Um crente que se suicida perde a salvação?
Você disse que sua amiga era crente e se suicidou, daí a dúvida do que pode ter acontecido com ela após a morte.
Antes de mais nada é importante lembrar que uma pessoa que tem a vida eterna nunca a perderá, ou não seria eterna. É uma dádiva de Deus, não uma conquista nossa. E as dádivas e a vocação de Deus são irrevogáveis (ele não tira). E nós não conseguimos perde-la, caso contrário seriamos mais fortes que Deus, de cuja mão ninguém consegue arrebatar uma ovelha.
Todavia o conceito do que é “um crente” ou uma pessoa que crê no Senhor Jesus está alterado. Hoje qualquer um que se filia a uma igreja é considerado crente. Basta levantar a mão ou ir à frente, dar o nome, fazer uma profissão de fé ou ser batizado, dependendo do lugar. Mas o conceito bíblico continua inalterado: Se alguém não nascer da água (a Palavra de Deus) e do Espírito (Santo) não terá vida eterna.
Não sei se sua amiga creu realmente ou se era apenas membro de alguma denominação evangélica, e não sei quanto tempo levou para ela morrer e nem o que se passou entre ela e Deus nesse momento. A Bíblia não fala de suicídio, mas fala de homicídio, o que é a mesma coisa.
Lembro-me do caso de um irmão jovem que foi procurar um idoso e perguntou se um crente que se suicidasse perderia a salvação. A resposta do idoso foi 1 João 3:15: “ Nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” Por três vezes o jovem perguntou e o idoso não disse nada além do versículo, deixando o jovem até irritado. Não usou de argumentos, de lógica, de raciocínio, apenas da Palavra de Deus.
Anos depois o jovem encontrou o ancião e confessou: “Lembra-se daquela ocasião quando perguntei isso e aquilo? Eu ia me suicidar. Qualquer explicação sua eu teria discordado, mas não conseguia deixar de ter o versículo ecoando em minha consciência”.
Portanto, o melhor mesmo é você deixar o caso de sua amiga com Deus. Ele sabe onde ela está; nem eu nem você sabemos o que aconteceu nos seus últimos segundos de vida. Mas tenhamos firmes para nós mesmos “ que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele”.
Quando o assunto é suicídio, é sempre bom lembrar o exemplo de Jó Ele perdeu tudo o que tinha e, como se isso não bastasse, foi acometido de uma terrível enfermidade que o fazia sofrer terrivelmente, enquanto raspava as feridas de sua pele com um caco de cerâmica.
(Jó 2:8-10) “ E Jó tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza. Então, sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre . Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu ; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”.
A princípio sua mulher sugere que ele morra, provavelmente pensando que ele devia tirar a própria vida, mas ele refuta tal ideia. Mesmo assim, será que em algum momento Jó desejou morrer? Sim.
(Jó 14:13) “ Tomara que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se desviasse, e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!”.
Muitos profetas e santos do Antigo e Novo Testamento desejaram a morte e alguns chegam a pedir isso a Deus. Mas a grande diferença é que nenhum deles falou em se matar, pois sabiam que só Deus tem direito sobre a vida.