A perda de meu filho foi maldição?

Sinto muito por sua perda momentânea. Digo momentânea porque nossos filhos sempre serão nossos filhos. Veja que interessante, no livro de Jó, que ele tinha 10 filhos no início do livro, além de todas as suas posses.

(Jó 1:2-3) "E nasceram-lhe sete filhos e três filhas. E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente”.

Quando vamos ao final do livro, Deus dá em dobro tudo o que Jó perdeu, menos os filhos. Deus lhe dá o mesmo número de filhos que tinha no início.

(Jó 42:12-13) "E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas. Também teve sete filhos e três filhas".

A razão disso é que filhos não são como ovelhas e camelos. Os dez que tinham sido levados continuavam filhos de Jó e os dez que teve no final vieram a se somar a eles. No fim Jó terminou mesmo com 20 filhos e neste momento deve estar na companhia de todos eles.

Perceba também que Jó não estava pagando por pecado algum, seu ou de sua família, quando perdeu seus filhos e bens. Tudo aquilo aconteceu porque Deus permitiu que acontecesse e no final Jó percebe que só saiu ganhando da situação, ainda que não entendesse tanto sofrimento (jó não leu os dois primeiros capítulos de seu livro, portanto não sabia das conversas entre Satanás e Deus ocorridas no céu).

Você mostrou-se preocupado por achar que perdeu seu filho prematuramente por estar sendo alvo de alguma maldição familiar. Vamos ver as passagens que você citou:

(Dt 5:9) "Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam".

(Ex 20:5) "Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam".

Se prestar atenção, verá que Deus está ameaçando aqueles que têm ódio de Deus, o que obviamente não é o seu caso. Além disso é preciso entender que o Antigo Testamento traz uma determinada maneira de Deus tratar com o homem, em especial o povo de Israel, e não é exatamente a mesma maneira como ele trata o seu povo de hoje, a Igreja. Basta ver que o último versículo do Antigo Testamento ameaça com “maldição” e o último versículo do Novo Testamento oferece “graça”. Você acha que isso foi coincidência?

(Ml 4:6) "E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição".

(Ap 22:21) "A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém”.

Isso só foi possível porque Jesus tomou nosso lugar como o amaldiçoado de Deus naquela cruz:

(Gl 3:13) "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;”.

Este texto de autor desconhecido que traduzi do inglês há alguns anos foi de grande consolo para um irmão que perdeu o filho e acredito que também será de consolo para você:

Até Eu Vir Buscá-lo Outra Vez

"Emprestarei a vocês este filho querido

Por um tempo” — ouvimos Deus dizer —

"Para que o amem enquanto tiver vivido,

E o chorem se vier a morrer.”

"Talvez por dois anos, quatro, ou cinco até,

Ou quem sabe, chegue a vinte e três,

Seja o que for, meu pedido agora é:

Podem cuidar dele até eu vir buscá-lo outra vez?”

"O seu jeito de ser lhes trará horas gostosas,

E se sua estadia acaso mui breve for,

Vocês ficarão com lembranças preciosas,

Como um consolo para a vossa intensa dor.”

"Que ele ficará com vocês, não posso prometer,

Já que tudo, da Terra, precisa voltar,

Porém há lições para ele aí aprender,

Que de outro modo nunca iria assimilar.”

"Eu procurei por todo o mundo, a buscar,

Pessoas aptas que pudessem ensiná-lo,

E das multidões que estão na vida a caminhar,

Achei que só vocês poderiam ajudá-lo.”

"Será que poderiam dar a ele todo o amor,

Sem pensarem ser trabalho em vão,

E nem se ressentirem contra mim quando eu for

Aí buscá-lo, para tê-lo comigo então?”

"Creio haver ouvido de vocês a oração:

Amado Senhor, seja feito o teu querer;

Pelo gozo que este filho possa trazer então,

Correremos o risco de tal dor sofrer.”

"O cobriremos de amor, terno e permanente;

A ele vestiremos de carinho e bondade;

E a ti ficaremos gratos agora e eternamente,

Pois nos fizeste conhecer felicidade.”

"E se chegar a hora que o quiseres chamar,

Antes até do que havíamos planejado,

A dor que virá, procuraremos enfrentar,

E compreender que isto foi o teu cuidado.”

(Autor desconhecido)