Futuro sombrio
Em outro evangelho Jesus carrega a cruz, mas aqui nos é dito que ela é carregada por Simão de Cirene. As duas coisas aconteceram em diferentes momentos. Antes o Senhor havia exortado os discípulos a carregarem cada um a sua própria cruz, mas ele certamente não falava de uma cruz de madeira, como fazem os pagadores de promessas na tentativa de agradarem a Deus por seus esforços. Em Lucas 9 Jesus disse:
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará” (Lucas 9:23-24). A cruz era o instrumento de morte, como é a cadeira elétrica hoje. Tomar a própria cruz não significa se resignar a um sofrimento, mas considerar-se morto para o mundo, porém vivo para Deus.
“Fui crucificado com Cristo”, escreveu Paulo aos Gálatas apontando a posição que um crente ocupa agora aos olhos de Deus e do mundo. “Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim... Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo... Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus” (Gl 2:20; 6:14; Rm 6:11).
O cortejo era acompanhado por mulheres que “lamentavam e choravam”, e Jesus lhes diz: “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem por vocês mesmas e por seus filhos! Pois chegará a hora em que vocês dirão: ‘Felizes as estéreis, os ventres que nunca geraram e os seios que nunca amamentaram!’. Então dirão às montanhas: ‘Caiam sobre nós!’ e às colinas ‘Cubram-nos!’. Pois se fazem isto com a árvore verde, o que acontecerá quando ela estiver seca?” (Lucas 23:27-31).
Jesus é a “árvore verde” que veio dar fruto e foi cortada. Israel, a árvore seca, já sofreu dois mil anos de perseguição pelo que fez a Jesus, porém mais sofrimentos aguardam esse povo e também os gentios que pisam “aos pés o Filho de Deus” e insultam “o Espírito da graça” (Hb 10:29): “Os reis da terra, os príncipes, os generais, os ricos, os poderosos... gritarão às montanhas e às rochas: ‘Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Pois chegou o grande dia da ira deles; e quem poderá suportar?’” (Ap 6:15-17).
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