Como saber se uma igreja reconhece o senhorio de Cristo?
Atuar sob o senhorio de Cristo é funcionar sob as diretrizes que ele, como Senhor, estabeleceu. E creio sinceramente que nos desviamos, e muito, da simplicidade que encontramos na Palavra de Deus. O que aconteceu com o cristianismo é o que acontece com muitas coisas com o passar do tempo: afastou-se do projeto original. As coisas se corrompem com o tempo e podem acabar se transformando exatamente no contrário daquilo que eram no princípio.
Alguns exemplos? Se quiser saber se o lugar onde você se congrega reconhece o senhorio de Cristo (ou mantém uma prática corrompida do que foi no original) sugiro que faça a si mesmo algumas perguntas e peça para o Senhor abrir seus olhos para enxergar claramente as respostas (estas perguntas eu traduzi e adaptei do livro “God’s Order for Christians Meeting Together for Worship and Ministry”, por Bruce Anstey):
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Com que autoridade bíblica “denominamos” assembleias de cristãos, chamando-as de “igrejas”? (Sei que você entende que os únicos nomes dados no NT eram de cidades ou localidades). As divisões são claramente combatidas no NT. (1 Co 1:10, 3:3, 11:18-19).
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Com que autoridade bíblica “escolhemos” estes nomes (ex. batista, presbiteriano, pentecostal, etc.)? na Bíblia, os seguidores de Cristo eram chamados simplesmente de cristãos (pelos de fora) ou “irmãos” por si próprios e pelo Senhor. (Mt 18:20).
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Com que autoridade bíblica colocamos nomes de homens nestes grupos (Martinho Lutero — Luterana, John Wesley — Wesleyana, Menno Simons — Menonita etc.)? (1 Co 1:12-13, 3:3-9).
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Com que autoridade bíblica estabelecemos essas igrejas segundo diferenças nacionais? (ex. Igreja Grega Ortodoxa, Igreja Cristo Pentecostal do Brasil etc.) Não existem distinções nacionais na igreja de Deus na Bíblia. (Cl 3:11).
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Com que autoridade decoramos os lugares de adoração como se fosse o tabernáculo ou o templo do Antigo Testamento, com altar, objetos de ouro e prata, além de elementos arquitetônicos pagãos como torres?
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Com que autoridade bíblica chamamos edifícios de “igrejas” quando esta palavra (Eclésia) significa simplesmente reunião ou ajuntamento de pessoas? (Atos 11:22, 15:14, 20:28, Romanos 16:5, 1 Co 1:2, Ef 5:25).
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Com que autoridade bíblica chamamos esses edifícios de “templos” quando sabemos que Deus só reconheceu o templo de Jerusalém, e hoje o templo somos nós, pessoas, individual e coletivamente? (2 Co 6:16-17).
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Com que autoridade bíblica temos cultos de adoração previamente ensaiados, ate mesmo com programas impressos, se encontramos em 1 Coríntios 14 total liberdade do Espírito para escolher a quem ele quer para o que ele determinar?
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Que autoridade bíblica (lembre-se, estamos no NT) temos para ter o louvor efetuado por um coral, e não por toda a congregação, e para a introdução de bandas, conjuntos, cantores profissionais fazendo da reunião mais um espetáculo para a plateia? (Atos 17:24-25).
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Que autoridade bíblica temos para designar vestes especiais para os que cantam, para os que pregam, etc.?
Que autoridade bíblia temos para fazer orações decoradas, impressas ou ditadas? (Mt 6:6-8, Tiago 5:16, Salmos 62:8).
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Que autoridade bíblica temos para as irmãs participarem das orações com a cabeça descoberta? (1 Co 11:1-16).
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Que autoridade bíblica temos para mulheres falarem nas reuniões da igreja? (1 Co 14:37).
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Que autoridade bíblica temos para reuniões dirigidas por um só homem? (Fp 3:3, Jo 4:24, 16:13-15).
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Que autoridade bíblica temos para homens ordenarem homens, e se temos, por quem foram os primeiros ordenados? (Ef 4:11).
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Que autoridade bíblica temos para denominar pessoas como “Reverendo”, “Pastor”, “Presbítero” nos mesmos moldes do “Dr.” que usamos hoje, ou seja, transformar dons ou ofícios em títulos honoríficos como “Reverendo” ou “Padre”? (Na Bíblia inglesa versão King James encontro: “Reverend Isaías His name” Salmo 111:9 e em Mateus 23:8-10 o Senhor ensinou a não chamar alguém de “Pai” (ou “Padre”) no sentido religioso, além de Deus).
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Que autoridade bíblica temos para designar um pastor para uma assembleia local quando o dom de pastor é um dom dado universalmente à Igreja? (Ef 4:11).
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Que autoridade bíblica temos para, como Igreja, observar dias “santos” ou especiais, como páscoa, natal, sexta-feira santa, dias de “santos”, etc.? (Gl 4:10, Colossenses 2:16).
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Que autoridade bíblica temos, na doutrina dada à Igreja (as epístolas), para a prática do dízimo? (Lv 27:32, 34, Números 18:21-24).
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Que autoridade bíblica temos para solicitar contribuições de visitantes e pessoas não salvas? (3 João 7).
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Que autoridade bíblica temos para instituir diplomas e certificados de pastores, ou mesmo dar títulos como “D.D. — Doutor em Divindade” a irmãos que deveriam ser iguais aos outros? (Jó 32:21-22, Mateus 23:7-12).
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Que autoridade bíblica temos para considerar a Igreja como uma instituição que ensina. Costumamos ouvir “Nossa Igreja ensina isto ou aquilo”? (Atos 11:26, Romanos 12:7, Apocalipse2:7, 11, 17, 29, 3:6, 13, 22, 1 Tessalonicenses 5:27).
Talvez você ou as pessoas com as quais se reúne não se enquadrem em nenhuma destas características, mas acaso não é isto o que encontramos na Cristandade como um todo? E será que com tudo isso podemos nos gabar de estarmos fazendo as coisas com a autoridade da Palavra de Deus? Será que estamos reconhecendo o Senhorio de Cristo nestas coisas, buscando na sua Palavra os detalhes para cada proceder?