Sair chorando
Todo cristão sincero se identifica com Pedro em seu fracasso. Um pouco antes Jesus tinha avisado: “‘Simão, Simão, Satanás pediu vocês para peneirá-los como trigo. Mas eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça os seus irmãos’. Mas ele respondeu: ‘Estou pronto para ir contigo para a prisão e para a morte’”. (Lucas 22:31-33). Satanás queria peneirar todos eles como trigo, mas Simão Pedro corria maior risco. Sua fraqueza estava na confiança própria.
A autoconfiança é vista na carreira profissional como vantagem competitiva, e pode até ser quando o contrário disso é o desânimo, a falta de coragem e sentimento de auto piedade. Mas o cristão possui um recurso muito mais seguro e eficaz que a autoconfiança: a confiança que vem do alto. Posso até ‘confiar no meu taco’, como se costuma dizer, por ter me empenhado em treinar para uma competição, estudar para uma prova ou me capacitar para um emprego. Mas o cristão sabe que precisa de outro tipo de confiança para não ir sozinho à luta. Confiança no Senhor.
Muitos confundem ‘confiar em Deus’ com uma atitude de comodismo, de deixar ‘ao Deus dará’ ou esperar que as coisas caiam do céu. A Bíblia mostra que não é bem assim. “Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, mas o Senhor é que dá a vitória” (Pv 21:31). É responsabilidade humana o preparar-se, mas a vitória é divina_. “Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda” (_Sl 127:1). Repare que é o Senhor o construtor, mas alguém assenta os tijolos. É o Senhor quem vigia a cidade, mas existe uma sentinela montando guarda.
Confiar em si mesmo foi a ruína de Pedro. Mesmo depois de convertidos trazemos essa velha natureza teimosa, independente e autossuficiente que herdamos de Adão, e sempre que tiramos do Senhor o olhar ela nos faz pecar. O que fazer então? Olhar para o Senhor, pois nossos olhares certamente se cruzarão. “O Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro”. De nada adiantaria Pedro culpar outros ou tentar se defender. Ele havia sido peneirado como trigo e falhara, mas mesmo assim continuava trigo, não joio. “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia” (Pv 28:13). Pedro “saindo dali chorou amargamente” (Lucas 22:61-62). Ele não apenas chorou, mas saiu dali, abandonando a companhia dos inimigos do Senhor e a falsa sensação de conforto daquela fogueira.
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