Você é convidado para falar em igrejas e programas de TV?

Sou, mas não vou. É comum eu receber pedidos de “orçamento” para pregar em “igrejas” (os que me consultam acham isso normal, pois muitos pregadores por aí cobram cachê). Procuro sempre explicar que não falo em instituições religiosas ou em eventos organizados por elas.

A mesma coisa vale para a mídia religiosa. Não dou entrevistas para sites, jornais, revistas, rádios e TVs de organizações religiosas. Às vezes algum site religioso pega alguma frase minha em meu site e introduz em suas matérias como se tivesse me entrevistado. Uma revista fez isso em uma matéria sobre “dança na igreja” e me colocou como “pastor Mario Persona”.

Algumas igrejas querem me contratar para dar palestras de carreira profissional a jovens ou de marketing a grupos de empresários, e recuso também. O único caso foi quando uma agência de palestrantes fechou uma palestra sobre um tema profissional com uma organização e só depois vim a saber que a organização (que se apresentou com uma sigla) pertencia a uma denominação religiosa. Aí eu não podia voltar atrás porque a agência já tinha fechado o evento.

Há ainda empresas seculares que querem me contratar para fazer palestras de “espiritualidade na empresa”, um tema da moda, mas também recuso. Obviamente eu perco dinheiro em tudo isso, mas dinheiro não é tudo.

Quanto ao programa de TV que você mencionou, eu precisaria orar a respeito caso fosse convidado para falar sobre algum tema profissional, mas certamente não iria se fosse para falar de minha fé, porque não é o lugar adequado para isso. Em programas assim o que dá audiência é o inusitado, e particularmente no programa que você mencionou o apresentador costuma explorar o lado cômico de tudo. Eu me sentiria mal se ele desviasse o assunto dos temas profissionais para brincar com as coisas relacionadas à minha fé.

Já participei de programas de TV cujos apresentadores são sérios e um canal esteve na minha casa gravando cenas para uma matéria sobre adoção de portadores de deficiência (infelizmente não foi ao ar porque naquela semana estourou o caso do mensalão e todos os canais só se ocuparam com isso). Também participei de outro programa voltado para mulheres para falar de adoção. Costumo dar regularmente entrevistas de temas relacionados a carreira e negócios em sites, jornais, revistas e emissoras de rádio e TV. Mas em nenhum destes casos o assunto é o evangelho.

Posso dizer que é maior o número de convites de programas de TV que recusei do que os que efetivamente aceitei participar. As razões foram várias: ou o programa era religioso, ou pertencia a uma organização religiosa, ou tinha um cunho sensacionalista ou simplesmente porque precisaria viajar a São Paulo para gravar e o programa não iria trazer qualquer benefício ao meu trabalho.

Participar de programas de rádio ou TV para falar da fé é complicado, pois na maioria das vezes esses programas buscam criar sensacionalismo. Pode acontecer de o convite vir dizendo que você vai participar de uma entrevista e você chega lá e descobre que vai ser um debate entre você, um padre, um parapsicólogo, um pai de santo e um ateu. Dependendo do programa o apresentador pode armar um barraco entre os participantes (sabe aquela do “se não sangrar não dá audiência”?), ou tentar nivelar por baixo para mostrar que é tudo a mesma coisa. Já pensou que furada?

Uma coisa é certa: quando você participa de algo que não está sob o seu controle pode ser um desastre. Então o melhor mesmo é ficar longe disso tudo quando o assunto é fé. Felizmente a Internet permitiu que qualquer um fosse sua própria emissora.