Podemos congregar ao nome do Senhor numa praça?
Não há nada de errado em se pregar o evangelho para incrédulos numa praça, mas quando estamos congregados ao nome do Senhor é importante entender o caráter reservado dessa reunião. Nos evangelhos sempre que o Senhor tinha coisas mais elevadas para dizer ele não dizia para a multidão, mas chamava os discípulos à parte ou a uma casa. Quando ele os enviou para preparar a páscoa, não foi numa praça, mas num cenáculo, um andar elevado acima do nível do chão e do mundo.
“Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa. E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos” (Lc 22:7-14).
E vemos também que foi num lugar assim que a igreja teve início, em um cenáculo, mas entenda que estou falando do aspecto de estar congregado acima do nível do chão e dos homens, e não que a Igreja precisaria se reunir literalmente num sobrado:
“Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado. E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos. E naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos (ora a multidão junta era de quase cento e vinte pessoas) disse...” e aqui Pedro e os outros vão tratar da escolha de Matias para ocupar o lugar de Judas entre os doze apóstolos.
Mas fica evidente que as mesmas cento e vinte pessoas estavam no cenáculo quando, no capítulo 2, o Espírito Santo desceu e teve início a Igreja, que é o Corpo de Cristo, quando Deus reverteu o que fez em Gênesis, ao dividir os seres humanos por diferentes línguas. Agora, como Igreja, seria possível que todos tivessem um mesmo pensamento e um mesmo entendimento, mesmo que falassem diferentes idiomas. Tudo isso ocorreu no mesmo cenáculo do capítulo 1:
“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2:1-4).
Também quando Paulo partiu o pão com os irmãos e Êutico caiu da janela, era um lugar elevado, e isso nos fala de estarmos em um lugar separado e acima do movimento deste mundo.
“E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite. E havia muitas luzes no**cenáculo **onde estavam juntos. E, estando um certo jovem, por nome Êutico, assentado numa janela, caiu do terceiro andar, tomado de um sono profundo que lhe sobreveio durante o extenso discurso de Paulo; e foi levantado morto. Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, que a sua alma nele está. E subindo, e partindo o pão, e comendo, ainda lhes falou largamente até à alvorada; e assim partiu” (At 20:7-11).
Tudo isso nos ajuda a enxergar que a reunião da igreja não é um evento público, é reservada para os salvos, embora um ou outro visitante possa eventualmente assistir sem participar do ministério, ceia do Senhor e orações. As atividades da reunião da igreja ou assembleia não incluem a pregação do evangelho, embora obviamente o tema sempre irá girar em torno da pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas as atividades que cabem à reunião da igreja ou assembleia são a doutrina e comunhão dos apóstolos para a Igreja, a ceia do Senhor e as orações, como mostra Atos 2:42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.