Você se acha o dono da verdade?

Sua pergunta é importante, porque expressa o que muitas pessoas pensam, mas não têm coragem de perguntar. Depois de visitar este blog você escreveu que “ O próprio papel de ser o que tem as respostas para as dúvidas sobre o assunto, ao ponto de criar um blog para tal, evidencia a pretensão”.

Sinto que meu blog tenha causado uma má impressão em você. Ele não foi criado para me apresentar como dono da verdade ou aquele que tem todas as respostas, mas apenas para ser depositário de um arquivo enorme de correspondências pessoais que achei que poderiam ajudar algumas pessoas que tivessem as mesmas dúvidas daquelas que um dia me procuraram.

Eu explico isso no próprio blog (coluna da direita)...

“ O conteúdo deste blog é formado por respostas a cartas, e-mails e perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem ou não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas não são de alguma correspondência em particular, mas foram construídas a partir da reunião de muitas dúvidas que o autor recebeu ou detectou entre seus correspondentes... O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende que as pessoas devem ser respeitadas, independente de suas crenças, ideias ou preferências”.

Portanto, entenda que este livro traz o conteúdo do blog "O que respondi", uma coleção de centenas de cartas e e-mails enviados a correspondentes desde 1988 (sou convertido a Cristo desde 1978). Eu podia simplesmente largar tudo numa pasta ou em disquetes perdidos numa gaveta (como efetivamente ficou por anos na era pré-Internet), ou podia compartilhar com o mundo na tentativa de algumas respostas serem úteis a alguém. Decidi fazer isso, mesmo correndo o risco de receber críticas como a sua.

No momento em que a primeira edição deste livro era publicada o blog de mesmo nome recebia em média 120 mil consultas por mês ou cerca de quatro mil por dia, e as cinco perguntas mais acessadas até então eram, nesta ordem:

1. Quais foram os pecados de Sodoma e Gomorra?

2. O que a Bíblia diz sobre o homossexualismo e o homossexual?

3. A Bíblia proíbe a mulher de cortar o cabelo?

4. Como é o jejum que a Bíblia ensina?

5. A Bíblia condena o sexo antes do casamento?

Ao verificar o que as pessoas estavam lendo naquele momento vi que alguém estava na página “Cometer suicídio não seria uma solução?”. Curiosamente esta página recebe um grande número de visitas. Essa pessoa deve ter chegado ali via busca, por curiosidade ou necessidade real. Como pode ver, o blog não tem por objetivo criticar essa ou aquela denominação religiosa, mas esclarecer dúvidas (às vezes vitais) das pessoas.

Você escreve que eu me comporto “ como uma espécie de dono da verdade, de oráculo, apesar de escrever o contrário, inclusive ao dizer para a pessoa que perguntou que ela não deve se deixar guiar como se você fosse a única luz. Não creio que isso o isente da prepotência após um longo e excelente texto argumentativo onde você defende o que “você” acha que é certo, que é melhor, que é verdade” .

Isso é inevitável. Sempre que alguém adota uma posição, torna-se excludente. Se você é cristã, o simples fato de professar sua fé já exclui todos aqueles que pensam de modo diferente. E mesmo que você seja daquelas pessoas que querem passar uma imagem de neutralidade, de politicamente correta, que acreditam que todas as crenças são válidas, isso também é uma posição que exclui aqueles que acreditam que apenas uma crença pode ser a verdadeira. E esta é uma posição ainda pior e mais orgulhosa, por arvorar conhecer todas as crenças a ponto de poder fazer tal afirmação.

Ao dizer que não ia ler minhas outras respostas, com base na ideia que você concebeu a meu respeito (preconceito?), você adotou uma posição que exclui centenas de pessoas que consideram meu blog uma opção viável para suas dúvidas, quer elas concordem ou não com as respostas. Recebo mensagens de pessoas que afirmam discordar de várias opiniões que viram ali, mas que acham ótimo existir o blog para pesquisa.

Não há como fugir do fato de sermos excludentes ao adotarmos uma opinião. Acho até melhor você ter uma posição assim do que não ter nenhuma. Pessoas mornas, que não dizem sim, nem não, muito pelo contrário, são aquelas que Deus abomina. Portanto, saiba que adoro quando alguém me contesta, pois me faz repensar tudo e às vezes sou obrigado a mudar de ideia. Felizmente o que escrevemos na Web pode ser editado e corrigido sempre que aprendemos algo novo.

Não entendi quando disse que suspeitou de mim quando viu a palavra “marketing” em meu currículo profissional. Você considera errado eu ser um “fabricante de tendas” que fala de Jesus e não um teólogo ou clérigo? Você teria dado maior credibilidade ao blog se ele fosse assinado por alguém com o título de Reverendo, Pastor, Missionário, Apóstolo, Profeta...? na atual confusão em que mergulhou a cristandade, com tantos mercadores da fé dominando a rádio e TV, saiba que são esses que me causam arrepios.

Quanto à minha atuação profissional, talvez você tenha uma ideia equivocada do que seja marketing. Será que pensa que marketing é sinônimo de propaganda? Ou pior, de picaretagem? Saiba que o carro que você dirige começou em um projeto de marketing para detectar, analisar e definir as necessidades e desejos de um determinado público, e produzir algo à altura disso, gerando valor para o comprador e lucro para a empresa.

Foram as pesquisas do departamento de marketing que passaram para o design as informações de preferências de cores e estilos, e para a engenharia as principais exigências de segurança buscadas pelos clientes. Foi o marketing que analisou tudo o que a concorrência fazia para fazer melhor, e foi o marketing que determinou o melhor preço, a melhor forma de distribuição, os melhores canais de comunicação, as melhores formas de pagamento etc. Sugiro fazer uma busca pela palavra “marketing” na Wikipedia para conhecer um pouco mais sobre o assunto.