O último milagre de Jesus

Lucas 22:49-51

As primeiras palavras de Jesus nos Evangelhos foram para seus pais, aos doze anos, quando o encontraram no Templo: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lucas 2:48-49). Ele já cuidava dos interesses de seu Pai antes mesmo de dar início ao seu ministério público e transformar água em vinho na festa de casamento em Caná (Jo 2:11). Aquele seria o seu primeiro milagre.

A desastrada tentativa de Pedro de impedir a prisão de Jesus, decepando a orelha do servo do Sumo-Sacerdote, só serviu para revelar que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens” (2 Co 5:19). Então, “tocando na orelha do homem, ele o curou” (Lucas 22:51). O último milagre de Jesus foi curar o líder do grupo que havia sido enviado para prendê-lo. Jesus havia dito: “Enquanto é dia, preciso realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar...” (Jo 9:4).

Como já fazia aos doze anos, Jesus continua neste capítulo cuidando dos interesses de seu Pai, e esses interesses são de bênção, não de juízo ou punição; de mãos que curam, não que empunham a espada. Tempos antes, na sinagoga, quando leu Isaías 61, Jesus parou no ponto em que o texto dizia: “...e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lucas 4:19). Ele não continuou lendo. Ainda não era a hora do que vinha a seguir nas palavras do profeta: “...e o dia da vingança do nosso Deus” (Is 61:2).

Se João Batista viera no caráter de um “que jejua e não bebe vinho”, Jesus era visto por seus críticos como “comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11:16-19). Isso tinha um quê de verdade. Em seu primeiro milagre Jesus transformou água em vinho e em seu último curou um pecador inimigo de Deus. “A Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). “A Lei e os profetas duraram até João [Batista]” (Lucas 16:16).

Mas aquele que veio “anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros” (Is 61:1) em poucas horas estará preso, em trevas e abandonado por Deus. A ele podem ser aplicadas as palavras do profeta: “Vocês não se comovem, todos vocês que passam por aqui? Olhem ao redor e vejam se há sofrimento maior do que o que me foi imposto e que o Senhor trouxe sobre mim no dia em que se acendeu a sua ira. Do alto ele fez cair fogo sobre os meus ossos” (Lm 1:12-13).

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