O que você acha de políticos cristãos?
Eu, como cristão, não devo me envolver em política, pois é assim que vejo que o Senhor fez, deixando bem clara a separação entre as coisas de César e as coisas de Deus.
(Fp 3:20) “ Mas a nossa cidade (ou cidadania) está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.
Porém sua pergunta foi mais específica, ou seja, se um cristão pode se candidatar a algum cargo político. Entendo que não, porém ao mesmo tempo não posso julgar um cristão que esteja na política, pois não sei quais são os planos que Deus tem para ele. O político cristão não é meu servo, mas de Deus, portanto este é um assunto pessoal entre ele e Deus. Certamente Deus tem pessoas atuando em política e sendo usadas por ele. Nos evangelhos vemos o caso de José de Arimateia, que forneceu o túmulo novo para o Senhor ser sepultado.
(Mc 15:43) “ ...chegou José de Arimateia, senador honrado , que também esperava o Reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. E Pilatos se admirou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José, o qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha, e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro”.
É claro que isto foi antes da formação da Igreja e nisso também é importante entender a diferença entre Israel (que tinha um lugar aqui neste mundo) e a Igreja (que não tem lugar aqui). Quando você lê o Antigo Testamento encontra política em todo lugar, pois Israel foi um povo para o qual Deus determinou um lugar neste mundo. Não era apenas uma religião, mas todo um conjunto de coisas que incluía o governo. Em Israel dos tempos bíblicos vemos religião e governo como uma coisa só por se tratar de uma teocracia, mas não é assim na Igreja. No Antigo Testamento vemos os reis e o seu papel, não só nas questões de fé do povo, mas principalmente nas questões de governo, como guerras e coisas afins. Nada disso você encontra a partir de Atos dos Apóstolos, e nas epístolas não há qualquer instrução de como um “político cristão” deveria se comportar ou cumprir algum papel nos destinos deste mundo. Ao contrário, não temos aqui cidade e nem cidadania permanente.
Portanto, no que diz respeito ao cristão se envolver diretamente na política, assumindo um cargo, fazendo campanha etc., entendo não ser esta a vontade de Deus. Deus não quer que o cristão se coloque em jugo desigual com os incrédulos ou infiéis, o que é exatamente o que um político faz ao se filiar a um partido. Ele é obrigado a acatar as decisões do partido, nem todas corretas ou segundo os pensamentos de Deus. Ele também precisará fazer alianças com incrédulos e até inimigos da cruz de Cristo se quiser se eleger. Você imaginaria um político criticando doutrinas e costumes contrários à Bíblia, como a reencarnação do espiritismo ou a idolatria do catolicismo? Ele certamente não seria eleito.
“ Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo . Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17:14-18).
Um cristão político está mais ou menos na mesma condição de um cristão que decida se casar com uma pessoa incrédula. Embora esteja fazendo algo lícito (casamento e política são coisas lícitas), está fazendo algo que não convém e certamente irá sofrer as consequências disso.
(2 Co 6:14-18) “ Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis ; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos , diz o Senhor”.
O papel do cristão é sim interferir na política, porém de joelhos, orando pelos governantes, para que Deus lhes dê sabedoria. Onde você acredita que um cristão pode ser mais influente, na presença de Deus ou num palanque? Sabemos que toda autoridade procede de Deus, portanto os governantes estão ali também pela vontade de Deus. A Palavra de Deus chega até a chamar as autoridades constituídas como “ministros de Deus”, sejam elas crentes ou não.
(Rm 13:1-6) “ Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus . Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus , atendendo sempre a isto mesmo”.
Eu creio que, para um cristão, almejar um cargo político é não entender seu real papel neste mundo. O Senhor não interferiu (diretamente) na política de seu tempo, todavia sua influência foi muito além, foi universal. Muitos cristãos que passaram por este mundo atuando na posição que Deus lhes colocou (como pregadores do evangelho, por exemplo) tiveram uma influência muito maior do que muitos que tentaram fazer o mesmo atuando diretamente na política.