Somente governantes justos são ministros de Deus?

Você perguntou se somente um governante que siga a lei e os mandamentos de Deus pode ser considerado ministro de Deus e revestido de autoridade delegada por Deus conforme o ensino de Romanos 13. Não, todo governante é ministro de Deus, e isso não depende de sua condição moral ou religiosa. É Deus quem determinou isso. Imagine a bagunça que seria um guarda de trânsito mandar você parar e, antes de obedecê-lo, você gritar pela janela do carro: “Prove que você é ministro de Deus para eu saber se devo lhe obedecer ou não; recite os Dez Mandamentos!”.

Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo” (Rm 13:1-6).

Se apenas as autoridades sujeitas a Deus e obedientes à sua vontade fossem realmente ministros de Deus, ou autoridades revestidas por Deus de poder para governar, Pilatos devia ter sido um homem muito santo e piedoso, mas sabemos que ele estava longe de ser assim. Todavia, o próprio Jesus afirmou que o poder ou autoridade que Pilatos tinha até mesmo para mandar crucificar o Filho de Deus tinham lhe sido dados do alto, ou seja, do próprio Deus.

Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado” (Jo 19:10-11).

Portanto é errado cristãos quererem impor um comportamento cristão nas nações deste mundo, pois o cristão é um estrangeiro e não se pode exigir que os governantes sejam cristãos por decreto. Até mesmo o Israel da antiguidade perdeu o direito a ser uma teocracia por causa de sua desobediência. Deus tirou o poder civil deles e entregou aos gentios e isso vai ser assim até Cristo voltar para estabelecer seu reino. Quando Jesus esteve aqui o poder já não estava nas mãos dos reis de Israel, e sim nas mãos de César. Herodes era um fantoche dos romanos e nem sequer era israelita, mas idumeu.

Muito antes dos tempos de Jesus aqui, Israel havia perdido o poder civil de ser cabeça das nações, e tinha se transformado em cauda. Deus havia deixado a eles só o poder religioso por meio dos sacerdotes, aos quais o próprio Jesus ordenava que as pessoas se submetessem, mas que depois também seriam deixados de lado com o advento da Igreja. Até mesmo os profetas de Israel, que eram a terceira via de autoridade no judaísmo (antigamente governados pela autoridade civil, religiosa e profética) desapareceram, tendo sido João Batista o último grande profeta.