Como desenvolver o fruto do Espirito?
(Gl 5:22) “ Mas o fruto do espírito é: caridade , (Gr. ágapéi: amor divino em ação) gozo (alegria, satisfação), paz , longanimidade (paciência, tolerância), benignidade (gentileza, consideração), bondade (desejo de ajudar), fé (fidelidade), mansidão (brandura), temperança (domínio próprio)”. Os acréscimos entre parêntese são de termos encontrados em diferentes traduções da Bíblia.
O fruto do espírito é o caráter do cristão revelado em suas múltiplas facetas. Não se trata de “frutos do Espírito”, no plural, mas do “fruto do Espírito”, no singular . Esse singular pode tanto dar a ideia de totalidade, como usamos em expressões como “o fruto do meu trabalho”, e também de algo coeso e integral, como uma fruta que é formada por casca, polpa, sementes, fibras, vitaminas, etc. Mesmo assim é uma fruta que tem todas essas coisas se desenvolvendo de forma harmoniosa e simultânea.
Quando um cristão é paciente, mas que não demonstra amor ou temperança, essa paciência pode não ser fruto do Espírito, mas apenas um traço natural de sua personalidade. Você encontra incrédulos ou ateus que podem possuir essas qualidades individuais muito mais acentuadas do que muitos cristãos, mesmo assim são apenas qualidades naturais de caráter, e não o fruto do Espírito.
Um exemplo da multiplicidade de característica de um fruto é o vinho e a descrição que um degustador especializado é capaz de fazer de suas múltiplas qualidades, apesar de ter sido produzido de uma fruta comum, a uva. Se olharmos deste ponto de vista, o fruto do Espírito é o sabor e a fragrância que os outros podem notar no crente.
Para que seja o fruto do Espírito, todas essas características precisam se desenvolver simultaneamente e em conjunto, e não individualmente. Uma fruta, cuja semente ou casca se desenvolvesse mais do que as outras partes, seria uma aberração e acabaria não passando em um teste de qualidade. Quem diz que ama a Deus e odeia a seu irmão não está falando do amor que é fruto do Espírito.
O Senhor Jesus é o exemplo perfeito de um Homem no qual podiam ser encontradas essas múltiplas facetas do fruto do Espírito:
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Amor: Ninguém teve maior amor do que o demonstrado na cruz.
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Gozo: Ninguém jamais teve maior gozo ou alegria em fazer a vontade do Pai.
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Paz: Você se lembra de como ele dormia no barco enquanto a tempestade rugia?
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Longanimidade: Lembra quem disse “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”?
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Benignidade: Quem foi que pediu que deixassem as criancinhas irem a ele, e que disse a todos “Vinde a mim”?
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Bondade: Jesus é o próprio samaritano da parábola que ele mesmo contou.
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Fé, no sentido de fidelidade: Jesus jamais falhou em atender as expectativas, tanto do Pai como dos que vão a ele.
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Mansidão: Ninguém é mais manso e humilde do que aquele que lavou os pés de seus discípulos.
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Temperança: O Senhor manteve total controle de si mesmo e submissão ao Pai diante das tentações no deserto. Procure enxergar o fruto do Espírito como os atributos de Cristo em nós que são produzidos pelo Espírito de Deus. Outro exercício interessante é tentar associar essas qualidades com as que encontramos relacionadas ao amor em 1 Coríntios 13:4-8.
As obras da carne, que afetam diretamente sua manifestação, são relacionadas nos versículos anteriores, como “ adultério , prostituição (fornicação, imoralidade), impureza , lascívia (luxúria, libertinagem, indecência), idolatria , feitiçarias (bruxaria, superstição), inimizades (ódio), porfias (pleitos, litígios, brigas, rivalidades), emulações (ciúmes), iras (acessos de raiva), pelejas (rivalidades), dissensões (disputas, discórdias, sedições, divisões), heresias (facções, partidos), invejas , homicídios , bebedices , glutonarias e coisas semelhantes ” (Gl 5:19-21).
Antes que você considere isso uma lista fechada, não se esqueça das “ coisas semelhantes” .
Na passagem “o fruto do Espírito” é apresentado em contraste com as “obras da carne”. Obras são coisas produzidas pela energia humana e pela vontade própria, enquanto um fruto é produzido pelo ramo que recebe sua seiva do tronco. A diferença entre uma obra e um fruto é tão grande quanto a diferença entre uma fruta de plástico produzida em uma fábrica e uma fruta cultivada em um pomar. Por maior que seja a semelhança exterior de uma fruta artificial com a verdadeira, ela continua sendo uma obra morta, como são as tentativas do homem religioso de transformar seu caráter pela obediência à Lei de Moisés, que é o contraste que o contexto apresenta aqui.
Neste sentido podemos entender que as obras da carne podem tanto ser as coisas daninhas, que impedem que o fruto do Espírito se manifeste, como também nossos esforços em criarmos um fruto artificial, uma mera aparência da obra do Espírito em nossa vida. Ódio, mau humor, inquietude, intolerância, rejeição, indiferença para com os que sofrem, infidelidade, falta de humildade e de controle próprio são apenas alguns dos traços que se contrapõem ao fruto do Espírito.
(Gl 5:16) “ Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”.
O fruto do Espírito é cultivado por meio de uma atitude, ou “andar em Espírito”, enquanto as obras da carne vêm por meio de uma concessão: dar lugar à carne para que ela se manifeste. É por isso que precisamos beber constantemente da água pura da Palavra de Deus, para que esse fruto do Espírito seja cada vez mais manifesto em nós. Lembre-se de que a fruta artificial precisa de trabalho para ser produzido, mas a verdadeira cresce em função de sua ligação com a fonte da seiva que a alimenta. Quanto maior essa ligação, maior e mais saudável a fruta. Quanto mais essa conexão com o tronco estiver estrangulada por outras coisas, menor e menos evidente é a fruta.
Se o fruto estiver incerto quanto à sua conexão com o tronco, ele não crescerá. A certeza da salvação eterna e da fidelidade de Deus nos salvando em graça é essencial para que a seiva corra livremente. O fruto do Espírito não pode ser fabricado com nossos esforços. É só a vida de Cristo que pode produzir este fruto.