Por que a mulher é “vaso mais fraco”?
Sua dúvida está em 1 Pedro3:7, onde a mulher é identificada como um “vaso mais fraco”: “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações”.
Esta não é uma verdade muito popular em nossos dias, quando se fala tanto em igualdade entre os gêneros, mas se bandidos tentarem invadir um lar a imagem que me vem à cabeça é a do marido se preparando para lutar contra eles e a esposa levando as crianças para o quarto. Como o homem tem uma constituição física mais robusta, é esperado que seja ele a primeira linha de defesa de enfrentamento, ficando a mulher com um papel mais de proteção da prole. Além disso, raramente se ouve falar de mulheres “bandidas” tentando invadir uma casa.
As mulheres que são rápidas em protestar contra a designação de “vaso mais fraco” que lhes é atribuída na passagem geralmente perdem de vista a ordem dada ao marido para que dê “honra à mulher”. Também perdem de vista o fato de que a passagem fala de uma posição de igualdade perante Deus, já que ambos são “coerdeiros da graça da vida”. Portanto temos duas coisas aqui: a mulher em sua condição no mundo e na criação, obviamente mais frágil em sua constituição física e emocional, e a mulher em sua posição em Cristo como coerdeira juntamente com seu marido da graça da vida.
A incapacidade de alguns entenderem quando a Bíblia fala da condição e quando fala da posição é que faz tantos acharem que a Palavra de Deus seja machista, que priorize os homens em detrimento das mulheres e coisas assim. Na verdade, o problema todo está na ignorância de quem não entende o texto divino e tampouco observa que existem distinções na ordem dada à criação, porém igualdade na posição em que cada um é colocado em Cristo como nova criação.
Em suma, a Bíblia nunca diz que a mulher é inferior ao homem, mas mostra que ela é diferente física e emocionalmente, além de Deus ter reservado a ela um lugar diferente do homem na esfera da criação. Do mesmo modo como temos pessoas acima ou abaixo de nós na vida, na escola, no trabalho e na sociedade em geral por uma questão de ordem, não de qualidade.
Mas quando o assunto são as coisas de Deus, não é preciso muito para se observar que as mulheres costumam ser mais devotadas a Cristo do que os homens. Não era pequeno o número de mulheres que seguia a Jesus e foi a mulheres que ele deu o privilégio de serem as primeiras a anunciarem sua ressurreição. O trabalho delas é mencionado ao longo de toda a Bíblia, inclusive em situações quando os homens que deviam tomar a dianteira se acovardaram, como fez Baraque, que não quis enfrentar o inimigo a menos que uma mulher, Débora, fosse com ele.
O diálogo entre Baraque, que devia ser o comandante, e Débora, que ocupava a posição de Juíza numa época de fraqueza e abandono por parte dos homens, revela que Baraque perdeu a “honra da jornada” por não assumir o papel que devia ter sido dele: “Então lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei. E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra da jornada que empreenderes; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com Baraque para Quedes” (Jz 4:8-9). No final Deus usaria também uma mulher, Jael, para matar o inimigo Sísera, comandante do exército cananeu (Jz 4:21).
Voltando ao trecho de 1 Pedro3:7, o texto faz parte da exortação dada ao marido de honrar sua esposa e reconhecer sua fragilidade em alguns aspectos ligados à sua natureza humana. No entanto, assim como acontece com um cordão, ambos são necessários para um matrimônio resistente e feliz, desde que um terceiro fio, o Senhor, faça parte do lar. Este é o princípio que aprendemos desta passagem de Eclesiastes que, embora esteja falando de duas pessoas, aponta claramente para uma terceira Pessoa (o Senhor, a terceira “dobra” da corda) em sua conclusão.
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa” (Ec 4:9-12).
William MacDonald sugere que para existir paz no lar é importante que marido e esposa observem algumas regras básicas:
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13:1-7).
Uma boa ideia seria ter esta lista de qualidades em mente quando surgir alguma discussão em casa ou em muitas outras situações da vida, e perguntar a si mesmo:
“Estou sendo paciente e benigno ou estou agindo por ciúmes, vaidade ou soberba? Será que estou sendo inconveniente, buscando meus interesses, me exasperando, guardando rancor, ficando feliz por ele (a) se dar mal? Ou me regozijo com a verdade, sofro tudo, creio, espero e suporto”?