Não acha a reencarnação uma ideia mais lógica e racional?
Conheço relativamente bem as ideias que você defende. O problema todo é de princípio. O espiritismo procura chegar ao conhecimento de Deus pela lógica e razão. “Mas isso é lógico!”, afirmou você. A Bíblia deixa claro que não é pela razão, mas pela revelação que compreendemos as coisas de Deus.
(1 Co 2:14) “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
Sugiro a leitura dos capítulos 1 e 2 de 1 Coríntios, muito embora eu saiba que (vou ser sincero, não é sarcasmo), no momento em que encontrar contradições entre a Bíblia e sua crença, passará a dizer que a Bíblia está cheia de erros. Antes disso, como fazem os autores espíritas, usará a Bíblia naquilo que ela aparentemente concorda com a ideia do espiritismo. Eu mesmo já fiz isso.
O próprio Cristo, do qual você faz menção, deixa claro em suas palavras a existência de um céu e de um inferno, portanto seria muita pretensão minha tentar selecionar o que ele não teria dito dentre as coisas que disse.
Você escreveu: “... nos falam da necessidade de amarmos uns aos outros, para que dessa maneira possamos evoluir espiritualmente”.
Sim, e é aí que está uma das grandes diferenças entre o espiritismo e o cristianismo bíblico. No espiritismo você deve fazer o bem (ou amar o próximo) PARA receber os benefícios disso. “para que dessa maneira possamos evoluir espiritualmente”, escreveu você. No cristianismo bíblico... bem, vamos ver o que diz:
(Cl 3:12-14) “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; ASSIM COMO CRISTO VOS PERDOOU, assim fazei vós também. E sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição”.
Percebe a diferença? No espiritismo você faz o bem PARA RECEBER o bem. No cristianismo você faz o bem PORQUE RECEBEU o bem. Responda rápido: qual das duas formas de se fazer o bem é a mais desinteressada? Convenhamos, ajudar alguém para evoluir espiritualmente não é lá uma forma desinteressada de caridade, não é mesmo. Porém se você ajuda, movido de compaixão porque Cristo perdoou seus pecados, a coisa muda de figura. A quem muito foi perdoado, este sim, muito ama.
Você escreveu: “Claro que a responsabilidade é toda nossa, para evoluirmos espiritualmente, só dependemos de nós mesmos”.
A responsabilidade pela queda é nossa. Por ela recebemos a paga pelos nossos pecados, a condenação. A capacidade de nos salvarmos não é nossa, ou seria nossa também a glória pela nossa própria salvação. Não aceitar a graça de Deus (e graça significa favor imerecido) é querer receber para si toda a glória, é querer viver e vencer independente de Deus, algo que já vem no DNA do ser humano: autossuficiência e rebeldia contra seu criador.
Você acredita que é bonito alguém dedicar a vida por outro e até mesmo morrer para salvar seu semelhante. Você acha isso bonito, louvável etc. e a literatura espírita é cheia de Atos de altruísmo extremo. Porém, quando a Palavra de Deus diz que Deus fez isso, que Cristo foi até as últimas consequências para nos salvar, você acha isso banal. Por que é louvável alguém morrer heroicamente para salvar a vida de outro e não consegue enxergar que Cristo fez exatamente isso por você?
Como você aceita que ajudar um pobre aleijado, doente e faminto e tirá-lo daquela situação é uma obra louvável para qualquer espírita fazer e, quando a Bíblia lhe diz que Jesus deu sua vida por você, acha isso absurdo? E se dissermos ao aleijado, doente e faminto que é responsabilidade dele se levantar, curar a si mesmo e trabalhar para arranjar comida? Seria crueldade, se soubéssemos que ele é incapaz de fazê-lo.
Assim, seria crueldade se Deus, sabendo de nossa incapacidade (e ele certamente é o Único que nos conhece realmente) colocasse sobre nós a responsabilidade de trabalharmos nossa própria salvação. Qual o Deus que você conhece? Um Deus de amor, piedoso, misericordioso, que acolhe o necessitado e o socorre, ou um Deus de lógica, racional, que espera que cada um se vire da melhor maneira para arcar com seus próprios erros?
Você escreveu: “... simplesmente porque Deus já mandou um salvador”.
Você não diria “simplesmente” se conhecesse quem é Deus e o que significou a obra de Cristo na cruz. Se ler o Antigo Testamento verá tipificada a morte do Filho de Deus (chamado Cordeiro de Deus por João Batista) nos milhares de sacrifícios de animais inocentes que eram mortos no lugar do pecador. A obra de Cristo está além da razão humana assim como o perdão, o amor e outras coisas que jamais entenderemos pela lógica racional.
Você escreveu: “... o próprio Cristo afirma que “há muitas moradas na casa do pai”, falando claramente da pluralidade dos mundos, da evolução”.
Por que razão esta passagem vale e tantas outras falando da salvação pela graça de Deus, de Cristo morrendo como nosso substituto na cruz, do perdão dos pecados etc. não valerem como argumento? A Bíblia não pode se contradizer.
Você escreveu: “crer que essa é a única vida, é ter uma visão limitada, materialista e diminuta a respeito dos desígnios do Criador”.
Não, você está equivocado. Crer que Deus é capaz de salvar o mais ímpio pecador, o mais incapaz, o mais improvável de todos, é dar a Deus o seu devido lugar, de um Deus sem limites. Não sei se tudo o que escrevi fará alguma diferença, mas tenha certeza de que por muitos anos eu professei a crença que você professa, e hoje tenho o privilégio de conhecer a Cristo e ao perdão de meus pecados por sua morte substitutiva na cruz do calvário. Um dia, no céu, poderei louvar meu Salvador pelo que ele é e pelo que fez. Se fosse certo o que eu acreditava no passado, tudo o que me restaria agora seria uma vida de incerteza, esperando um dia subir uma escada evolutiva cujos degraus são distantes demais para minhas pernas. E, ainda que tivesse a pretensão de um dia atingir qualquer patamar mais elevado, ficaria para mim o louvor de meus atos, de minhas conquistas, enfim, de minha evolução.
(Gl 6:14) “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”.