O que se exige de um pastor?
Existe o pastor que é um dom (como evangelista e mestre) e que exerce seu dom entre as ovelhas onde quer que ele esteja. Não se trata de uma atuação em uma localidade, mas universal. E existe o presbítero ou ancião, que em algumas traduções às vezes aparece traduzido também como “pastor”. Este não é um dom, mas um ofício, e não aparece no singular, mas sempre no plural. Então em uma assembleia em uma cidade deveriam existir alguns presbíteros para cuidar (no sentido de responsabilidade) do rebanho.
O dom de pastor você encontra em Efésios e não há algo que alguém possa ter ou fazer para recebê-lo de Cristo. É um dom, uma dádiva, algo que vem de graça sem esforço do homem, como acontece com a salvação. Sua atuação e objetivo não são locais, mas universais como foram os apóstolos e profetas (estes nós só encontramos no início da Igreja, quando ainda não havia a Palavra escrita) e também os evangelistas e doutores ou mestres. Todos estes dons são dados visando a edificação do corpo de Cristo como um todo, não de uma assembleia local.
(Ef 4:11-12) "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;”.
Por outro lado, se alguém deseja desempenhar a função de um presbítero (ou bispo em algumas traduções), que não é um dom, mas um ofício, essa pessoa precisa ter algumas características, além de ser levantada pelo Espírito Santo para essa função. Veja algumas passagens que falam das características dos presbíteros:
Os presbíteros eram designados por ordem direta dos apóstolos, e isso de cidade em cidade (cada cidade tinha os presbíteros daquela cidade, não de um grupo específico):
(Tt 1:5) "Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei".
Os presbíteros que, além da responsabilidade sobre o rebanho, também trabalhassem na obra do Senhor, podiam receber a ajuda dos irmãos:
(1Tm 5:17-18) "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra (também pode ser traduzido por duplicados salários), principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário”.
Não deveria se acusar levianamente um presbítero, senão com testemunhas. Se tivesse pecado, ele devia ser repreendido na presença de todos.
(1Tm 5:19-20) "Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas. Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor”.
Não deviam desempenhar sua função a contragosto, mas de forma voluntária, e não podiam ser gananciosos, isto é, fazer isso visando dinheiro.
(1 Pe 5:1-2) "Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;”.
Os bispos (o mesmo que presbíteros) deviam ser irrepreensíveis, monogâmicos, sóbrios, honestos, hospitaleiros, capazes de ensinar, não beberrões, não contenciosos, não avarentos (amor ao dinheiro), deviam saber cuidar da família, não deviam ser novos convertidos e deviam ter um bom testemunho diante dos incrédulos.
(1Tm 3:1-7) "Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo”.