Submissão feminina é coisa do passado?

Você perguntou se estaria fora de moda as mulheres serem submissas aos seus maridos, e eu lhe pergunto se estaria fora de moda a Palavra de Deus e os mandamentos do Senhor dados à Igreja. Você pergunta por viver numa cultura ocidental, pois talvez nem perguntasse caso tivesse sido criado em outra cultura. É que durante milênios a sujeição da esposa ao marido foi a norma de todas as civilizações, e não é de estanhar que justamente neste fim de tempos isso também esteja sendo questionado.

Para a Igreja a Palavra de Deus ordenou em Efésios 5:22 e 24: “Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos”. Mas embora a ordem tenha sido dada à Igreja, e também mostrado que através dessa sujeição a mulher estaria representando a Igreja em sua relação com Cristo, esse mandamento é muito anterior à Igreja ou até mesmo a Israel. É um mandamento dado na Criação do homem, mas suas raízes estão na eternidade, quando o Pai designou o Filho para morrer e do seu lado aberto sair uma esposa que seria submissa a ele.

Na ordem dada para a reunião da Igreja temos: “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja”. E para deixar claro que a Palavra de Deus não está sujeita aos nossos caprichos ou preferências, o apóstolo complementa: “Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (1 Co 14:34-37).

Mas sua dúvida surgiu depois de ler um texto de um teólogo dizendo que “os homens que se agarram aos textos de Paulo sobre o tema são dominadores, preconceituosos e inseguros, mas, com uma Bíblia nas mãos, eles se servem da força do dogma que impede uma leitura de Paulo condicionada ao prisma da sociedade em que ele vivia — machista e patriarcal — ou seja, uma cosmovisão totalmente diferente da nossa”. Evidentemente se a Bíblia fosse ilustrada Paulo teria desenhado para esse teólogo entender que o que ele escrevia inspirado pelo Espírito Santo de Deus não eram ideias próprias, mas “mandamentos do Senhor” (1 Co 14:37).

Na tentativa de tornar nula a Palavra de Deus o teólogo lança mão, não apenas dos aspectos históricos e culturais da época, mas da teologia moderna que é seletiva na interpretação dessas passagens, já que hoje mulheres já são ordenadas para posições clericais, ensinam em escolas de teologia e pregam nos templos católicos e protestantes. Ou seja, tomando por base o erro generalizado da cristandade em acatar apenas 50% da ordem dada na Palavra de Deus, ele tenta atingir os 100%. Acho que é um novo significado para a expressão “jogar fora o bebê junto com a água do banho”.

Então o texto que você me enviou segue dizendo: “Nós sabemos que o texto [bíblico] é inspirado, mas também precisamos compreender que, alguns deles, em função de questões religiosas, culturais, políticas, econômicas, sociais, dentre outras, expirou! É o caso da submissão da mulher”. Para fundamentar suas afirmações o autor apela para dados do IBGE, que Paulo obviamente desconhecia, para mostrar que mais da metade dos lares brasileiros são comandados por mulheres sem marido. Quando alguém usa de uma estatística para dar suporte a uma situação contrária ao plano inicial de Deus eu não posso deixar de lembrar de outra frase, a de que deveríamos nos alimentar de esterco, pois “um bilhão de moscas não podem estar erradas”.

Aplicando os dados do IBGE, que nada mais é que a constatação da ruína do homem em preservar o que Deus ordenou, ele tenta deslocar o eixo do princípio de autoridade que foi estabelecido por Deus que é Deus - Cristo - Homem - Mulher, onde o Espírito Santo diz que “Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (1 Co 11:3). Perverter esta afirmação é transformá-la em algo como: “Cristo é a cabeça de quem o IBGE determinar, e Deus a cabeça de Cristo”.

Mas ao concentrar-se no que chama de “textos de Paulo”, ele usa de ironia ao dizer que aqueles que afirmam que os princípios de Deus são irrevogáveis, ficam sem condição de defesa diante de “argumentos básicos da exegese, coisa que criança em escola dominical já sabe fazer”. É típico de teólogos introduzirem algum termo de teologia na argumentação para deixar claro que estão falando de cima para baixo, e neste caso chamando de menos letrados que uma criança de escola dominical quem contestar suas afirmações. Quando vejo alguém querer ostentar conhecimento acadêmico nas coisas de Deus me lembro logo da historinha do ilustre doutor que contratou um humilde barqueiro para atravessar o rio. Enquanto o barqueiro remava, o doutor humilhava:

Você sabe matemática?

Sei não sinhô.

Então perdeu dez anos de sua vida. Geografia?

Nem imagino.

Perdeu mais dez anos. Química?

Nunca estudei, seu dotô.

E assim foi o diálogo e a humilhação até a canoa chegar no meio do rio e o pobre barqueiro pedir licença para perguntar:

Me desculpe interromper, dotô, mas o senhor sabe nadar?

Não, nunca me preocupei em aprender algo tão desnecessário em minha profissão acadêmica.

Então o dotô perdeu a vida inteira, porque a canoa está afundando.

Bem, eu não sou teólogo e nem perito em Exegese, que significa trazer à tona o significado de um texto, mas nunca é bom colocar o foco em uma passagem ou princípio e deixar passar tudo o que foi revelado por Deus na sua Palavra. É o caso, por exemplo, desta afirmação na carta aos Coríntios, quando fala da submissão da mulher: “estejam sujeitas, como também ordena a lei” (1 Co 14:34). Mas será que Paulo estaria se referindo só à Lei dada a Moisés? Também, pois em todo o Pentateuco vemos o homem assumindo o controle das coisas de Deus.

Mas essa “lei” da submissão feminina ao marido foi dada no jardim do Éden muito antes da Lei mosaica, e não foi exclusivamente para o povo de Israel, mas para toda a espécie humana. E é bom entender isso, porque o teólogo que você citou não entendeu e afirmou que Paulo teria dado essa ordem “no que diz respeito a observância da Lei”, certamente referindo-se à Lei dada a Israel. Seria estranho que Paulo fizesse isso com os Coríntios que eram gentios.

O melhor caminho é entender que a palavra “lei” na Bíblia nem sempre se refere exclusivamente à Lei mosaica, mas pode se referir à “lei de Cristo” (1 Co 9:21; Gl 6:2), o qual também deixou seus mandamentos, que eventualmente acrescentavam ao que havia sido dito na Lei mosaica, ou a modificava, quando eram precedidos de um “eu porém vos digo”.

Portanto a submissão da esposa ao marido não se originou na Lei dada a Israel, nem nos ensinos de Jesus nos evangelhos, nem na doutrina dos apóstolos nas epístolas. Ela foi concebida na eternidade e depois, na Criação, estabelecida no Éden, primeiro quando Deus criou a mulher para ser uma ajudadora de Adão: “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele” (Gn 2:18). Depois, quando seduzida pela conversa de Satanás, a mulher caiu em pecado e Adão deliberadamente decidiu segui-la, ainda que depois tentasse culpar a mulher e Deus, que a havia dado como esposa: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3:12).

Então veio a sentença para Satanás, travestido na serpente, ao mesmo tempo em que Deus providenciava a quebra do encanto exercido pelo diabo sobre a mulher, transformando-os em inimigos, anunciava que da mesma mulher viria aquele que esmagaria a cabeça da serpente, Cristo: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta [a semente da mulher] te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15).

A ordem da submissão que veio em seguida foi uma forma de Deus proteger a mulher, e não reprimi-la, como explicarei daqui a pouco: “O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”, seguida da reprimenda e maldição contra a terra e o fruto do trabalho de Adão justamente por ter dado ouvidos à mulher: “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn 3:16, 17).

Resumindo o que diz em Gênesis:

1. A serpente (Satanás) foi amaldiçoada por Deus.

2. A serpente passaria a ser inimiga da mulher.

3. A serpente feriria o calcanhar da semente da mulher (Jesus).

4. A semente da mulher (Jesus) feriria a cabeça da serpente (na cruz).

5. Por ganhar um inimigo (a Serpente) a mulher deve ser submissa ao marido.

6. Por ter dado ouvidos à mulher o homem precisará trabalhar duro.

Agora podemos entender melhor o que diz em 1 Timóteo 2:11-15: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, Nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. E **Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. **Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanece em fé, e amor, e santificação, com bom senso”.

A única maneira de Deus trazer ao mundo o Salvador, aquele que esmagaria a cabeça da serpente, seria através de uma mulher. Antes que alguma mulher pense que a maternidade seja uma posição inferior à do homem, leia com atenção o que vou repetir: O Salvador só poderia vir ao mundo por meio de uma mulher. Jesus não teve pai humano, mas teve mãe humana. O homem era, por assim dizer, dispensável no processo da vinda do Salvador ao mundo. A mulher não.

Dada a importância da mulher na obra da salvação do mundo, Deus quis “salvá-la” da influência de seu arqui-inimigo, o Diabo. Este continua sendo o principal inimigo da mulher até hoje, daí Deus preferir não expor a mulher para que ela não volte a ser enganada pelo Diabo. Mas essa salvaguarda a mulher só tem enquanto permanece na posição que Deus reservou para ela, ou seja, submissa ao homem. A passagem de 1 Timóteo 2 foi melhor traduzida na versão Almeida Revista e Atualizada, que traz “homem” ao invés de “marido”, porque a ordem é universal e não restrita ao matrimônio, e “será preservada” e não “será salva” como aparece em outras traduções, porque aqui não está falando de salvação eterna. A submissão ou sujeição foi o modo escolhido por Deus para proteger a mulher e mantê-la a salvo dos ataques de Satanás.

As mulheres que deliberadamente abrem mão dessa proteção ficam expostas ao mal, em especial doutrinário. Sabendo que Deus quis dar à mulher um lugar de proteção contra a influência do Diabo, não é de admirar que esta doutrina do lugar da mulher tenha sofrido tantos ataques e esteja hoje tão desacreditada. E não poderia ser diferente. Vivemos em tempos de apostasia (abandono da verdade), em um estado de ruína muito parecido com o que é descrito pelo último versículo do livro de Juízes, que relata um dos períodos mais tristes da história de Israel. Naquele livro você encontra mulheres no papel de juízas porque os homens tinham falhado em manter sua posição. E o livro termina assim: “Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21:25).

Acredito que você já tenha entendido, mas como algum teólogo moderninho pode querer ler este texto e acabar não entendendo, permita-me desenhar para mostrar como são maravilhosos os desígnios eternos de Deus, nos quais estava incluída a submissão da mulher ao homem porque prefigurava a Igreja em sua sujeição a Cristo:

Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. **Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim **também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido(Ef 5:22-33).

Agora vem a pergunta que dá sentido a este desenho: Quando foi que Deus determinou que seu Filho viria ao mundo como um sacrifício? Nos tempos eternos, pois “Cristo... um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (1 Pe 1:19-20). Do mesmo modo Deus “também nos elegeu nele [em Cristo] antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1:4). Então quando você pergunta se “Submissão feminina é coisa do passado” tenho de admitir que é sim, bem do passado, lá da eternidade passada quando nada e ninguém existia, além de Deus evidentemente.

E tem mais! A esse mesmo Paulo, tão desprezado pelos teólogos moderninhos, Deus revelou o mistério da Igreja, que nem os profetas do Antigo Testamento conheciam, e vamos deixar que Paulo explique: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir [completar] a palavra de Deus; O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos” (Cl 1:24-26).

Com tudo isso, para mim fica muito claro que a insubordinação feminina destrói o desenho que Deus traçou nos tempos eternos. Obviamente um homem precisaria ser muito bronco para achar que isso coloca a mulher aos seus pés como uma espécie de escrava diante de seu feitor. O homem espiritual “que é espiritual discerne bem tudo” (1 Co 2:15), inclusive que o papel exigido da mulher pode ser difícil se ela viver numa sociedade como a atual, mas o papel exigido do homem é impossível se quiser viver esse relacionamento na força da carne, e não no poder do Espírito e da nova vida em Cristo. Digo isto porque dele se exige: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5:22-33).

Prevendo que muitos iriam rejeitar o que Deus revelou a Paulo, o apóstolo Pedro deixou uma exortação em sua epístola: “Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; **como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. **Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade” (2 Pe 3:15-18).