Somos todos macacos?
Achei de uma sabedoria ímpar a atitude espontânea do jogador Daniel Alves, quando um racista atirou uma banana e ele simplesmente a descascou e comeu. Ele esvaziou o ato do agressor numa espécie de golpe de judô, que se vale do impulso do adversário para fazê-lo cair.
Lembrei-me do que Jesus ensinou: “Não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas...” (Mt 5:39-45).
Mas logo depois daquela atitude espontânea, o famoso Neymar fez uma jogada ensaiada publicando no Twitter uma foto comendo banana ao lado de seu filho e acompanhada da hashtag #somostodosmacacos. Aquilo era uma estratégia planejada por sua agência de publicidade, que apenas aproveitou o momento para lançar uma campanha contra o racismo. As redes sociais não deixaram por menos, considerando de mau gosto a campanha e tão ou mais racista que o ato do ignóbil torcedor.
Depois de tentar dar uma no cravo no combate ao racismo, a agência deu uma na ferradura ao enviar um comunicado à imprensa defendendo-se:
“Colocado como foi, ironicamente, na situação (logo após a maravilhosa atitude do Daniel Alves), a hashtag, mais a imagem de Neymar com seu filho, não chama os negros de macacos, mas lembra ou alerta os brancos que somos todos iguais, vindos 'do mesmo macaco' Este é um fato científico provado e comprovado (salvo alguns fanáticos que ainda questionam Darwin), não uma opinião”.
Bom, acho que agora os cristãos criacionistas como eu precisarão de uma agência para desenvolver uma estratégia de marketing para evitar serem discriminados como fanáticos.
Mas a questão é: “Somos todos macacos”? Bem, se alguém se considera macaco eu só posso sentir o que sinto quando vejo alguém que acredita ser Napoleão Bonaparte. Sinto pena por ele viver uma ilusão. Eu tenho certeza de que macaco eu não sou. Sou um ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, pois ele me descreve assim:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:26-27).
Aí diz que o homem não foi criado como os outros animais, destinado apenas a comer, beber e procriar, mas como um ser moral e responsável para governar a terra e os animais. Deus fez o homem superior a todas as outras criaturas e com a capacidade, não apenas de pensar fora da caixa dos instintos naturais, mas de se comunicar com seu Criador. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2:7).
“Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome”! (Sl 8:1-9).
O Salmos fala dos céus que expressam a majestade de Deus, ou seja, aquilo que é infinito e que o homem não consegue compreender. Fala também das crianças que, em sua simplicidade, fazem calar os que se consideram sábios e discriminam quem crê na Palavra de Deus como os próprios discípulos de Jesus discriminaram os pequeninos e foram repreendidos por isso: “Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele” (Mt 10:14-15).
Obviamente o homem natural, em seu estado de pecador caído, jamais entenderá estas coisas e continuará tateando nas trevas de suas teorias, reputando de loucos e fanáticos os crentes. ”Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele” (1 Co 1:25-29).
O mesmo Salmos 8 fala de como o ser humano foi criado menor do que Deus, mas possuindo características que só são encontradas em Deus, como a razão e a moral, além de autoridade e responsabilidade para exercer domínio sobre todas as criaturas. Evidentemente com o pecado o homem perdeu muito da posição que ocupava, mas ainda que o ser humano caído seja capaz de perversidades jamais encontradas entre os animais, isto não muda o fato de ele ter sido criado por Deus como seu representante na terra.
Na perspectiva ampla do plano de Deus o homem foi criado como figura de seu Filho Eterno, o protótipo de uma nova criação que extrapola em muito a matéria e o tempo. O homem foi criado para habitar com Deus e em glória na eternidade. Se Deus não tivesse em alta conta o ser humano ele jamais teria enviado o seu Filho para vir em semelhança de homem. Em Cristo o homem extrapola a dignidade original com que foi criado, ao ser feito nova Criação. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criação é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17).
Ao lançar sua estratégia de marketing antirracismo, e depois tentar explicá-la, a agência acabou sendo tão ou mais discriminatória que o torcedor que atirou uma banana no jogador. Ela discriminou todos os que creem em um Deus Criador e fez isto demonstrando total ignorância científica. Embora nas mesas dos botequins citar Darwin seja considerado erudição, o que se desenvolveu a partir de seu livro “A Origem das Espécies” foi tão somente uma teoria, e toda teoria continua teórica até que seja colocada em prática. Porém, arvorando um conhecimento científico que nem a ciência possui, a agência de publicidade afirmou que, ser o homem uma versão 2.0 do macaco ”é um fato científico provado e comprovado”.
O interessante é que os homens preferem acreditar em uma teoria que os rebaixam ao status de um animal, a crerem em um Deus que os trata com a maior dignidade. Mas o cristão não deve perder de vista que, por trás do ser humano, existe uma “agência de publicidade” em plena atividade para fazer Deus e a sua Palavra serem desacreditados e, principalmente, recriar o homem à imagem do macaco. Qualquer um sabe que uma das melhores estratégias para se promover um candidato numa eleição é rebaixar o candidato adversário. Essa agência pertence a Satanás, o querubim que sempre desejou ser imagem e semelhança de Deus, mas odiou quando viu tal posição ser dada ao homem. A partir de então ele é “o diabo, vosso adversário” (1 Pe 5:8), e entenda que o sentido é muito mais amplo do que ele ser apenas adversário dos cristãos. O diabo é o adversário do homem, é o concorrente da oposição que sempre quis ter um lugar de supremacia sobre a Criação. É dele que Deus fala neste texto:
“Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura... Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas... Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti... Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor... E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Ez 28:12-17; Is 14:13-14).
Não é difícil imaginar a bronca que que o diabo tem contra os seres humanos quando vê a Cristo, o Filho de Deus, hoje exaltado nos céus, não como um anjo ou querubim, mas como um Homem de carne e ossos! A inveja e ódio do diabo são contra Cristo, mas como já não pode atingi-lo, então descarrega sua frustração no homem na tentativa de impedi-lo de chegar lá. ”Mas em certo lugar testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, E o constituíste sobre as obras de tuas mãos; todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2:6-9).
O que poucos percebem é que a estratégia de Satanás tem outro objetivo mais sutil e adota a abordagem indireta de destruir o senso moral e de responsabilidade do ser humano. O diabo tenta convencer o homem que ele não é um ser responsável por seus atos, mas que tudo o que faz é apenas resultado de seus instintos naturais e simiescos obtidos por processos evolutivos. Se não passamos de macacos, que culpa temos nós machos de sentirmos desejo de copular com tantas fêmeas quantas estiverem ao nosso alcance? Evolutivamente falando, se o nosso sêmen é de qualidade, o melhor é depositá-lo no maior número de fêmeas. Ou quiçá em outros machos, como os macacos fazem, não para procriar, mas por mera diversão.
Vivendo como animais e obedecendo apenas aos nossos instintos e hormônios, podemos deixar a consciência de lado e obedecer ao slogan muito usado nas campanhas de publicidade: “Você merece dar este presente a si mesmo”! É assim que nos tornamos cada vez mais obesos, indolentes, viciados e egocêntricos. Ou você não percebe isto na sociedade moderna?
Dentro do mesmo raciocínio irracional, que mal há em nos livrarmos de nossos macaquinhos ainda bebês ou dos macacões velhos e doentes, se são de uma linhagem ruim ou representam um estorvo à nossa evolução? Além disso, animais precisam garantir que seu território seja defendido, e quem é incapaz de se defender é descartável. Assim nada haveria de errado em promover guerras contra nossos semelhantes símios e exterminá-los, para que nosso clã e linhagem prevaleçam. Afinal, na teoria da evolução a sobrevivência é um direito dos mais fortes.
Nada de errado, portanto, em pensarmos e agirmos como macacos, em práticas como infidelidade, adultério, poligamia, homossexualismo, pedofilia, assassinatos, guerras, abortos, infanticídios, canibalismo, traições e tantos outros costumes simiescos. Alegar que não devemos praticar essas coisas porque evoluímos é conversa para macaco dormir, pois nossos bisavós continuam por aí, firmes, fortes e saltitantes pelos galhos das árvores. Aliás, do ponto de vista deles, são muito mais evoluídos do que nós humanos, já que vivem perfeitamente bem sem tantos apetrechos que nós humanos precisamos e em perfeita harmonia com o meio ambiente, algo que não conseguimos fazer.
Se não passamos de macacos, então não temos o direito de escravizar ou manter em cárcere privado nossos semelhantes, como fazemos nos zoológicos. Também precisaríamos eliminar as fazendas onde é promovido o trabalho escravo que obriga bovinos, ovinos e equinos a trabalham duro apenas em troca de alimento. O que pensar nos laboratórios de mutações e instalações de extermínio que criamos, as quais fariam de Josef Mengele e Adolf Hitler meros aprendizes de feiticeiro? Nelas torturamos, matamos, trituramos e cozinhamos nossos semelhantes suínos para transformá-los em salsicha.
Talvez um evolucionista corra se defender dizendo que o nível que atingimos na evolução nos dá o direito de subjugar os animais menos evoluídos para fazer valer a lei do mais forte. Mas por acaso não foi nesta posição de domínio (não de crueldade) que Deus colocou o homem desde o princípio? “Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares” (Sl 8:6-8).
Macacos me mordam se eu estiver errado ao afirmar que, se não passamos de animais, não existe vida eterna. Nunca teríamos sido criados por Deus, nunca teríamos recebido o sopro Divino e a capacidade de nos comunicarmos com o Criador, e nossa triste existência terminaria com a morte. Sem moral, sem responsabilidade, sem juízo, sem ressurreição, sem vida eterna -- o melhor seria fazer como Paulo escreveu em tom de sarcasmo, após mencionar que em Éfeso havia lutado contra animais: “Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (1 Co 15:32). Ao argumentar contra os que defendem um homem-macaco que nem é Tarzan, seria errado este meu sentimento de estar lutando contra bestas? Não fui eu quem disse que os evolucionistas são animais; são eles que insistem ser.
Para terminar, deixo uma prima pulga para abrigar-se atrás da orelha dos evolucionistas: Se a evolução é um fato, em que estágio dela deveríamos estar para ter absoluta certeza de nossa origem e destino? Sim, pois se nosso cérebro continua evoluindo, o que nos garante que ele teria já evoluído o bastante para tirar conclusões corretas? Seria suficiente estarmos no século 21 ou o mais prudente seria aguardamos mais alguns milhões de anos antes de afirmar que “somos todos macacos”? Digo isto porque lá na frente poderemos olhar para as teorias atuais do mesmo modo como olhamos velhas fotos e nos envergonhamos, dizendo: “Nossa! Veja minha roupa, que ridícula! Eu acreditava estar na última moda”! O mais provável é que lá na frente diremos: “Nossa! Veja aquela teoria, que ridícula! E eu acreditava que aquilo era ciência”!
Não quero brigar com os evolucionistas, mas rogo a Deus para que possa levá-los a crer em Jesus e nos encontrarmos na eternidade com Cristo nos céus. Espero que você não esteja entre os que dizem ser Napoleão ou um macaco.