O que acha desses pregadores de prosperidade?
Você deve estar se referindo aos programas de rádio e TV e igrejas que vivem cheias de gente atrás de realizar os sonhos que viram nos testemunhos: falidos que viram milionários, joãos-ninguéns que viram empresários, corrente disso, água santa daquilo, azeite ungido daquilo outro, dinheiro, dinheiro, dinheiro... É claro que tudo pode ser usado por Deus para os seus propósitos, mas o fato de algo ser usado não significa que é bom. Deus usou uma mula para falar com Balaão, mas não acredito que a gente possa parar de pregar o evangelho se ele pode usar mulas para fazê-lo.
Vemos muitos errando na Bíblia e esses erros às vezes sendo transformados em algo para a glória de Deus, porém o que errou continua sendo responsável. Lembro-me de José falando a seus irmãos, quando se revela a eles como governador do Egito: “E José lhes disse: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” (Gn 50:19-20).
Não podemos nos esquecer de que vivemos numa época de apostasia (abandono da Verdade) e isso irá piorar muito após o arrebatamento da igreja, o que pode acontecer a qualquer momento. Procure ler as cartas de Timóteo no contexto profético de tempo. Ambas falam da “casa de Deus” (o aspecto governamental da igreja, ou a parte que cabe aos homens cuidarem).
Na primeira são dadas instruções: “... para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.” (1Tm 3:15). Esta fala de como a casa de Deus deveria ser.
Na segunda fala de como ela ficou. “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.” (2Tm 2:20). É uma casa onde há de tudo e a responsabilidade dos que buscam a Verdade é se afastarem do erro (leia o contexto) para se reunirem com aqueles que o fazem de coração puro (ou purificado desses erros). O trecho fala de separação.
A primeira fala ainda, em seu contexto histórico, dos “últimos tempos”, um período mais extenso: “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;” (1Tm 4:1). Isso já acontece há muitos séculos.
A segunda fala dos “últimos dias”, um período breve e final. “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.” (2Tm 3:1). Na continuação é dado o estado dos cristãos (é importante entender que não está falando de pagãos ali, mas de cristãos nominais):
— “Porque haverá homens amantes de si mesmos [1], avarentos [2], presunçosos [3], soberbos [4], blasfemos [5], desobedientes a pais e mães [6];
ingratos [1], profanos [2],Sem afeto natural [3], irreconciliáveis [4], caluniadores [5], incontinentes [6];
cruéis [1], sem amor para com os bons [2], Traidores [3], obstinados [4], orgulhosos [5], mais amigos dos deleites do que amigos de Deus [6].”;
Finalmente... “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.”.
Se observar, temos três grupos de seis características (666) que levam para o homem que tem aparência de piedade (parece um carneiro), mas nega a eficácia dela (fala como um dragão — Apocalipse 13:11). É preciso entender que a oposição maior aos convertidos no final virá da própria cristandade organizada, “a mulher” de que nos fala o Apocalipse.
É interessante como neste trecho de 2 Timóteo, Paulo fala de pessoas levadas por concupiscências (desejos) por homens com as características acima. É o que vemos aos montes hoje nas ditas igrejas que oferecem curas, milagres, dinheiro, romance e tudo o que o ser humano mais deseja, com segundas intenções. Note também que esta foi a última carta que Paulo escreveu e ele termina dizendo que foi abandonado por todos. Vivemos num tempo de abandono da Verdade (apostasia), principalmente da Verdade revelada a Paulo (que você não encontra em outros lugares das Escrituras).
A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” (Ef 3:8-10).