A Bíblia discrimina a mulher?

De uma leitura pertencente a uma organização evangélica vêm comentários sobre um texto que leu em meu site sobre o lugar da mulher nas escrituras. Ela escreveu: “Apenas a primeira mulher foi retirada da costela de Adão, o resto da Humanidade foi gerado no ventre de uma mulher. Deus poderia ter feito um clone e Jesus ter nascido, contudo, Jesus foi gerado em um ventre feminino. A mulher não é citada nas escrituras, porque o povo israelita tinha a mulher em baixo do pé e... Não foi a mulher que crucificou Jesus, foram os homens. Concordo que deva existir uma hierarquia, mas seu texto enfoca apenas o lado machista e discriminatório”.

O que respondi: Obrigado por comentar. Sinto que tenha tido a impressão equivocada do texto justo quando é comemorado o “Dia da Mulher”. Mas o texto que leu, “A mulher, seu lugar nas Escrituras”, não é meu e sim de A. J. Pollock, que nasceu na segunda metade do século 19 e morreu em 1957. Todavia o texto não reflete o pensamento de sua época, mas o que a Bíblia diz sobre o lugar da mulher nas coisas que dizem respeito à Igreja.

Em resumo, você escreveu que “o resto da Humanidade foi gerado no ventre de uma mulher” (o que, obviamente inclui a intervenção masculina), que “apenas a primeira mulher foi retirada da costela de Adão” (não encontro o contrário no texto que citou), que “a mulher não é citada nas escrituras, porque o povo israelita tinha a mulher em baixo do pé e... Não foi a mulher que crucificou Jesus, foram os homens.”. Perder o fato de a mulher ter sido tirada da costela do varão é perder a beleza que existe na figura da proximidade que ela tem do coração do homem. Essa proximidade tão grande que chega a ser uma união é enfatizada pela Palavra de Deus: “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos.” (Ef 5:28).

Essa relação homem-mulher é também uma belíssima figura de Cristo e sua Noiva, a Igreja, tirada do seu lado durante o sono profundo da morte. Sem o lado aberto de Adão não haveria Eva. Sem aquele lado ferido do Senhor não haveria a Igreja, composta por todos os que creem em Cristo.

A mulher é bastante citada nas Escrituras e o povo Israelita não tinha, de modo algum, a mulher debaixo do pé. Já leu Provérbios 31? Você já leu sobre as parteiras de Êxodo, cujos nomes foram registrados nas Escrituras, juízas que julgaram o povo de Israel quando não tinha um homem que fosse homem o suficiente para fazê-lo? Já leu do papel que algumas mães de reis tiveram em seus reinados? Ou do modo como o Senhor recebia as mulheres?

A ideia de que não tenha sido a mulher que crucificou a Jesus não faz sentido. Não entendi aonde quer chegar. Você acredita realmente que as mulheres não o rejeitaram, apenas os homens? Sei que você não acredita assim, pois então Cristo teria vindo salvar apenas homens, já que as mulheres seriam uma classe diferente, com um grau menor de pecado e responsabilidade pela rejeição do Senhor.

O lugar da mulher, segundo as escrituras, é o lugar que condiz com suas qualidades, assim como o do homem. Um não é melhor do que o outro, são apenas diferentes e devem assumir diferentes responsabilidades, diferentes atividades, diferentes ministérios na Igreja, quando esta se reúne para aquele que é o Autor da Bíblia e do que está ali definido para as mulheres.

A sujeição da mulher ao varão, posicionalmente, como cabeça do lar, e a sujeição deste a Cristo, como cabeça do homem, assim com Cristo andou aqui sujeito ao Pai, é uma ordem que o mundo sempre quis contestar e conturbar, por não aceitar a sujeição àquele que está no topo dessa cadeia de relações: Deus.

Espero que leia novamente o texto, em oração e à luz das Escrituras. Mas só faça isso depois de ler Cantares para ter em mente a afeição com que o próprio Deus trata a mulher.