Como saber se vem do Espírito Santo?
No mundo confuso das religiões cristãs hoje é natural que você esteja com essa dúvida: Como saber se uma manifestação é do Espírito Santo, quando estamos congregados? Creio que a resposta esteja aqui: (1 Co 12:7) "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil".Quando nos deparamos com alguma manifestação aparentemente espiritual a primeira pergunta a ser feita é: Que utilidade tem isso? Será que está sendo útil para a edificação, exortação ou consolação dos irmãos?
Uma pessoa que começa a urrar, pular, rolar ou engatinhar pelo chão, ou girar como um pião, não tem utilidade alguma, apesar de parecer uma manifestação espiritual. Alguém gritando palavras irreconhecíveis pode assustar muita gente, mas não passa de uma grande inutilidade. Tudo isso pode muito bem ser descrito com as palavras ditas pelo apóstolo Paulo: (1 Co 9:26) "Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar (ou dando socos no ar)”.
Além disso, depois de dizer que "a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil", o apóstolo continua descrevendo algumas dessas manifestações e suas utilidades. É importante entender que neste capítulo em muitas partes onde aparece a palavra “dom” ou “dons” a tradução mais correta seria “manifestação” ou “manifestações”, que é como aparece no original. Propriamente falando, os “dons” são aqueles descritos em Efésios 4, e são permanentes nas pessoas que os recebem do próprio Senhor. Já as manifestações do Espírito parecem ser transitórias e visam atender a uma necessidade específica em um determinado momento.
Palavra da sabedoria (1 Co 12:8a) — A capacidade de falar com uma sabedoria que está acima da própria capacidade daquele que fala. Foi o caso de Filipe, que causou um efeito tremendo sobre os que o ouviam em Atos 6:10.
(Atos 6:10) "E não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava”.
(1 Co 12:8b) "e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;”.
Palavra da ciência ou conhecimento (1 Co 12:8b) — Trazer à tona coisas desconhecidas ou conhecidas por poucos. Talvez aqui esteja também a capacidade espiritual de revelar o sentido das coisas que foram reveladas, mas não compreendidas, como em associar o Antigo com o Novo Testamento ao mostrar a sombra e a realidade.
(Mt 13:51-52) "E disse-lhes Jesus: Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.
Fé (1 Co 12:9a) — Paulo associa a fé em 1 Coríntios 13:2 à capacidade de remover montanhas, ou seja, uma pessoa que recebe a fé (não é fé no sentido da salvação aqui, mas da realização de uma tarefa específica e maravilhosa) tem essa capacidade. Quando lemos biografias de cristãos que oravam e as coisas aconteciam de maneira inacreditável, provavelmente eram pessoas com esse dom. É importante entender isso, porque às vezes ficamos frustrados porque nada obtemos pela fé e esses pareciam ter um poder maior do que o nosso. É aí que entra as manifestações que o Espírito distribui a cada um segundo ele quer e para um objetivo, o qual é determinado por Deus e não por nós. Não se trata de ter fé para comprar carro de luxo.
Dons (manifestações) de curar (1 Co 12:9b) — O interessante aqui é que está no plural, o que parece indicar que fossem manifestações para tarefas específicas. Temos exemplos do apóstolo Paulo. Em uma ocasião ele aparece curando enfermos e em outra precisa deixar um irmão doente para trás ou sugerir a Timóteo que tome água com vinho para sua enfermidade no estômago. Isso parece indicar que as manifestações de curar são dadas com objetivos bem definidos. Não se trata de uma capacidade que dá à pessoa o poder de curar quem bem entender, como se fosse um curandeiro. Não podemos comparar esses dons ou manifestações de curar com o que o Senhor Jesus fez aqui. Ele não tinha dons ou manifestações, como estes distribuídos pelo Espírito Santo; ele era o próprio Deus exercendo seu poder e em Efésios vemos que é ele quem dá dons aos homens.
Operação de maravilhas (1 Co 12:10a) — Coisas inexplicáveis, como levantar mortos, escapar sem ser visto, ser picado por serpente e não morrer, etc. Temos vários exemplos em Atos.
Profecia (1 Co 12:10b) — Aqui eu creio tratar-se de revelação mesmo, da verdade comunicada diretamente por Deus, e não apenas de proferir algo da parte de Deus com base na Palavra escrita, que é como usualmente fazemos hoje. Podia ser algo sobre o futuro (como João, ao escrever o Apocalipse) ou simplesmente o pensamento que Deus queria comunicar. Os profetas formaram o fundamento da igreja (Ef 2:20) e agora somos edificados sobre esse fundamento que eles deixaram. Uma vez que temos a Palavra de Deus completa, não há necessidade de se esperar por uma nova revelação. Correr atrás de supostas novas revelações é demonstrar insatisfação com o que já recebemos de Deus.
Discernir os espíritos (1 Co 12:10c) — precisamos de irmãos que apontem quando alguém fala pelo Espírito ou está sendo influenciado por Satanás. Paulo usou esse dom quando desmascarou a jovem que o seguia dizendo coisas que para um ouvinte comum pareciam estar promovendo o trabalho do evangelho, conforme vemos em Atos 16:17. Mas repare que a jovem ficou muitos dias seguindo Paulo e ele não fez nada, o que pode demonstrar que ainda não lhe tinha sido dada esta manifestação do Espírito para ele agir. Hoje muita gente carece desse discernimento para evitar engolir qualquer bobagem que traga o selo evangélico ou cristão. O fato de algo aparentar ser espiritual não significa que venha de Deus. Lembre-se de que Satanás é um anjo.
(1 Co 12:10d) "e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas".
Variedade de línguas e interpretação (1 Co 12:10d) — Parecem ser manifestações que caminham juntas, pois a Palavra em 1 Coríntios 14 proíbe o falar em línguas se não existir quem interprete. Falar em línguas não é ficar balbuciando alguns "uriama lamás” e sim falar um idioma estrangeiro sem nunca ter tido uma aula disso. O mesmo acontece com a interpretação. Esse dom ou manifestação teve o seu papel no início da Igreja, que era o de convencer os judeus que aquela era uma obra de Deus. Não vejo utilidade algo assim hoje e nunca vi numa reunião de cristãos alguém que falasse de forma sobrenatural outros idiomas cumprindo as ordens dadas em 1 Coríntios 14: Falar dois ou três no máximo, um depois do outro, ter quem interprete e as mulheres permanecerem caladas. Fora isso, ainda cabe a pergunta: está sendo útil para convencer judeus?
(1 Co 14:21) "Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo [judeus]; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor”.
Devemos elogiar as pessoas?
O bom senso diz que o elogio é extremamente importante na construção da autoestima e até para ajudar alguém a sair de uma depressão. Elogiamos nossos filhos quando estudam e passam no exame, pois é uma espécie de prêmio: eles se esforçaram e recebem o justo louvor por isso. O problema é quando o elogio ocorre nas coisas de Deus. Aí estamos andando em areia movediça achando que é terreno firme.
Primeiro vamos ver o lado do que é elogiado. Uma das características dos fariseus que a Palavra aponta era que gostavam de ser elogiados pelos homens. Não gosto da Tradução na Linguagem de Hoje, mas vou usá-la aqui porque usa a palavra elogio ao invés de glória, e assim fica mais claro diante de sua dúvida: (Jo 12:43) "Eles gostavam mais de ser elogiados pelas pessoas do que de ser elogiados por Deus”.
Depois de ler este versículo, da próxima vez que você for elogiado por algo que fez na obra de Deus, vai perceber o que é sentir-se como um fariseu. Você vai gostar, porque gostar de elogios é um sentimento natural ao ser humano. Mas devemos nos lembrar de que foi essa mesma natureza nossa que ficou lá atrás, pregada na cruz.
(Gl 2:20) "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
(Gl 6:14) "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.
O sentimento adequado ao cristão é o que foi expressado pelo apóstolo Paulo em (1Ts 2:6) "Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros”, e também pelo Senhor Jesus em (Jo 5:41) "Eu não procuro ser elogiado pelas pessoas”. Tal sentimento, obviamente, não é um sentimento da carne, mas da natureza que provém de Deus, do homem em quem Deus se apraz. É bom nos lembrarmos disso na hora de elogiarmos um irmão em Cristo; pode causar mais mal do que bem ao coração dele.
Mas você também encontra situações de elogio na Bíblia, como é o caso de 1 Coríntios 11:2 "Eu os elogio porque vocês sempre lembram de mim e seguem as instruções que eu passei para vocês”, e também de 2 Coríntios 7:14 "Eu havia falado muito bem de vocês a ele, e vocês não me desapontaram. Temos sempre dito a verdade a vocês. Assim também é verdadeiro o elogio que fizemos a Tito a respeito de vocês”.
É o caso também de 2 Coríntios 9:3 "Agora estou enviando estes irmãos para que não fique sem valor o elogio que fiz a respeito de vocês sobre esse assunto. Mas, como eu disse, vocês estarão prontos para ajudar”, mas estas passagens parecem indicar que Paulo apenas revelou às pessoas que as havia elogiado para outras pessoas, ou seja, aqui ele estaria mais informando que em determinado momento fez um elogio a terceiros do que propriamente elogiando.
Eu acho que o mais prudente é andar sobre ovos quando o assunto for elogiar alguém nas coisas de Deus, pois posso estar criando nessa pessoa o sentimento de ela se achar alguém, e bem sabemos que não é assim. Se um irmão ou irmã faz algo no Senhor, é no Senhor que faz... "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”(Ef 2:10).
Em Mateus 11:2 joão Batista, que estava preso, envia seus discípulos a Jesus para perguntarem se ele era mesmo o Messias ou se deviam aguardar por outra pessoa. O Senhor responde, porém espera eles irem embora antes de começar a falar bem de João Batista. (Mt 11:7) "Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João”.
Antes de me apartar das denominações para congregar somente ao nome do Senhor, cheguei a congregar por alguns meses com os batistas, e uma das coisas que contribuíram para que eu saísse dos sistemas criados pelos homens foi um culto de transferência de pastor que assisti em Brasília. Foi uma ‘rasgação’ de seda tamanha, que criou em mim um sentimento de nojo.
O pastor que deixava o cargo e o que assumia pareciam estar competindo para ver quem elogiava mais o outro em seus discursos. Eu, novo convertido e sedento de ouvir falar de Jesus, senti-me numa churrascaria rodízio: era só carne que passava de um lado para o outro. Saí dali com fome e sede de Jesus, pois naquela noite deu para perceber que ali havia duas pessoas que se consideravam mais importantes que Jesus, e a festa era deles.
No meio religioso a bajulação é uma instituição que está tão arraigada nos costumes que a maioria dos cristãos nem percebe mal nisso. Parece até uma obrigação exaltar um irmão por sua fidelidade, seu empenho nas coisas de Deus, sua pregação, etc. Uma vez ouvi falar de um irmão que tinha acabado de pregar o evangelho e foi abordado por uma irmã que teceu comentários maravilhosos sobre sua pregação, sua maneira de falar, seu talento, etc. Quando ela terminou, o irmão simplesmente lhe disse: “Irmã, Satanás já tinha me dito tudo isso ali atrás, enquanto eu pregava”.
Creio que você poderá aprender algo sobre este assunto lendo a carta de um elogiado, no caso a carta que John Nelson Darby enviou ao seu editor depois que viu o que este publicou a respeito dele.