênio e serão pessoas (judeus e gentios) convertidas como os israelitas e prosélitos que encontramos no Antigo Testamento.

Essas pessoas entrarão no reino milenial de Cristo na terra com os mesmos corpos que temos hoje, ou seja, não estarão ressuscitados ou transformados, não terão corpos glorificados, mas corpos naturais, apesar de viverem até idade avançada. Isaías 65:20 descreve esse tempo assim: “Nunca mais haverá nela uma criança que viva poucos dias, e um idoso que não complete os seus anos de idade; quem morrer aos cem anos ainda será jovem, e quem não chegar aos cem será maldito”. Portanto, ainda que o idoso passe dos cem anos, mesmo assim morrerá. Será um reino de justiça, mas no qual ainda haverá pecado, pois a cada manhã haverá juízo e serão mortos os que pecarem. “Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do Senhor todos os que praticam a iniquidade” (Sl 101:8). Será um reino de paz e felicidade, mas ao mesmo tempo de justiça contra o pecado.

Mesmo assim muitos (talvez principalmente os que nascerem nesse período) serão no final iludidos quando Satanás for solto por um breve tempo. Estes serão os que se revoltarão contra o Senhor no final e serão mortos. Satanás então será condenado ao lago de fogo e virá o grande trono branco de que fala Apocalipse para serem julgados e condenados todos os que desde Caim morreram na incredulidade. No juízo final, também conhecido como grande trono branco, ninguém sairá salvo, pois os que forem salvos já o terão sido antes desse evento.

“E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:11-15).

Então será inaugurado o “estado eterno”, onde haverá novos céus e nova terra, porém, a Bíblia não fala quase nada desse estado porque não entenderíamos por ser algo fora do tempo e da matéria. “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1). Na nova terra habitarão os que habitaram no reino milenial na terra, porém então já estarão com corpos glorificados. Enquanto isso, a Igreja que terá sido arrebatada antes do período de sete anos de tribulação que precede a vinda de Cristo para estabelecer o seu Reino, habitará nos novos céus. Creio que nesses “novos céus” estarão também várias outras classes de pessoas que morreram na fé e não faziam parte da Igreja. Você pode imaginar a multidão desses só de pensar nos abortivos, nas crianças mortas, nos que foram salvos e morreram antes de Cristo, etc.

Existem privilégios que pertencem a toda a família de Deus, que são de propriedade comum a todo o Seu povo, seja ele formado pela Igreja ou pelos santos do Antigo Testamento, do milênio etc. Todos estes possuem o novo nascimento, um lugar na família de Deus, comunhão com Deus etc. Os cristãos possuem estas coisas e muito mais. As bênçãos cristãs são de um caráter muito mais elevado e estão fundamentadas na redenção já consumada e na aceitação que o Senhor desfruta à destra de Deus. A posição que o Senhor Jesus ocupa à destra de Deus é indicada nas epístolas de Paulo pela expressão “Cristo Jesus”. Quando as Escrituras dizem “Jesus Cristo” estão se referindo ao Senhor descendo dos céus para fazer a vontade de Deus em cumprir a redenção por meio da morte; quando as Escrituras dizem “Cristo Jesus” elas estão se referindo a Ele ressuscitado e elevado às alturas à destra de Deus.

O que é maravilhoso na graça de Deus é que os cristãos são mencionados como estando “em Cristo Jesus” -- não “em Jesus Cristo”. Isto significa que nossas conexões com Ele não são como as que Ele tinha neste mundo com Israel, mas do modo como Ele está agora, como a Cabeça ressuscitada e ascendida da nova criação (2 Co 5:16-17). Estar “em Cristo” significa que ocupamos o mesmo lugar de aceitação que pertence a Cristo diante de Deus! A mesma medida de aceitação que Jesus desfruta à destra de Deus é a que nos pertence, pois permanecemos no lugar que pertence a Ele diante de Deus (1 Jo 4:17). Nós olhamos para o alto e vemos um Homem na glória com todo o favor de Deus colocado sobre ele, e sabemos que esse é também o nosso lugar. Que posição maravilhosa esta em que a graça soberana nos colocou!