Devo fazer um curso de teologia?

A rigor o estudo de teologia foi emprestado do catolicismo. Não existe qualquer indicação na Palavra para que se criassem escolas teológicas como as que vemos hoje. Há, obviamente, a exortação para que os mais velhos ensinassem os mais jovens, mas isso é muito diferente de se criar uma grade curricular, fazer provas, tirar diplomas, etc.

Por sinal, quem poderia, de sã consciência e dentro do que aprendeu com o Senhor, dizer-se “Doutor em Divindade” ou “Mestre em Bíblia”? E considerando que, “Subindo (Jesus) ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens” (Ef 4:8), quem poderia afirmar que seu dom de pastor lhe foi outorgado por uma junta de homens após ter concluído um curso universitário? E mais: quando encontramos (na versão inglesa) “reverend [Is] his name” (Sl 111:9), será que um cristão se sentiria bem de ser chamado de “Reverendo” ou “aquele que é digno de reverência”?

Acho que muito do que vemos hoje na cristandade passa batido porque nos acostumamos (como é o caso das faculdades de teologia, títulos eclesiásticos, etc.), mas se fizéssemos um escrutínio dessas coisas nas Escrituras para, como os de Bereia, ver se essas coisas eram de fato assim, ficaríamos extremamente surpresos.

O melhor lugar para o cristão aprender é quando se reúne com seus irmãos em liberdade do Espírito, para que ele possa usar o dom que ele escolher (e não apenas um orador previamente diplomado e designado para isso) para a edificação do corpo.

Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados”. (1 Co 14:31).

Quanto ao versículo que citou, que muitos usam como pretexto para a não necessidade de aprender através de outros (o que fica no outro extremo do erro), é preciso ler o imediatamente anterior para entender o contexto:

“Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.

João está falando do antídoto contra o engano, que é o Espírito Santo que habita no crente e o capacita a entender a Palavra de Deus e a discernir se uma voz qualquer não é a do Pastor.

Obviamente este “não tendes necessidade de que alguém vos ensine”, não diz respeito ao crente não precisar mais aprender de outros cristãos, mas está relacionado aos que enganavam e tentavam ensinar coisas que não tivessem sido ensinadas pela Palavra de Deus revelada aos apóstolos, verbalmente na ocasião, ou como a temos hoje nas epístolas.

Quanto à necessidade de aprender uns dos outros (aquilo que é segundo a Palavra), foi para isso que “ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”.

Mas, como eu já disse, isso não tem nada a ver com faculdades que concedem títulos através de uma juntas de homens, títulos esses para os quais usam os mesmos nomes dos dons que só podem ser dados por Cristo.