Será que minha conversão foi real?

Você está preocupada porque todos dizem que sentem isso e aquilo, que têm visões, que conseguem coisas, e você vive uma vida cristã sem pirotecnia. Posso dizer algo com sinceridade? É melhor que seja assim.

É bom encontrar cristãos normais de vez em quando. Tem tanta gente por aí que diz passear nas nuvens, que quando encontro pessoas que não têm visões, não sentem a terra tremer e nem receberam uma revelação especial de Deus, eu me lembro das palavras do Senhor: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20:29).

Essa confusão toda em busca de sinais e maravilhas nada mais é do que a carne querendo ter algo de fantástico para poder contar. Aí muita gente acaba inventando e acreditando em suas invenções. Há conversões mais ou menos dramáticas, mas não é o grau de dramaticidade que diz se uma conversão foi genuína ou não. O sinal do cristão é que ele ama o Senhor e abomina o pecado.

Muito do cristianismo que você vê por aí hoje não passa de um caldeirão de emoções. Tire a banda, tire as luzes, tire o teatro, tire aquele pregador carismático, tire as danças e não sobra muita coisa. Logo após minha conversão fui convidado para um culto cristão onde houve uma pane nos equipamentos eletrônicos e o culto praticamente acabou, como se dependêssemos de equipamentos para adorar!

O cristão se contenta com Cristo, e aí está a maravilha do evangelho. Se você ficar olhando para si mesma, para seus sentimentos e temores, serão os seus sentimentos e temores que estarão desviando o seu olhar de Cristo. Serão as coisas visíveis, o seu foco.

Assim como cada pessoa tem uma impressão digital diferente, cada um tem uma experiência pessoal diferente com Deus. Mas continuo insistindo que você está olhando para o lado errado. Não é a experiência, mas a Pessoa de Cristo que importa. A fé não é baseada em coisas visíveis, sentimentos ou experiências, mas na Pessoa daquele que morreu na cruz por você.

Quando um navio joga a âncora, o comandante não pode enxergar mais a âncora, mas ele sabe que ela está segura, bem firme, em alguma rocha no fundo do oceano. A diferença é que jogamos nossa âncora para cima, para o céu, onde Cristo está. Não a vemos, mas sabemos que ela está segura naquele que morreu na cruz por nós.

... mas agora ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.” (Hb 2:8-9).

Pare de olhar para seus sentimentos ou para querer sentir algo. Fique longe de cristãos que vivem se vangloriando de estarem vendo anjos, carruagens celestiais ou até chamas infernais. Apegue-se à Palavra de Deus e a Cristo.

Muito do que você vê no mundo evangélico hoje é exatamente o que o catolicismo faz há séculos, com seus cultos a santos milagrosos (lembre-se de que sempre tem alguém que viu a santa etc.), relíquias, histórias de êxtases, etc.

Tem muito cristão sincero por aí que se sente inferiorizado só porque não teve alguma experiência mística. Nossa fé não é baseada numa experiência (que pode ser conseguida até com drogas!), mas na certeza de que Cristo pagou nossos pecados na cruz.

Sobre essa cobrança das pessoas com quem se congrega querendo saber se você experimentou algo dramático, sinto dizer que você está sendo mal instruída na verdade, que é Cristo, não nossos sentimentos.

Pare de olhar para seus sentimentos ou para querer sentir algo. Fique longe de cristãos que vivem se vangloriando de estarem vendo anjos. Apegue-se à Palavra de Deus e a Cristo. Muito do que você vê no mundo evangélico hoje é exatamente o que o catolicismo faz há séculos, com seus cultos a santos milagrosos (lembre-se de que sempre tem alguém que viu a santa, etc.), relíquias, histórias de êxtases, etc. Tem muito cristão sincero por aí que se sente inferiorizado só porque não teve alguma experiência mística. Nossa fé não é baseada numa experiência (que pode ser conseguida até com drogas!), mas na certeza de que Cristo pagou nossos pecados na cruz.

Sobre experimentar algo, sinto dizer que você está sendo mal instruída na verdade, que é Cristo, não nossos sentimentos.

Quanto ao dízimo, a coisa funciona assim: No Antigo Testamento havia um templo em Jerusalém revestido de ouro, havia toda uma classe sacerdotal e uma população de levitas que precisavam ser sustentados. Tudo isso exigia muito dinheiro para manter e Deus pedia o dízimo de tudo que as pessoas tivessem.

Hoje não há mais um templo (o templo é a igreja no sentido de todos os crentes, e individualmente nosso corpo), não há uma classe sacerdotal (os sacerdotes são os cristãos) e nem todo o aparato de instrumentos, sacrifícios etc. necessários na adoração judaica.

O que acontece é que a maioria das denominações simplesmente segue um formato judaico para seu culto a Deus, construindo “templos”, mantendo grandes estruturas hierárquicas com pastores profissionais que precisam ser mantidos, orquestras, instrumentos etc. a um custo muito elevado. Ora, nada mais conveniente do que “importar” o dízimo do judaísmo para manter essa estrutura.

Mas se olhar na doutrina que foi dada à igreja, que nada tem de judaísmo (a partir de Atos dos apóstolos), você não encontrará mais o dízimo, mas ofertas voluntárias que são usadas para as necessidades dos santos (irmãos desempregados, auxílio aos que hospedam e também recursos para os que viajam pregando o evangelho ou visitando os irmãos), como expliquei no texto que leu.

A ideia de promessas de abundância financeira também foi “importada” do Antigo Testamento. As promessas para o povo de Israel eram de riquezas terrenas, abundância de trigo, animais, filhos etc. As promessas para o cristão são de tesouros no céu, onde Cristo está. Aqui, se tivermos o que comer e roupa para vestirmos devemos nos dar por satisfeitos, diz a Palavra: “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso, contentes”. (1Tm 6:8).

A ideia de “semear” provavelmente foi tirada da passagem abaixo:

E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus. Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus. Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles, e para com todos; e pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da excelente graça de Deus que em vós há. Graças a Deus pelo seu dom inefável!”. (2 Co 9:6-15).

Veja que o fim nunca são as riquezas materiais. “fazer abundar em vós toda a graça”... “abundeis em toda a boa obra”... “deu aos pobres...” “enriqueçais para toda a beneficência...” “... supre as necessidades dos santos...”. Veja que o que Deus nos dá (a abundância, no caso, da sementeira) tem um destino, que é gerar glórias para Deus por meio do auxílio aos que estão necessitados. Todo o contexto fala dos pobres dentre os cristãos, não de se manter uma organização religiosa.

Tudo o que coloca o foco em nós, em nossas experiências e sentimentos, tira o foco de Cristo. É com ele que você deve se ocupar.