Preciso ser católico para ser salvo?

Ao se referir à igreja católica romana, você escreveu que “é fundamental, e imprescindível que exista uma IGREJA, guardiã da Verdade revelada, infalível”. Você disse também que é impossível que eu entenda a Bíblia a menos que seja segundo a interpretação da tradição católica.

Você já estudou história? Bem, mas não vem ao caso. Há muitas passagens que mostram que Deus deu ao que crê o Espírito Santo e que é deste que vem o entendimento da Palavra:

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (1 Co 2:14-16).

Você escreveu: “O Demônio te seduz, te dizendo que você pode ler a bíblia e chegar a uma conclusão correta. Te envaidece, e o ser humano, orgulhoso, acredita. E dá muito prazer mesmo, dizer: ‘Eu sei a Verdade, e posso criticar uma instituição gigantesca como a Igreja’!”.

Bom, eu não queria tocar no assunto, mas vamos lá (se bem que queria um pouquinho sim...). Dê uma olhada numa foto da Basílica de São Pedro atual e, começando com o obelisco bem no centro da praça, faça uma pesquisa para saber de onde foi “comprado” aquele objeto, bem como todas as obras de arte existentes no edifício. Pesquise também para saber de onde veio o dinheiro que financiou essa “instituição gigantesca”. É uma pesquisa no mínimo interessante.

“A construção começou em 1506 e terminou em 1626 sendo parcialmente erguida com dinheiro angariado pela venda de indulgências (ver Papa Leão X).” (Wikipedia)

Outra pesquisa interessante é a das datas em que foram instituídos alguns dogmas, como o da infalibilidade papal e outros. Mas prefiro não seguir adiante nesta linha, porque não é por ser católico ou não ser católico que alguém pode ser salvo, mas pelo único e preciso sacrifício de Cristo.

Você escreveu: “‘Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus’. Esse é um trecho conhecido. Chegamos aqui a um ponto capital, incorrendo no vício danoso da ‘sola scriptura’ protestante. Você não pode interpretar a Bíblia da maneira que você acha melhor. As pessoas podem chegar a conclusões desastrosas com isso.”.

Não sou protestante (pelo menos não pertenço a nenhuma denominação protestante). Se ele não diz que “estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna”, o que diz então?

Ou seja, você quis dizer por “sola scriptura” “só” a Palavra de Deus, certo? “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Is 8:20).

Você escreveu: “Foi para isso que Cristo fundou uma Igreja. Para te dar a versão CERTA e a interpretação correta e a REAL doutrina de Deus.”.

Por favor, um versículo apenas que mostre que devo recorrer à igreja romana para entender a doutrina de Deus. Mas se o versículo não estiver na Bíblia, então seria preciso recorrer à igreja romana que vai dizer que...

Você escreveu: “Nesse caso, para o trecho em destaque talvez, o sentido mais apropriado seria o de ‘... para que saibais que tendes a POSSIBILIDADE de vida eterna aqueles que creem’ ou ainda ‘para que saibais que o homem que crê tem a vida eterna’.”.

Bem, o problema é esse ‘sentido mais apropriado’. No grego diz literalmente “Estas coisas escrevi a vós para poderdes saber que vida tendes eterna, aqueles crentes em o nome do Filho de Deus.”. Não se preocupe, não sei grego. Tenho apenas uma versão interlinear grego-inglês. E nela não existe a palavra “possivelmente”.

Você escreveu: “Isso NÃO IMPEDE a salvação de quem quer que esteja em outras denominações, NA JUSTA MEDIDA de sua ignorância... Mas dificulta, já que a Igreja possui os mais fecundos instrumentos para a salvação do homem (os sacramentos válidos).”.

De repente me senti entre os ignorantes.

Bem, então temos a salvação creditada à obra de Cristo na cruz do Calvário “e à igreja de Roma com seus fecundos instrumentos para a salvação do homem”. Isso irá criar certa dificuldade no céu, já que teremos ali os que não foram salvos por meio desses “fecundos instrumentos”, mas apenas confiaram no Senhor Jesus e no seu sangue redentor, o sangue do Cordeiro de Deus. O problema não é grande, mas pode causar certa confusão na hora do cântico dos redimidos, a cena que vemos do céu em Apocalipse 5. Lá os redimidos cantam:

“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação”.

Acabo de aprender que haverá outro coro paralelo cantando:

“Digna és, Igreja Católica, porque com teus ‘fecundos instrumentos para a salvação’ compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação”.

Uma ideia no mínimo estranha e que é furada por estar baseada em uma premissa furada: a de que “igreja” na Palavra de Deus signifique uma organização, quando a palavra significa “assembleia”, e aparece sempre relacionada ao conjunto de crentes. Seguindo esse raciocínio, acabaríamos concluindo que a salvação é uma obra conjunta de Cristo e das pessoas que compõem o seu corpo, o que vira uma heresia.

Quer saber? Eu respeito você, mas sua crença não me atrai nem um pouco. Não pude deixar de me lembrar de um irmão em Cristo que falava de Cristo a algumas pessoas e um pastor de uma determinada denominação começou a tentar ganhar a cabeça dos presentes desfilando um rosário de vantagens, dizendo que “sua igreja” tinha isso, tinha aquilo, tantos mil templos, tantos milhões de adeptos, tantas faculdades teológicas e por aí foi.

Aí, todo orgulhoso, o tal pastor virou-se para esse meu amigo e disse: “Nós temos tudo isso. O que você tem?”

“Nada além de Jesus”. É esse que também tenho. Só Jesus. Ele não parece ser suficiente para você, ou não entendi essa importância toda que dá para a igreja de Roma? Afinal, a quem você poderá dizer que deve sua salvação? Pelo que entendi até aqui, três coisas: Jesus, você com suas obras, e a igreja de Roma com seus “fecundos instrumentos para a salvação”.

Quando chegar lá no céu, a qual desses três você vai louvar por sua salvação: Jesus, você mesmo, a igreja de Roma, ou todos? Não acha um pouco de desprezo por aquele que morreu por você e que disse que “ninguém vem ao Pai senão através de mim” tentar acrescentar algo à obra que ele declarou consumada?