Como lidar com contradições na Bíblia?

O caminho mais seguro é sempre partir do princípio de que estamos diante da Palavra de Deus, portanto sem contradições. Quando elas parecem existir devo sempre perguntar se o problema não está na tradução que estou utilizando ou em minha compreensão.

É necessário também entender que quando Deus diz alguma coisa em sua Palavra, o importante é o que ele está querendo e não exatamente os detalhes. Por exemplo, Deus não diz que fruta foi aquela que Adão e Eva comeram, mas os homens acabaram inventando que tinha sido uma maçã. Se Deus não disse qual era a fruta é porque isso não tinha importância alguma na mensagem que ele queria nos passar.

No caso que citou, podemos aplicar outro princípio que é o da complementação. Às vezes uma passagem diz uma coisa e outra parece dizer outra, mas o que ocorre é uma complementação. Lendo as duas passagens (Mt 20:21 e Marcos 10:35) podemos deduzir que a pergunta não era só da mãe de Tiago e João, mas dos três. Em Mateus é a mãe quem aparece perguntando e em Marcos são os dois, o que parece indicar que os três fizeram a pergunta, cada um do seu jeito.

Veja que interessantes estas passagens:

(Atos 9:3) “ E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu ” .

(Atos 22:6) “ Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu ” .

(Atos 26:13) “ ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol , cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo”.

Quando o escritor (Lucas) do livro de Atos relata o encontro de Saulo com o Senhor, ele fala de “um resplendor de luz do céu”. Quando Paulo conta a mesma história da primeira vez ele diz “uma grande luz do céu”. Na segunda vez, ele diz “uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol”. A impressão que dá é que a luz vai ficando cada vez mais brilhante à medida que Paulo ganhava uma maior percepção de quem era o Senhor e da importância do que tinha acontecido a ele no caminho para Damasco.

Portanto, ao ler a Bíblia é preciso estar em sujeição ao Espírito Santo de Deus para entender onde está o foco de uma passagem e o que Deus quer nos ensinar por intermédio dela. A Bíblia não pode ser lida como um livro de ciências, pois seu foco não está nas coisas, pessoas e eventos deste mundo, mas em Cristo. Apenas quando as coisas, pessoas e os eventos têm alguma relação com Cristo, diretamente ou em figura, é que elas são trazidas à tona. Aquilo que não tem nada a ver com Cristo ou com a mensagem que Deus quer nos passar a respeito dele não está nas páginas das Escrituras.