O que significava “vida eterna” para um israelita?
Você perguntou qual era a concepção de “vida eterna” para um israelita vivendo nos tempos do Antigo Testamento, ou mesmo para aquele jovem rico que abordou Jesus perguntando como alcançá-la. A resposta é que para eles “vida eterna” era um conceito diferente daquilo que temos como salvos por Cristo, pois para o israelita “vida eterna” era mais no sentido de vida perene ou vida perpétua aqui na terra.
O céu não era a recompensa prometida aos israelitas, e sim uma vida de abundância, saúde e prosperidade na terra. Mas para o cristão, “tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes... a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (1Tm 6:8; Fp 3:20-21).
No Antigo Testamento a promessa era que aquele que guardasse a Lei viveria pela lei, ou seja, não morreria. “Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles... Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas” (Lv 18:5; Rm 10:5). Agora você vai entender melhor o diálogo entre o jovem judeu rico e o Senhor no evangelho: “E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19:16-17).
Obviamente nenhum judeu conseguia guardar todos os mandamentos da Lei por serem todos pecadores, e o jovem mentia quando dizia que tudo tinha guardado desde a sua mocidade. Você teria coragem de dizer que tem guardado todos os mandamentos desde sua mocidade? E aquele que diz “não cobiçarás”? Nunca olhou para algo ou alguém com um sentimento de cobiça ou um desejo impuro em seu coração? Aquele jovem rico não iria obter vida eterna, no sentido judaico da expressão, pois acabaria morrendo antes de conseguir cumprir toda a Lei. Por isso Jesus, que era sem pecado e o único capaz de cumprir a Lei, nunca teria morrido se não tivesse entregado a própria vida. Ninguém o matou, ele entregou sua vida.
“Por isto o Pai me ama, porque **dou a minha vida **para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai... E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo 10:17-18; 19:30).
Portanto, a noção de “vida eterna” para um judeu era diferente da que é garantida ao cristão pela fé em Cristo. As promessas de vida no Antigo Testamento tinham o significado de uma vida que não terminaria aqui na terra, e assim será durante o reino de Cristo no milênio, quando haverá saúde para todos, e o apóstolo João descreve um “rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações” (Ap 22:1-2).
Mas a vida eterna oferecida ao judeu e às nações no milênio não é a que qualquer um que crê em Cristo na presente dispensação pode desfrutar desde o momento em que creu. Esta “vida eterna” se trata da própria vida que vem de Deus, que não tem começo e nem fim. Lembre-se de que eterna não é algo sem fim, mas é algo sem começo também porque eternidade não inclui tempo.