O que você acha dos vídeos sobre os Illuminati?

Com a facilidade de se publicar vídeos na Internet as pessoas ganharam acesso a tudo o que existe de bem e mal. É claro que o mal sempre dá mais audiência do que o bem. Os telejornais sensacionalistas estão aí para provar isso.

Eu particularmente não gosto de “especialistas no mal”, ou seja, ministérios de cristãos que se ocupam com o mal ao invés de exaltarem a Cristo. De uma forma indireta acabam promovendo o mal e levando mais pessoas a se interessarem por suas práticas.

Evidentemente temos obrigação de condenar as obras das trevas, mas a maneira correta de expor as trevas é por meio da luz e não pela explicação detalhada do que são as trevas. Eu não preciso beber um litro de vinagre para avisar as pessoas que aquilo é vinagre. Basta eu ler o rótulo.

(Ef 5:11-13) "E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta".

Quando você acende a luz de sua cozinha no meio da noite, a barata se vê exposta e foge. É disso que precisamos: derramar a LUZ sobre as pessoas para que o mal acabe exposto pela luz, e não pela dissecação detalhada da barata.

Um exemplo simples: alguém que pregue contra a prostituição detalhando como ocorre o ato sexual com uma prostituta irá deixar seus ouvintes excitados. Quem vê pode até alegar que ele está pregando contra a prostituição, mas os efeitos que está gerando nas pessoas é justamente o desejo de se prostituírem.

É muito comum vermos isso nas igrejas com os tais “testemunhos”. Ora é a prostituta que conta em detalhes sua vida sexual antes de se converter, excitando a plateia, ora é o traficante que descreve o submundo do crime como se fosse um filme de ação, eletrizando a plateia, ora é o estelionatário que ensina em detalhes todos os golpes que dava, despertando na audiência o desejo do ganho fácil.

Muitos pastores que proíbem os membros de suas igrejas de irem ao cinema acabam trazendo o cinema até eles por meio dos “testemunhadores profissionais”. Sim, muitos são profissionais e cobram cachê para falar nas igrejas. É comum eu receber e-mails de pastores perguntando qual é meu cachê para falar em suas igrejas (o que obviamente não faço, com ou sem cachê).

Qual o efeito criado pelos pregadores de teorias conspiratórias? Será que levam seus ouvintes a se interessarem mais pela Palavra de Deus ou pela palavra dos ocultistas? Antes de minha conversão estive envolvido com ocultismo e esoterismo, mas não é disso que falo em minhas pregações. Não tenho qualquer interesse em levar os ouvintes a se interessarem por minhas práticas dos tempos de incrédulo, gastando seu tempo correndo atrás do esoterismo ao invés de se ocuparem com Deus e com sua Palavra.

Nunca devemos nos esquecer que o ocultismo e o esoterismo são instrumentos de Satanás, e é ilusão acharmos que não seremos influenciados pelo diabo quando nos debruçamos sobre esses temas para estudá-los em detalhes. Não se esqueça que o inimigo tem milhares de anos de experiência em enganar os inexperientes seres humanos!

Esse “ministério do erro” que você encontra em muitas igrejas não é novo. Há muito tempo alguns pregadores profissionais ganham a vida se especializando em filmes da Disney, desenhos do He-Man ou músicas da Xuxa. O que fazem em suas pregações é colocar uma lente de aumento em detalhes (satânicos? eróticos? conspiratórios?) que teriam passado despercebidos pela audiência se não fosse com a “ajuda” do pregador. O resultado? Gente que nem se interessava pelos filmes, desenhos e músicas são capazes até de comprar todos eles, só para passarem horas procurando pelo em ovo, como se esta fosse a ocupação principal de um cristão.

Entendo que aquilo que o apóstolo diz sobre os que "só pensam nas coisas” terrenas pode ser aplicado tanto aos que as promovem como aos que se ocupam delas em detalhes para denunciá-las.

(Fp 3:18-19) "Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas".

Uma das características do remanescente fiel que havia em Tiatira era não ter se aprofundado nas coisas de Satanás. Assim devemos ser. Devemos nos aprofundar nas coisas de Deus, sermos “especialistas” no bem, não no mal. A antiga música que dizia "Falem bem ou mal, mas falem de mim...” deve ser a predileta do diabo.

(Ap 2:24) “Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei;”.

Do mesmo modo que a maioria das pessoas adora assistir telejornais sensacionalistas, que só mostram crimes, criminosos, traficantes, cadáveres, etc., os vídeos e sites especializados em denunciar o mal também atraem multidões. O que a maioria das pessoas não enxerga é que o apresentador do telejornal sensacionalista, que vive xingando bandidos e fazendo pose de prestar um serviço à sociedade, não ganharia um centavo se os bandidos não praticassem seus crimes.

O serviço de “informar a sociedade” que prestam especificamente nesses telejornais também não traz proveito algum. Acaso não sabemos que existem bandidos e que eles vivem praticando crimes? Que aprendizado alguém tem ao ver um telejornal sensacionalista? Você pode aprender muito sobre economia, política, geografia, cultura, etc. vendo um telejornal normal, mas que bagagem lhe dá assistir perseguições a bandidos? Do mesmo modo, o que você ganha por conhecer "as profundezas de Satanás”? Os pregadores especializados em teorias conspiratórias não teriam audiência se falassem “apenas” de Cristo.

Não quero dizer com isso que devemos fechar os olhos para o erro ou sermos indiferentes a ele. Devemos saber identificar a mentira, não por conhecê-la em detalhes, mas por conhecermos em detalhes a Verdade. Precisamos ficar centrados em Cristo, não no erro. É Jesus quem deve caracterizar qualquer ministério e é a Cristo que a pregação deve levar o ouvinte, e não deixá-lo de costas para a Verdade e entretido com a mentira.

Quer um exemplo da atração que o erro exerce nas pessoas? Tenho uns 250 vídeos falando de Cristo, da salvação e das coisas que o Senhor fez nos evangelhos, e no entanto um dos mais vistos é justamente aquele em que falo dos falsos profetas. Parece existir um prazer secreto em nós que nos leva a preferir um vídeo que fale do erro, a 249 que falam do acerto.

Respondendo mais diretamente sua pergunta, o autor dos vídeos sobre os Illuminati que mencionou (assisti um pela metade e para mim bastou) tem uma visão equivocada da ceia do Senhor, e um leitor escreveu perguntando se aquela interpretação dele teria fundamento bíblico (acho que este foi o único outro vídeo que vi do mesmo autor).

Quando o mágico faz a mágica, não fique prestando atenção na mão para a qual ele insiste em chamar sua atenção, mas para a outra. É lá que ocorre o truque. É por isso que a primeira coisa a perguntar quando nos é apresentada qualquer “mágica” interessante (como as teorias conspiratórias) deve ser o que essa pessoa pensa das verdades fundamentais da Palavra de Deus. Não sei tudo o que aquele autor acredita, e nem me interessa saber, mas ao interpretar a ceia do Senhor ele se equivocou tremendamente. Para mim isso foi suficiente.

Hoje há muitos que chamam a atenção para as profecias, o fim do mundo e essas coisas, porém negam verdades fundamentais, como a divindade de Jesus, sua natureza incapaz de pecar, sua permanência hoje no céu em um corpo ressuscitado, etc. Sem falar nos que concentram sua doutrina na guarda do sábado, quando o apóstolo Paulo foi claro ao advertir disso os gálatas em Colossenses 2:16: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados".

Há também grupos que propagam aos quatro ventos o fato de não terem denominação, quando negam a salvação pela fé (pregando salvação por batismo, por exemplo, o que exigiria termos dois “salvadores” — Jesus e o homem que batiza) ou afirmando que o pecado ou Satanás são mais fortes e poderosos que o sangue de Cristo e sua obra na cruz, ao insistirem em uma lista de regras para o pecador conseguir se salvar e permanecer salvo.