A Palavra de Deus proíbe tatuagens?

Você escreveu perguntando se li a passagem de Levítico 19:28 normalmente usada para condenar tatuagens. Ali diz: “Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o Senhor” ou, na versão de J. N. Darby, “**Cortar a própria carne por causa de uma pessoa morta **vós não fareis, Nem colocareis quaisquer escritos de tatuagem sobre vós”. Também citou 1 Coríntios 6:20, que seria a afirmação feita por Deus no Novo Testamento de que nossos corpos pertencem a ele: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”.

Sim, conheço as passagens e elas têm sido minha resposta “default” ou “padrão” ao longo dos anos para aqueles que me escrevem perguntando o que a Bíblia diz de tatuagens. Tenho até dois textos publicados em meu site “O que respondi” sobre o assunto, “O cristão pode fazer tatuagem?” e “Posso me tatuar para a glória de Deus?”.

Neles cito essas passagens entre outras, e também falo da origem pagã, idólatra, ocultista e espiritualista da tatuagem, a qual não era encontrada entre o povo terreno de Deus, Israel. Também já escrevi uma crônica chamada “Diversidade à flor da pele” sobre tatuagens do ponto de vista de carreira, independentemente de a pessoa ser ou não cristã, pois é notório que muitas empresas têm reservas quanto a contratar alguém tatuado. Qual não é a decepção de alguns que se prepararam para uma carreira e se veem descartados na hora da decisão final, perdendo a vaga para alguém talvez não tão bem preparado, mas sem causar o impacto que sua tatuagem causou no entrevistador.

Apesar de não gostar de pele tatuada, ainda que possa amar a pessoa que carrega a tatuagem, ultimamente tem sido um desafio responder às muitas dúvidas de pessoas que me escrevem querendo saber, não minhas opiniões ou preferências pessoais, mas o que a Bíblia realmente diz sobre o assunto. Não posso responder com frases do tipo “É assim que os irmãos pensam...” ou “Não fazemos tal coisa porque poderia escandalizar...”. O problema é que o argumento do escândalo pode ser usado para qualquer coisa, e hoje há tantas ideias na cristandade que se não quiséssemos escandalizar teríamos de voltar a viver na Lei mosaica do Antigo Testamento, pois é lá que a maioria dos cristãos busca suas doutrinas. Mas aí estaríamos escandalizando aqueles que sabem que já não estamos sob a Lei, mas na graça.

Quando a fotografia foi inventada, muitos cristãos fizeram oposição àquilo porque entendiam que era pecado fazer imagens, conforme diz o mandamento da Lei. “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Ex 20:4). Em 1992 visitei uma irmã em Cristo na Escócia em companhia de um irmão mais velho, e antes de chegarmos à casa dela ele me avisou para guardar a câmera. Ela congregava em um grupo de cristãos que não aprovavam fotografias. Isso foi nos anos 1990 e acredito que o grupo nem exista mais.

Obviamente muitos desses costumes mudaram mesmo entre irmãos que tinham dificuldades para aceitar as novas tecnologias que surgiram na idade moderna. Tome, por exemplo, a televisão. Em casa não tivemos TV até nossos filhos chegarem aos 17 ou 18 anos, que foi quando nos mudamos para um apartamento em um condomínio no qual o custo da TV a cabo estava incluído. Então emprestamos uma velha TV de meus pais com o argumento de que, sendo TV a cabo, poderíamos filtrar a programação e assistir apenas History Channel, Mundo Animal e coisas do gênero. Obviamente estávamos enganados. Mas mesmo que hoje existam irmãos que preferem não assistir TV em casa (e até aqui tem sido esta a opção que meus filhos fizeram em seus próprios lares), já não é possível deixar de levar a TV no bolso, no mesmo smartphone onde levamos nossa Bíblia, hinário e uma coleção de livros cristãos. Agora o “não ter TV” deixou de ser uma opção e o controle próprio passou a ser uma necessidade.

Quando comecei a produzir os vídeos de “O Evangelho em 3 Minutos” alguns irmãos não gostaram da novidade, pois achavam que seria errado usar vídeos para evangelizar. Eu já tinha enfrentado alguma oposição e críticas quando criei meu primeiro site “Histórias de Verdade”, numa época quando quase ninguém tinha Internet e muitos achavam que as coisas de Deus não poderiam se misturar com as coisas do mundo em uma mesma plataforma. Uma das razões apresentadas era a ideia do “carro de boi”, tirada do Antigo Testamento em 1 Samuel 6, quando o povo de Israel usou dos mesmos meios dos incrédulos filisteus para carregar a Arca da Aliança que teria de ser carregada só da maneira ditada por Deus, ou seja, por meio de varais nos ombros dos levitas.

Mas se tomarmos a passagem como regra teremos de limitar a evangelização às pregações orais e o ensino bíblico a cartas manuscritas, pois eram estas as mídias utilizadas nos tempos bíblicos. Não poderíamos usar microfones, e já ouvi falar de ao menos um cristão que abomina os microfones sem fio por achar que o príncipe das potestades do ar poderia distorcer o que é dito e transmitido através das ondas eletromagnéticas que viajam pelo ar. Também não poderíamos usar mensagens gravadas em áudio ou vídeo, além de calendários com fotos coloridas, telefone, rádio, Internet, etc. E até mesmo teríamos de deixar de usar o papel, já que este surgiu muito tempo depois dos tempos bíblicos. Nossas Bíblias seriam em tabletes de argila, rolos de peles de animais ou papiros vindos do Egito.

Mesmo hoje acredito que muitos irmãos mais velhos não aprovem o uso de vídeos ou de textos na Internet para evangelizar ou publicar a sã doutrina. Já ouvi um argumento de que não devemos colocar as coisas de Deus lado a lado com as coisas imorais e pagãs que existem na Internet. Um irmão me disse conhecer alguém que usava desse argumento para não concordar com a venda de livros de sã doutrina em sites como o da Amazon.

O argumento “Os irmãos não costumam fazer assim” que podemos ser tentados a usar no caso da tatuagem pode incluir a questão do vestir e da maquiagem, que costuma ser a dúvida de muitos que me escrevem. Existe sempre o risco de aceitarmos algo apenas como tradição humana, mesmo que seja uma boa tradição, porque a linha que separa uma boa tradição da discriminação e preconceito é muito tênue.

Para a questão das tatuagens não existe uma resposta simples do tipo “pode” ou “não pode”. Aqueles que lidam com a questão devem buscar sabedoria na Palavra e a direção do Espírito Santo antes de agir. É tentador considerar algo certo ou errado por termos afirmado algo ao longo dos anos e mantermos nossa posição até por conta da preservação da imagem própria. Alguém poderia nos cobrar: “Você dizia que isso é errado, como agora diz que é certo?!” Li sobre J. N. Darby, que quando seu editor foi publicar uma nova edição de um de seus primeiros livros, perguntou a ele se queria mudar algumas coisas no texto, pois sabia que Darby havia mudado de opinião sobre algumas afirmações que fizera na época. Ele respondeu que publicasse do jeito que estava, pois era assim que ele entendia essas coisas na época.

Mas antes que me interprete como um “vira-casaca” neste assunto, é bom saber que continuo achando que a tatuagem não traz qualquer benefício a um cristão, mas pode servir sim de tropeço na hora de compartilhar sua fé. Uma pessoa incrédula e tatuada não faria caso de ouvir o evangelho de alguém que não tenha tatuagens, mas existem muitos em todo o mundo, e isso pode variar para mais e para menos dependendo do país, que nem sequer parariam para ouvir o evangelho ou pegar um folheto evangelístico de alguém tatuado. Portanto, antes de decidir-se por fazer uma tatuagem é bom perguntar se aquilo será um auxílio ou empecilho na hora de compartilhar sua fé. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm” (1 Co 6:12).

Quando Paulo escreveu sobre a questão do escândalo entre irmãos em Cristo, um assunto na época muito propício porque a mistura de judeus e gentios gerava grandes discussões sobre alimentos puros e impuros do ponto de vista do judaísmo, ele disse: “Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu” (Rm 14:15). Eu poderia parafrasear isso trocando “comida” por “tatuagem” no sentido da evangelização dos incrédulos, e para isso temos um preceito claro em outra epístola do apóstolo que fala do cuidado que devemos ter, não apenas para com nossos irmãos na Igreja de Deus, mas também com incrédulos: “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus” (1 Co 10:32).

Deixando de lado meus gostos e preferências pessoais, devo admitir que o versículo que fala da tatuagem em Levítico 19:28 está claramente associado ao luto pelo que morreu e naquele contexto a tatuagem fazia parte de um ritual pagão. “Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o Senhor.” Na versão de Darby a palavra “marca” Aparece traduzida como “tattoo”. Esses cortes ou marcas parecem ser os mesmos “golpes na carne” de Levítico 21:5: “Não farão calva na sua cabeça, e não raparão as extremidades da sua barba, nem darão golpes na sua carne”. Aqui a proibição inclui não fazer “calva na cabeça” e nem rapar “as extremidades de sua barba”.

Os monges budistas têm a cabeça rapada, e os sacerdotes católicos praticam a “tonsura”, que é rapar um pequeno círculo de cabelo no topo da cabeça. Ambos fazem isso por razões religiosas. Outros podem rapar o cabelo não só por razões religiosas, mas para se livrarem de piolhos, para a prática de esportes, ou mesmo quando são vítimas de “trotes” ao entrarem na universidade. A proibição de se cortar as extremidades da barba é obedecida por alguns judeus, muçulmanos e cristãos tradicionais e fundamentalistas até hoje. Se acatarmos como regra para o cristão a parte do versículo que proíbe a tatuagem teremos de acatar também aquela que proíbe rapar a cabeça e cortar as pontas da barba.

A tatuagem ou prática de se cortar a carne volta a aparecer em Deuteronômio 14:1, também associada a práticas ritualísticas pagãs em respeito aos mortos: “Filhos sois do Senhor vosso Deus; **não vos dareis golpes, nem fareis calva **entre vossos olhos por causa de algum morto”. Neste caso talvez se refira ou inclua o autoflagelo, comum entre católicos na Idade Média e ainda hoje entre católicos do México e Filipinas, além de muçulmanos. Jeremias é outro que fala do assunto: “E morrerão grandes e pequenos nesta terra, e não serão sepultados, e não os prantearão, Nem se farão por eles incisões, nem por eles se raparão os cabelos” (Jr 16:6).

Não creio que iremos encontrar hoje muitos cristãos rapando a cabeça, cortando a barba ou se tatuando em um ritual pelos mortos. São muitas as outras razões pelas quais pessoas fazem tatuagens, umas ruins, outras não. Talvez a razão de eu não gostar de tatuagem tenha a ver com minha idade e criação, pois na minha infância aprendi que tatuagem era coisa de piratas, presidiários e prostitutas. Mas embora eu me posicione contra tatuagens por uma questão de gosto pessoal ou de costumes adquiridos pelo modo como fui criado, seria desleal querer usar da Bíblia para justificar meus pensamentos e dizer que encontro nela uma proibição declarada, como era o argumento que eu costumava usar há algum tempo baseado nesses versículos do Antigo Testamento.

Algumas pessoas precisam tatuar avisos na pele caso venham a precisar de socorro médico de urgência. Isso é feito por diabéticos, pessoas sujeitas a acidentes que precisam tatuar seu tipo sanguíneo, pessoas com alergias a medicamentos ou alimentos, etc. Existem pessoas que sofrem de amnésia e têm nome, endereço e outras informações tatuadas no corpo para o caso de se perderem. Hoje é cada vez mais comum a tatuagem das sobrancelhas, que no início era feita apenas por pessoas que perderam o cabelo por causa de tratamentos médicos. Outros usam a tatuagem para disfarçar partes do couro cabeludo onde existam falhas sem cabelo. Oftalmologistas usam de um procedimento para tatuar o olho cego de alguns pacientes para evitar que a perda da coloração crie uma aparência repulsiva nas pessoas. Médicos também tatuam pontos na pele de pessoas que precisam passar por aplicações repetidas de radiação, para não perderem o local exato da aplicação. Nenhum destes casos poderia ser incluído na proibição citada no Antigo Testamento, embora eu tenha ouvido casos de cristãs que acreditem que a Bíblia condene a tatuagem, mas que renovaram o formato de suas sobrancelhas por meio de... tatuagem!

Outra passagem usada como argumento contra a tatuagem é 1 Coríntios 6:20, que fala do cuidado e respeito que devemos ter ao corpo como templo do Espírito Santo. Mas talvez o versículo pudesse ser usado em casos de autoflagelo como o praticado por católicos e muçulmanos, e mais adiante explico a razão.

Existe também entre alguns adolescentes a automutilação feita com o corte da pele com lâminas. Isso costuma estar associado a trauma, abuso, drogas, ou tendência de autodestruição e suicídio, além de problemas mentais. Mas será que poderíamos chamar de automutilação ou falta de respeito para com o corpo o caso de alguém que faz uma tatuagem por razões estéticas? Na mente daquela pessoa a tatuagem é um investimento de melhoria para seu corpo, não um dano ou automutilação. Tatuagens artísticas podem custar bem caro e para aqueles que gastam com isso são vistas como um investimento na boa aparência, como aquele que é feito com cirurgias plásticas, tratamentos para perda de peso, academia, salão de beleza e barbearia. Uma tatuagem pode significar também uma prova de amor para com um filho, cônjuge ou progenitor.

Portanto, se a tatuagem moderna nada tem a ver com os cortes na pele por razões ritualísticas pagãs, conforme a citação do Antigo Testamento, talvez não possa também ser considerada, no crente, um ataque contra o corpo que é o templo do Espírito. Então qual seria a razão para não fazer uma tatuagem ou mesmo trabalhar nesse segmento de negócios? Além dos problemas que uma tatuagem pode trazer, por exemplo para arranjar emprego ou até um namorado ou namorada com o mesmo nome do relacionamento anterior, a gama de figuras demoníacas e ritualísticas existente nos catálogos de tatuagem já seria motivo suficiente para um cristão ficar longe dessa prática. A maioria das pessoas que escolhe uma figura nem faz ideia da mensagem que pode estar passando por meio de seu corpo a homens e anjos.

Um cristão que trabalhe com tatuagem poderá ter problemas de consciência quando o cliente escolher uma figura claramente satânica, mística ou idólatra, às vezes até ligada à bruxaria, e o tatuador precisará ficar ocupado com essa imagem por horas e dias seguidos. Muitos cristãos, por razões de consciência, recusam-se a ir à guerra, trabalhar em determinados segmentos de negócio, atender determinados clientes ou fazer certos tipos de serviços. Eventualmente o tatuador cristão teria de lidar com isso, mas é difícil prever quantos clientes ele perderia se evitasse figuras inapropriadas do ponto de vista bíblico e que violassem sua consciência. Não se trata de discriminação, mas de problema de consciência.

Outra dificuldade seria quando clientes solicitassem tatuagens nos órgãos genitais e em outras partes íntimas, o que obrigaria o tatuador ou tatuadora a se ocupar com um corpo nu por horas a fio. Talvez alguém argumente que médicos, estilistas, massagistas e outros profissionais passam por isso, mas também sabemos do risco moral que isso envolve e de casos em que profissionais assim acabaram se envolvendo com um paciente ou cliente depois de ter tido acesso à sua intimidade. Alguns até mesmo acabaram processados ou presos por assédio ou estupro, em razão de seus avanços sobre um corpo nu que lhes pareceu convidativo depois de ter ganhado acesso à sua intimidade.

Existe outro pensamento que gostaria de compartilhar, o qual pode ou não ser válido. No século 19 e início do século 20 os filhos usavam as mesmas roupas dos pais, falavam da mesma maneira e tinham as mesmas tecnologias, pois as coisas não chegavam a mudar muito em um século. Hoje vivemos quatro ou cinco gerações de costumes, ideias e tecnologias em apenas uma vida. É difícil nos acostumarmos com coisas que não faziam parte de nosso hábito quando éramos mais jovens, mas que hoje fazem parte da vida diária de nossos filhos. Por esta razão muitos pais precisam hoje dos filhos para usar tecnologia, algo que no passado sempre foi o inverso.

A maneira como abordamos questões como a da tatuagem irá dizer se estamos fundamentados na Palavra de Deus ou apenas repetindo costumes, preceitos e tradições que recebemos da geração anterior. O Senhor Jesus repreendeu os fariseus por fazerem algo assim: “Invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mt 15:6-9). Esta passagem pode ser lida de mais de uma maneira. Podemos, por exemplo, anular algo que Deus disse quando tinha em mente a idolatria, como é o caso dos versículos sobre tatuagem, só por não se adequar às tradições que recebemos de nossos pais.

Costumo receber de pentecostais perguntas sobre o “espírito das prostituições”, pois seus pastores pregam que se caírem em algum pecado moral ficarão possessos do “espírito das prostituições”. Você já pode imaginar o estrago que isso faz na mente de um jovem cristão quando sai dos trilhos em assuntos envolvendo namoro e relacionamentos. A verdade é que ninguém verdadeiramente convertido a Cristo pode ser possuído por algum espírito imundo, pois já é habitado pelo Espírito Santo que foi prometido por Jesus para ficar para sempre com os salvos.

Ao tirar o versículo de Oséias 5:4 de seu contexto, que tinha a ver com a infidelidade de Israel e sua prostituição com os ídolos pagãos, os pastores fazem disso uma ferramenta de terror. Costumo receber e-mails de pessoas desesperadas por terem cometido um pecado moral, pois onde congregam são ensinadas que aquilo selou para sempre seu destino eterno e que não há mais volta. Nunca mais terão perdão e estão possessas de um espírito de prostituição. Essa irresponsabilidade de alguns pregadores já levou pessoas ao suicídio.

Vou transcrever aqui a passagem toda de Oséias para mostrar como muitos são manipulados e aterrorizados por líderes religiosos inescrupulosos, e acredito que sirva também como alerta para sabermos dividir bem a Palavra da verdade a fim de não usarmos passagens fora do contexto que possam afligir nossos irmãos.

Depois de dizer em Oseias 4 que “O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe responde... Sacrificam sobre os cumes dos montes, e queimam incenso sobre os outeiros... e com as meretrizes sacrificam... Efraim está entregue aos ídolos”, indicando claramente que prostituição nesta mensagem tem um aspecto de infidelidade para com Jeová e idolatria, o profeta continua “Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutai, ó casa de Israel, e dai ouvidos, ó casa do rei, porque contra vós se dirige este juízo, visto que fostes um laço para Mizpá, e rede estendida sobre o Tabor. Os revoltos se aprofundaram na matança; mas eu castigarei a todos eles. Eu conheço a Efraim, e Israel não se esconde de mim; porque agora te tens prostituído, ó Efraim, e Israel se contaminou. Não querem ordenar as suas ações a fim de voltarem para o seu Deus, porque o espírito das prostituições está no meio deles, e não conhecem ao Senhor” (Os 5:1-4).

Espero que compreenda que tudo o que escrevi não é um aval às tatuagens. Se alguém me perguntar se deve fazer uma tatuagem ou trabalhar neste segmento de negócio minha resposta será “Não” e isso pelas várias razões pessoais que apresentei aqui. Mas seria temerário tentar fundamentar minhas razões na Bíblia e em especial nos versículos comumente citados para este caso. Sei de irmãos que fizeram tatuagem depois de convertidos e não tenho nada a ver com suas razões para isso. Conheço também os que fizeram antes de sua conversão e hoje não fariam e são contra por diferentes razões.

Cada um dará conta de si mesmo a Deus, tanto por fazer algo que possa servir de empecilho ao seu testemunho e à evangelização, quanto causar dificuldades em sua vida sentimental e profissional. Se esse “algo” for uma tatuagem, é melhor você pensar seriamente sobre isso, principalmente porque mudamos muito ao longo de nossa vida. Até mesmo aquilo que você considerava belo há dez ou vinte anos pode não achar tão bonito agora e talvez venha a detestar no futuro. Isso acontece com modelo de roupa, cor de carro ou decoração da casa. Por que você acharia que com uma arte qualquer estampada em sua pele aconteceria diferente?