Não existe uma doutrina perfeita?
Você escreve que “não há mesmo uma doutrina tida como correta, perfeita, etc., e acho que isso é uma regra deixada de propósito pelo próprio Deus que, na sua infinita sabedoria, já previa que essas coisas [as diferentes religiões com suas diferentes doutrinas] aconteceriam”. Discordo de você. Deus jamais deixaria o homem sem recursos para adorar em espírito e em verdade. A sã doutrina é claramente ensinada nas epístolas (não ainda no Antigo Testamento, quando a igreja ainda não havia sido formada) e a confusão que os homens fazem nada tem a ver com Deus.
Esse modo de pensar é o mesmo que insinuar que o Espírito Santo estava de gozação, quando disse por intermédio de Paulo a Tito: “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes... Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina” (Tt 1:9; 2:1).
Deus nos deixou a “sã doutrina”, porém a confusão que se espalhou pela cristandade é fruto da falta de fé do homem em crer no que Deus disse e o cumprimento do que foi dito aqui: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências” (2 Tm 4:3).
Você conclui que Deus teria deixado o homem no escuro, sem uma doutrina certa e viável, para que “ninguém venha a se gloriar de si mesmo nem tampouco de sua denominação”. Isto soa estranho, pois Deus não criou nenhuma denominação e todas elas são, portanto, fruto da desobediência do homem. Por mais cristãos sinceros e verdadeiros que existam nelas, nenhuma foi autorizada por Deus. Ao contrário, a Palavra nos exorta a não fazermos divisão entre irmãos (o que é exatamente o que uma denominação faz, inclusive identificando-os por diferentes nomes).
Você continua dizendo que acredita que eu mesmo não esteja totalmente livre de cometer um ou outro erro, excesso, omissão ou mesmo má interpretação de alguma passagem das Sagradas Escriturar, por eu também ser humano e passível de erros, como qualquer outro. Evidentemente, mas o fato de eu ser passível de erros não é desculpa para distorcer ou me afastar daquilo que Deus ensina em sua Palavra. Se não entendo ou enxergo algo, devo ficar submisso ao Espírito Santo e à Palavra até que Deus me dê entendimento.
Mas certas coisas são evidentes demais na doutrina dos apóstolos, quando as comparamos com os sistemas que os homens criaram. A falha do homem não compromete jamais o fato de que Deus nos deixou tudo o que precisávamos para obedecê-lo, “visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude” (2 Pe 1:3). Se usarmos o mesmo raciocínio que você usou poderíamos pecar à vontade, pois se Deus sabia que iríamos pecar, então já não é mais uma responsabilidade nossa, e acabamos dividindo a culpa com Deus.