O que diz das curas e milagres que mostram na TV?

Você se diz impressionado com a facilidade com que as pessoas parecem ser curadas em alguns programas evangélicos na TV, e pelo jeito isso tem abalado sua fé, já que vê tantos irmãos e irmãs onde costuma se reunir que estão com doenças graves e nada acontece.

Não é preciso assistir muitos desses programas de TV para entender que “tem coisa ali”. Não digo que todos eles sejam um engodo, pois se alguém disser que foi curado, que direito tenho eu de duvidar do que disse? Mas posso duvidar da realidade de sua doença. Conheci uma pessoa que se dizia curada de câncer, doença “diagnosticada” por uma funcionária de um hospital onde ela foi fazer uns exames, que a viu pálida e disse “Nossa! Você parece que está com câncer!”. Evidentemente, com um diagnóstico assim tão preciso qualquer um pode ser curado de qualquer coisa.

Eu particularmente não acredito em tudo o que esses pregadores de carnê vendem na TV e no rádio. As possibilidades são de cura real (remota, mas obviamente não podemos limitar o que Deus pode fazer), armação (sim, você nem imagina quanto tem por aí) ou placebo (o mesmo efeito psicológico causado por remédio de mentirinha). Pessoas que se acham enfermas (ou podem mesmo estar) às vezes são curadas por uma simples mudança de atitude ou por tomarem um placebo, aqueles medicamentos feitos de farinha que são dados em pesquisas para o grupo de controle, ou mesmo no tratamento de doenças de fundo psicológico.

Quanto às possibilidades de enganação, se conhecermos bem o ser humano não nos surpreenderemos com o que ele é capaz de fazer para ganhar dinheiro e poder. Um dia peguei um taxi em Fortaleza e o motorista contou que levou um homem do aeroporto ao hotel e o passageiro pediu para ele passar mais tarde para levá-lo em outro lugar. À noite ele voltou ao hotel e o homem veio caminhando perfeitamente bem com suas próprias pernas e com um par de muletas debaixo do braço. Pediu para levá-lo em um templo evangélico desses que prometem cura para todos os males. Quando ele parou em frente, o sujeito desceu do taxi apoiado nas muletas e entrou no templo arrastando os pés, como se tivesse acabado de ficar paralítico. Nem preciso dizer o que ele iria fazer ali, né?

Uma vez dei carona para um homem bem simples que dizia frequentar uma pequena igreja pentecostal de seu bairro. Ele disse que gostava dos cultos, mas achava que o pastor não fazia o serviço direito, porque sempre via as mesmas pessoas que foram libertadas de algum demônio voltarem lá para serem libertadas outra vez. Obviamente a igreja devia ser pobre e contratava sempre os mesmos atores para a sessão de exorcismo.

Um irmão do Canadá, que trabalhava numa editora cristã lá, me contou que a editora precisava contratar alguém e colocou um anúncio no jornal para serviços gerais. Apareceu um candidato à vaga. Quando perguntaram de sua experiência, provavelmente para mostrar que já tinha experiência no meio evangélico, o rapaz contou que tinha trabalhado para uma determinada religião para ser curado em diferentes cultos, aos quais comparecia com diferentes doenças. Ora ele era cego, ora paralítico e assim por diante.

Eis o que eu penso do assunto. A fé verdadeira não depende de sinais ou milagres para se manter; não depende do que é visível. “ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.”. “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”. (Hb 11:1; Jo 20:29).