Como lidar com a degradação da sociedade?
Você demonstrou preocupação com a degradação da sociedade, com o desmoronar dos costumes e a influência que isso tem nas gerações mais novas. Como criar nossos filhos num mundo onde sexo livre, aborto e homossexualismo são normais? Onde filmes, desenhos e brinquedos ficam cada vez mais sinistros com dragões, vampiros e demônios? Onde artistas e cantores adotam um estilo cada vez mais "dark" e satanista, influenciando as novas gerações? E o que pensar do avanço dos radicais islâmicos, que crucificam, degolam e queimam cristãos? Como criar nossos filhos em um mundo assim?
Oras, criando nossos filhos do mesmo modo como faziam nossos irmãos do primeiro século, vivendo numa cultura greco-romana hedonista na qual sexo livre, aborto e homossexualismo eram normais. Os cristãos de então não se sentiam nem um pouco incomodados pois sabiam que da janela de seus lares para fora existia uma coisa chamada "mundo" que nada tinha de cristão e nem tinha a obrigação de fingir ser. O próprio Senhor já havia ensinado que existia um imenso abismo entre os que eram seus e tudo aquilo que era do "mundo", que é todo o sistema de coisas das quais Satanás é o príncipe. Em sua oração de despedida Jesus disse:
"Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus... Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou... Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste... Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja” (Jo 17:9-26).
A confusão na cabeça dos cristãos sinceros começou quando o cristianismo virou religião oficial nos tempos do Imperador Constantino e os cristãos começaram a achar que o mundo lhes pertencia. Na época o cristianismo foi adaptado ao mundo pagão e o mundo pagão ao cristianismo, e ao invés de os cristãos evangelizarem visando resgatar pessoas do mundo para Cristo passaram a tentar dar ao mundo e seus habitantes uma aparência cristã, exigindo dos pagãos que vivessem como cristãos. Deu no que deu e hoje estranhamos quando os pagãos ao nosso redor, mesmo aqueles batizados numa religião cristã, teimam em se livrar do jugo religioso que receberam de cristãos sinceros e ingênuos. Será que não sabiam que "ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se"? (Mc 2:22).
Por incrível que possa parecer, o sentimento correto para o cristão hoje deve ser este: "O mundo que se dane”! Se você ficou surpreso com minha expressão é porque não percebeu que ela é apenas outra maneira de dizer que "o mundo jaz no maligno" (1 Jo 5:19). Se você tem feito orações por um mundo melhor saiba que está na contramão do que ensinou o Senhor, que disse: "Não rogo pelo mundo" (Jo 17:9). Ore por aqueles que são de Cristo neste mundo e para que os demais se convertam, mas não para que este mundo se transforme em um lugar tão maravilhoso que ninguém vá querer sair daqui para morar no céu.
Aos cristãos resta criarem seus filhos como fez a mãe de Moisés, sabendo que era inevitável lançá-lo no escuro rio da morte, como ordenava Faraó (o diabo) às parteiras dos hebreus e a todos os pais tementes ao Deus que habitavam no Egito (o mundo). Joquebede, mãe de Moisés, "concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que ele era formoso, escondeu-o três meses. Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos, e a revestiu com barro e betume; e, pondo nela o menino, a pós nos juncos à margem do rio. E sua irmã postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer” (Ex 2:2-4). O resto da história você já sabe: a filha de Faraó encontrou o cesto, percebeu que o bebê era hebreu e, abordada pela sempre vigilante irmã de Moisés, esta se dispôs a buscar uma mulher hebreia para criar a criança para a princesa egípcia. Foi assim que Joquebede não apenas pode criar seu filho como recebeu um salário para isso.
Repare que Joquebede não deixou de lançar seu filho no lugar de morte como havia sido ordenado, mas ela tomou alguns cuidados. Colocou-o num cesto revestido de barro e betume, ou seja, impermeável à influência mortal das águas do rio; colocou o cesto próximo à margem entre os juncos, evitando assim que a corrente o levasse para longe, e instruiu sua filha mais velha a permanecer vigilante. Assim deve ser uma mãe cristã quando envia um filho para a escola deste mundo para ser "instruído em toda a ciência dos egípcios" (Atos 7:22) como foi Moisés. Ela deve criar em seu filho uma camada protetora que venha a repelir as influências nefastas deste mundo. Isto não se consegue a não ser pelo ensino da Palavra, pela oração e dependência do Senhor.
Mas em virtude do volume de água suja que penetrou na cristandade, é preciso também permanecer longe das religiões, mesmo cristãs, que ensinam que devemos fazer deste mundo um lugar melhor para Cristo vir aqui reinar, tomando partido na política, na sociedade, nas leis e até nas guerras. Escrevo isto dos EUA, onde estou de passagem e onde vejo muitos cristãos sinceros preocupados com a deterioração dos costumes principalmente por este país ser poderoso e influente. Como barrar essa degradação dos costumes para resgatar a imagem de uma nação supostamente cristã? Não há como, porque essa imagem era tão genuína quanto um cenário de Hollywood, e todo cenário um dia desmorona.
Lembre-se de que para nossos irmãos do primeiro século, não havia maior influência sócio-política-econômica do que a do Império Romano, ou costumes mais libertinos do que os dos gregos. Mas para nossos irmãos de então estava muito claro que "as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus” (1 Co 10:20). O que está acontecendo agora neste país, que acabará influenciando também o resto do mundo ocidental, é que a fantasia cristã que as pessoas usavam ficou tão podre que começou a aparecer debaixo dela a roupa do Halloween, ora de bruxa, ora de zumbi, ora de demônio. Mas nada de extraordinário, porque essa roupa sempre esteve ali.