Quem era o vulgo que saiu do Egito?

A passagem de sua dúvida é esta: “E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos. E era o maná como semente de coentro, e a sua cor como a cor de bdélio” (Nm 11:4-7).

Ela pode indicar que eram egípcios e pessoas de outras nacionalidades que moravam no Egito e, depois das pragas, viram que Deus estava a favor dos israelitas. Outras versões dizem “o populacho”, “a grande mistura de gente”, “um grupo de pessoas”, “estrangeiros”, indicando que não eram israelitas. Considerando o tempo que os israelitas viveram no Egito é bem possível que tivessem simpatizantes, parentes e amigos entre os egípcios e também entre os povos estrangeiros que habitavam aquela nação. O Egito era uma nação cosmopolita, um verdadeiro caldo de povos e culturas, como são as grandes cidades do mundo.

À semelhança daqueles que atravessaram o mar aberto com os israelitas, mas não eram genuínos representantes do povo de Deus de outrora, hoje existem muitos que caminham juntamente com os cristãos por este deserto que é o mundo, mas estão nesta jornada por motivos diversos. Pode ser medo de ser condenado com o mundo, superstição, amizade com algum crente, interesse em alguma garota ou garoto, desejo de uma carreira eclesiástica pelo dinheiro e fama, status, busca por votos na carreira política, desejo de agradar um patrão crente, etc.

Estes são cristãos professos, apenas “da boca pra fora”, e vivem misturados com verdadeiros. São joio no meio do trigo, que não têm uma nova vida, nem a salvação, nem qualquer apreciação por Jesus, aquele que disse “Eu sou o pão que desceu do céu” (Jo 6:41). O maná era uma figura de Cristo, e os que estão nessa jornada por puro interesse nenhum prazer encontram nesse Pão vindo do céu. Para esses, Cristo não é apenas desinteressante, mas pode ser até intragável, como era: “Coisa nenhuma há senão esse maná diante de nossos olhos”, diziam eles, ou “a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Nm 21:5). Eram esses que reclamavam, “Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos” (Nm 11:4-6).

Se você estiver entre esse “vulgo” — se você for cristão apenas por amizade e interesse —, é melhor acordar para o fato de que sua jornada não terminará na “Canaã celestial”, mas no lago de fogo. Você pode enganar a muitos, mas não a Deus, pois naquele dia você não terá desculpa nem argumento para ter rejeitado crer verdadeiramente no Salvador, e ficará mudo na presença do Rei que estará, não mais como o humilde Jesus que caminhou aqui, mas como Juiz, o Filho do Homem que há de julgar vivos e mortos.

E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mt 22:11-14).