Qual Bíblia de Estudo você utiliza?
Nenhuma “Bíblia de Estudo”. Uso uma Bíblia comum traduzida por João Ferreira de Almeida, e intercalo entre a Versão Almeida Corrigida Fiel, a Versão Almeida Revista e Corrigida e a Versão Almeida Revista e Atualizada. Para o “voto de Minerva” de algum texto duvidoso na forma de traduzir eu uso a versão inglesa da “New Translation” de John Nelson Darby, mas não deixo de considerar também algumas boas versões católicas.
Não existe “Bíblia de Estudo Almeida Corrigida” ou “Bíblia de Estudo Almeida Atualizada”, como alguma editora possa ter publicado por aí. João Ferreira de Almeida traduziu a Bíblia para o português e seu Novo Testamento foi publicado em 1681. Mas ele faleceu antes de terminar o Antigo Testamento e por isso outros completaram seu trabalho. O que diferentes editoras fazem é pegar a tradução Almeida, acrescentar comentários nos rodapés e lançar como “Bíblia de Estudo” acrescentando o nome de Almeida ou do comentarista.
Não uso nenhuma Bíblia de Estudo porque as que existem em Português em sua maioria trazem erros graves nos comentários (não no texto bíblico, obviamente). Até mesmo os subtítulos que são introduzidos pelos editores segundo seu próprio entendimento trazem erros graves, como o subtítulo que encabeça o capítulo 54 de Isaías que na Bíblia impresso que utilizo traz “O progresso e a glória da Igreja”, quando a Igreja sequer aparece uma única vez no Antigo Testamento, por ser um mistério que ficou oculto em Deus e escondido inclusive dos profetas do Antigo Testamento, até ser revelado a Paulo.
Quando as Bíblias de Estudo que existem por aí são publicadas por editoras pentecostais, acabam incluindo essa doutrina que não ensina a salvação por graça, mas a manutenção da salvação por perseverança. Quando são de comentaristas católicos ou protestantes fundamentalistas trazem uma visão equivocada da Igreja, por a considerarem como um Israel 2.0, perdendo de vista as diferentes dispensações e maneiras distintas de Deus tratar com o homem ao longo das eras.
A Bíblia de estudo “menos ruim” é a comentada por Scofield, mas considerando que ele era um pastor denominacional alguns de seus comentários podem induzir o leitor a achar que está tudo bem pertencer a uma denominação. Os comentários que ele inclui são de coisas que aprendeu com irmãos que viveram antes dele e não pertenciam a nenhum sistema denominacional, mas obviamente Scofield deixou de fora aquilo que poderia apontar que não existe um clero na Palavra de Deus para a Igreja, mesmo porque ele próprio era um clérigo.
Já usei a Bíblia comentada por Scofield no início de minha conversão e quando comecei a congregar ao nome do Senhor somente. Com o tempo descobri que eu ganharia mais indo direto aos autores com os quais o próprio Scofield havia aprendido alguns de seus comentários e passei a usar uma Bíblia comum Almeida (versão Corrigida ou Atualizada) e a ler os comentários em livros. Um irmão costumava dizer que quando via um cristão denominacional lendo uma Bíblia de Estudo Scofield ele se alegrava, pois poderia aprender algo sobre as dispensações e algumas verdades sobre a Igreja. Mas quando via um irmão em comunhão congregado ao nome do Senhor com uma Bíblia Scofield ele se entristecia.
Hoje uso no PC o aplicativo de Bíblias e-Sword e no Android o MySword. Ambos permitem sincronizar a passagem das Escrituras em diferentes versões com comentários (em inglês) de autores do século 19. Você pode encontrar estes aplicativos fazendo buscas pelos respectivos nomes e também garimpando módulos de Bíblias, comentários, livros e mapas convertidos para esses formatos. Tenho disponível no computador e smartphone quase 30 versões da Bíblia e mais um tanto assim de comentários e mais ainda de livros. Hoje é possível levar no computador ou smartphone uma biblioteca cristã para a qual precisaria de uma Kombi para carregar, se fossem Bíblias e livros impressos. Com tantas possibilidades não há motivo para se limitar a uma “Bíblia de Estudo”, principalmente se ela for tendenciosa ao representar alguma denominação católica ou protestante.