Qual a diferença entre benção e milagre?
Entendo que abençoar pode ser oferecer um benefício a alguém ou simplesmente falar bem de alguém. Milagre, por sua vez, é algo sobrenatural. Mas vamos deixar que o "New and Concise Bible Dictionary” — Morrish Edition — explique melhor.
Bênção — Existem duas aplicações distintas da palavra “bênção”. Deus abençoa ao seu povo, e seu povo abençoa a Deus, sendo a mesma palavra constantemente utilizada em ambos os casos. É óbvio, portanto, que deve existir mais de um sentido para o termo. Além disso, lemos que “o menor é abençoado pelo maior” (Hb 7:7), e apesar de estar se referindo a Melquisedeque abençoando a Abraão, o mesmo vale para Deus e suas criaturas: ao conceder favores, Deus é o único que pode abençoar. O cristão pode dizer que Deus “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3), mas a mesma passagem diz “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”, significando “Graças sejam dadas ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Este significado é mais bem explicado pelos registros da instituição da ceia do Senhor. Em Mateus e Marcos o Senhor tomou o pão e o “abençoou”. Em Lucas e 1 Coríntios 11:24 “ele tomou o pão e deu graças”. “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1:17). Trata-se de Deus nos abençoando, e pelo que nós abençoamos a Deus por meio de ações de graças, louvor e adoração.
Milagres — Nenhum crente sincero na inspiração das escrituras pode ter dúvidas quanto aos verdadeiros milagres que foram efetuados pelo poder de Deus, tanto nos tempos do Antigo, quanto do Novo Testamento. É a chamada filosofia, ou o ceticismo, que mistifica o assunto. Muito se fala a respeito das “leis da natureza”, e se afirma com convicção que tais leis sejam irrevogáveis e não podem ser quebradas. A isso se deve acrescentar que leis da natureza que eram desconhecidas são frequentemente descobertas, e se nossos antepassados pudessem testemunhar a aplicação de algumas das mais recentes descobertas, como computadores, telefones celulares, etc., considerariam essas coisas como milagrosas. Com isso costuma-se argumentar que os acontecimentos registrados nas escrituras como sendo milagres eram apenas a aplicação de algumas leis da natureza que as pessoas daquela época desconheciam.
Tudo isso é fundamentado numa falácia. Não existem leis da natureza, como se a natureza fosse capaz de criar suas próprias leis: existem leis na natureza, as quais Deus, em sua sabedoria como Criador, decidiu criar. Mas aquele que fez essas leis certamente possui o mesmo poder para suspendê-las ao seu bel prazer. Apesar de estarem sendo descobertas novas leis na natureza de tempos em tempos, elas de modo algum têm algo a ver com coisas como um morto que volta a reviver, um cego que passa a ver, um surdo a ouvir, um paralítico a andar, e demônios a serem expulsos daqueles que eram possuídos por eles. Tampouco tem a filosofia natural descoberto qualquer lei que irá explicar coisas como um machado flutuando na água. A pura e simples verdade é que Deus, em sua sabedoria, permitiu que algumas das leis naturais fossem suspensas, e em certas ocasiões ele exerce seu indescritível poder, como quando supriu os israelitas com maná vindo do céu, e quando alimentou milhares a partir de poucos pães e peixes, ou quando devolveu a vida que havia deixado um corpo. [Traduzido de “New and Concise Bible Dictionary” — Morrish Edition].