Existe um padrão para a vida de cada pessoa?

Se existe um padrão para a vida de cada pessoa? Certamente. Afinal, todos viemos ao mundo a partir de uma mesma matriz com um defeito chamado “pecado”, que é nossa natureza que busca a autossuficiência em rebelião contra o Criador. Essa matriz foi gerada no Jardim do Éden, quando Satanás prometeu a Eva: “Sereis como Deus”. A partir daí nascemos achando que somos donos de nosso próprio nariz e destino. E uma vez dada a partida, corremos todos uma corrida semelhante e seguindo um mesmo padrão, que pode ou não ter um final feliz.

O processo de rebelião do homem, seja ele crente ou incrédulo, é mostrado nas etapas de distanciamento do “filho pródigo” ou perdulário no capítulo 15 do Evangelho de Lucas:

1. Começa com o filho mais novo fazendo exigências como se Deus estivesse ao seu dispor. Hoje você encontra essa disposição até entre pessoas que se dizem cristãs e acham que Deus lhes deve a obrigação de dar saúde e dinheiro em abundância: “Dá-me a parte da fazenda que me pertence” (vers. 12).

2. O filho pródigo se afasta o máximo possível do Pai, e acaso não é este o sentimento no coração de toda criatura que ainda não conhece a Cristo como Salvador e até mesmo daqueles que conhecem, mas deliberadamente preferem andar em pecado? “...partiu para uma terra longínqua” (vers. 13).

3. Ele desperdiça tudo o que recebeu por graça: “...ali desperdiçou a sua fazenda” (vers. 13).

4. Ele chega à estaca zero, fica sem nada: “...havendo ele gastado tudo” (vers. 14).

5. Ele passa necessidade: “...começou a padecer necessidades” (vers. 14).

6. Ele fica dependente de alguém, como um viciado depende do traficante fornecedor: “...e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra” (vers. 15).

7. Ele sofre degradação, pois o diabo promete, mas não entrega: “...o mandou... a apascentar porcos” (vers. 16) - apascentar porcos era uma profissão degradante aos olhos dos judeus.

8. Ele passa a desejar só o pior: “...desejava... o que os porcos comiam” (vers. 16).

9. Ninguém lhe dá nada no lugar que escolheu para viver longe do Pai: “...e ninguém lhe dava nada” (vers. 16) - como eu disse, o diabo promete, mas não entrega.

10. Felizmente ele cai em si quando percebe a graça e a abundância que há na casa do Pai e decide voltar arrependido, mesmo que seja na condição de “jornaleiro” ou “diarista”: “E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros” (vers. 17-19).

11. Mas ao invés de ser recebido como um jornaleiro ou diarista seu pai o vê ainda longe e corre para ele, recebendo-o com um beijo, um abraço, roupas limpas, anel no dedo e sandálias nos pés. Uma festa é dada e o Pai se alegra com o filho que voltou. “E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.” (vers. 20-24).

12. Enquanto o filho reconhecidamente pecador cai em si e volta arrependido para os braços do Pai, o filho mais velho, como qualquer religioso que se considera justo e correto e nunca saiu da casa do Pai, ao menos de modo visível, recusa-se a entrar na casa: “ele se indignou, e não queria entrar” (vers. 28). A verdade é que ele sempre viveu longe do Pai por valorizar mais seus amigos, talvez “justos e corretos” como ele, e isso fica claro em sua reclamação: “Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me COM OS MEUS AMIGOS” (vers. 29).

Se você for como o filho mais jovem, que reconhece que pisou na bola toda a sua vida, em que estágio você se encontra? Que tal voltar arrependido de seu pecado e receber por graça o perdão e a comunhão do Pai? Ou será que você é como o filho mais velho, que se acha justo e correto e fica indignado ao saber “que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (1Tm 1:15)? Então espero que seja como Paulo, que era justo e correto segundo sua religião judaica, e isso o levou a ser cúmplice e culpado da prisão e assassinato de famílias inteiras de cristãos, até ser alcançado pela misericórdia de Deus e considerar como esterco toda aquela tradição religiosa que recebeu de seus pais, aceitando que a salvação era tão somente pela fé e que ele era o principal dentre os pecadores.