Como se reunir sem um templo?
Sua dúvida não é usual, pois a maioria das pessoas está tão condicionada a “igrejas”, “capelas”, “catedrais” e “templos” de pedras ou tijolos que nem percebe que não existiam essas coisas no tempo que sucedeu a formação da igreja em Atos 2.
Obviamente, no início, os primeiros cristãos continuaram dirigindo-se ao templo em Jerusalém, mas isso ocorreu porque ainda não tinham entendido que a igreja nada tinha com a velha ordem de coisas do judaísmo. Quando começou a perseguição eles foram obrigados a se reunir em casas e outros lugares, tanto em Jerusalém, como em outras cidades para onde fugiram à medida que a perseguição aumentava.
Onde costumo me reunir usamos um salão com aproximadamente uns 80 ou 100 lugares. Em outras localidades também são utilizados salões, salas de escritório, casas, salas de reuniões em hotéis, o que melhor atender. Algumas assembleias de algumas localidades costumam promover reuniões especiais convidando irmãos de outras assembleias (tipo três dias de reuniões), e aí utilizam hotéis com a infraestrutura para as refeições ou simplesmente algum salão alugado e cada um leva seu alimento, dependendo da ocasião.
Já ouvi de irmãos no Egito que faziam reuniões no porão emprestado de uma igreja católica, pois lá só permitem aos cristãos se reunirem em locais que tenham sido construídos e autorizados para isso há muitos anos. Lá e em outros países muçulmanos não se permitem novas reuniões, nem pregar o evangelho ou distribuir folhetos nas ruas. Você só pode evangelizar outra pessoa se ela professar o cristianismo, pois é proibido evangelizar muçulmanos.
Esses irmãos, quando promovem reuniões especiais, alugam um barco e vão para o meio do Nilo. Enfim, a necessidade faz o local físico, mas não é este o importante (pode ser sob uma árvore ou dentro de uma Kombi), e sim as pessoas reunidas. Aqui costumamos dizer que vamos à reunião. (que é a tradução do grego Eclésia, que significa assembleia ou ajuntamento de pessoas).
Você perguntou como é tratado um irmão visitante mais experiente na Palavra, se é chamado de algum título distinto ou se tem precedência na exposição da Palavra. Normalmente quando vem algum irmão mais experiente na Palavra podem acontecer duas coisas. Se ele estiver participando de uma reunião normal de estudo ou ministério e sentir que tem algo a dizer, tomará a palavra, como qualquer outro irmão local faria, quer ele estivesse ali ou não.
Caso esse irmão mais experiente tenha um assunto muito interessante que os irmãos do local queiram usufruir com mais tempo, pode até serem programadas reuniões especiais para ele expor esse assunto. Obviamente, se for este o caso, ele tomará a frente da reunião, como normalmente é feito no caso de uma pregação do evangelho. Não existe qualquer título identificando este ou aquele irmão. E aqui vai um detalhe curioso: na versão King James em inglês há um versículo, referindo-se a Deus, que diz: “Reverendo é o seu nome”. (Sl 11:9).
Mais uma vez, insisto que o importante é o agrupamento das pessoas, a assembleia, e não o edifício (ou o barco ou a Kombi dos exemplos). O cristão não possui um templo de pedras ou tijolos onde adorar. Só havia um templo assim, e era o que Deus mandou construir em Jerusalém, onde em seu lugar existe hoje uma mesquita muçulmana. A cristandade copiou muitas coisas do judaísmo para justificar suas práticas clericais: templos, sacerdotes, vestes especiais, corais, dízimos etc.
Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram. Temos um altar, de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo. Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério.” (Hb 13:9-13).