Os anjos foram os pais dos gigantes da Bíblia?

Creio que Gênesis 6:2 nos fala de anjos (veja também “filhos de Deus” com o mesmo sentido em Jó 8:4-7), os quais deixaram sua habitação (Jd 6) e são guardados em prisões até o juízo. Deus não perdoou os anjos que pecaram (2 Pe 2:4) e como em Judas é feita menção a Sodoma, pode ser que a natureza do seu pecado aponte para Gênesis 6:2, ou seja, a concupiscência e insubordinação (2 Pe 2:10; Judas 1:6-8).

Juntando tudo, ao que parece alguns anjos tomaram a forma humana e uniram-se às mulheres, dando estas à luz filhos. Uma nova raça de “super-homens”, por assim dizer, surgiu sobre a Terra. Varões valentes (Gn 6:4). Satanás sabia que da semente da mulher viria aquele que lhe esmagaria a cabeça (Gn 3:15). Caim logo demonstrou não ser aquele que era esperado, mas Abel teve aceitação da parte de Deus e certamente Satanás está por detrás do ato de Caim que matou seu irmão. Mas Deus reiniciou a linhagem daqueles que haviam de invocar o nome do Senhor na pessoa de Sete (Gn 4:26). A tática de Satanás parece haver mudado então e, ao invés de destruir um ou outro varão nascido de mulher, procurou corromper a linhagem humana, usando as mulheres para gerar uma raça poderosa neste mundo, porém mesclada com a semente de anjos caídos.

É bom que se compreenda que estas linhas são apenas alguns pensamentos e não podemos transformá-los em dogmas ou doutrinas. Há irmãos que não entendem assim e citam Mateus 22:30 para demonstrar que os anjos não se casam. Eu, particularmente, concordo que no estado original eles não possam fazê-lo, mas acredito que poderiam fazê-lo caso tomassem a forma humana. E pode ser que a referência feita em Judas acerca de haverem deixado sua habitação não queira dizer simplesmente o lugar onde habitavam, mas também o seu tabernáculo, isto é, a sua forma original (no sentido de corpo). Se for o que realmente aconteceu, então Deus tinha, no dilúvio, também um propósito de preservar a linhagem humana sem que houvesse uma mescla satânica nas pessoas que viessem a nascer.

A história da humanidade guarda vestígios de algo assim. Entre os egípcios e outros povos há lendas que falam de deuses descendo dos céus para ter relações com mulheres, gerando delas alguns grandes homens, como faraós ou até mesmo os heróis poderosos da literatura grega e de outros povos.

Como um alerta final, gostaria de dizer que, como cristãos, nos regozijamos naquilo que conhecemos, e não devemos nos preocupar com aquilo que não conhecemos. Considerando que aquilo que já conhecemos do Senhor e das bênçãos eternas reservadas para nós nos lugares celestiais podem nos manter ocupados por toda a eternidade, não fica muita coisa com que devamos nos preocupar.

A Bíblia não diz muita coisa dos detalhes dos eventos mostrados em Gênesis. Deus nos diz o que deveríamos conhecer para nos regozijarmos nele. O que passar daí pode cair na esfera da pura especulação.