O inferno existe ou é só uma expressão?

Você afirmou que o inferno não existe como um lugar real, portanto não haveria de quê sermos salvos. Bem, você é espírita e evidentemente não acredita no que a Palavra de Deus diz sobre inferno, lago de fogo, etc. Se eu disser que o inferno é um “destino” ficaria de bom tamanho para você? Nossa origem é Deus, Criador. Nosso estado é caído e arruinado, por causa do pecado que entrou na Criação. Herdamos isso, e no pacote veio morte, doença, dor, tristeza... Então, você concorda que não está tudo ok conosco, né? Então algo precisava ser feito, mas por quem?

Bem, meu Tico e Teco aqui me dizem que se a Bíblia chama Jesus de “Salvador” é porque ele veio salvar a gente de alguma coisa (para isso servem os salvadores). Paulo disse que “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (1Tm 1:15). Como “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23), então eu e você estamos no mesmo barco: pecadores necessitando de um Salvador de pecadores.

Mas continua a dúvida: salvar de quê? Tiago 4:12 diz que “há só um legislador que pode salvar e destruir”. O Senhor Jesus falou de pessoas que serão lançadas “nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 8:12) ou “fornalha de fogo” (Mt 13:42), e Apocalipse 21:8 fala que os incrédulos serão lançados no lago de fogo.

O que é esse destino? A pena do condenado. Na sociedade dos homens, quando alguém pratica um crime deve sofrer uma pena. Com Deus não é diferente. Somos pecadores, porque nascemos assim, pecamos, porque usamos com prazer dessa herança que recebemos, e estamos sujeitos a um julgamento e a uma pena. A questão é: como ser salvo e liberto dessa pena e desse destino? É aí que entra o Salvador.

Como Deus é justo, a pena é capital. Como Deus é misericordioso, ele não quer aplicar a pena, mas se não fizer isso não haverá justiça. Aí entra o Salvador no papel de substituto. Quando Paulo faz uma síntese do Evangelho, ele diz simplesmente “que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:3-4).

Quando você entende isso, entende a razão de, logo após o pecado entrar na Criação no Éden, Deus ter sacrificado um animal inocente para fazer com sua pele uma veste (cobertura) para Adão e Eva. (Gn 3:21). Entende também a razão de Deus ter se agradado do sacrifício de Abel (um animal inocente morto) e não de Caim (o fruto dos seus esforços), (Gn 4), e dos milhares de sacrifícios do Antigo Testamento, ou da frase dita por João Batista quando viu Jesus: “Eis aqui o Cordeiro de Deus” (Jo 1:36).

A Bíblia toda faz sentido quando você enxerga Jesus como o Cordeiro que foi sacrificado em seu lugar para que você não seja condenado. Bastou um pecado para excluir o ser humano da presença de Deus, e a pena foi terrível. Mas, tão grande ou maior do que a pena é a graça de Deus, que quer salvar aquele que crê.

Mas você insiste que quer pagar pelos seus pecados. Bem, o problema é que o pagamento que Deus, e não Allan Kardec, estabeleceu é a condenação eterna. São as “trevas exteriores” das quais Jesus falou, onde há “ranger de dentes”.

É preciso entender que é uma questão judicial, e com o Juiz você não discute. Ele oferece uma alternativa, é pegar ou largar. Ou você acha que um juiz iria atender um criminoso alegando que prefere fazer trabalho voluntário em troca da pena de morte?

Ok, você diz que quer evoluir. O padrão de “ótimo” é o próprio Filho de Deus, Deus e Homem. A própria ideia de poder evoluir por seus esforços para atingir o padrão, ser igual ao Filho de Deus, isto sim, é pretensão. Mesmo assim, não foi esse o caminho que Deus determinou, que é pela fé em Cristo (a justiça foi feita quando ele tomou o meu lugar no juízo). Não adianta você querer entrar nos Estados Unidos com um visto para a Austrália. Não vai conseguir.