Justificação
Nem tudo no Evangelho de Lucas está em ordem cronológica. Algumas coisas seguem uma ordem moral, como neste capítulo 16. Ele começa com a parábola do administrador infiel, segue falando da correta administração do que pertence a Deus e denuncia a avareza dos fariseus. Agora Jesus fala da justiça própria, antes de falar da lei, do divórcio e terminar com a história do rico e do mendigo. Apesar de parecerem assuntos diferentes, tudo está ligado e tem a ver com os judeus, a lei e o judaísmo.
Jesus diz aos fariseus: “Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês” (Lucas 16:15). Encontramos na Bíblia tanto a justificação horizontal — de homem para homem — como a justificação vertical, do homem para com Deus. Tiago, em sua epístola, fala da primeira, mostrando que diante de seu semelhante o homem é justificado pelas obras. Ali diz:
“A fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: Você tem fé; eu tenho obras. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras. Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar?” (Tg 2:17-21). Ao dizer “Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras” fica fácil entender que ele está falando de uma justificação horizontal, de homem para homem.
Porém na carta aos Romanos, Paulo fala da justificação vertical, do homem para com Deus: “Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus” — ou seja, diante dos homens. “Que diz a Escritura? ‘Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça’” (Rm 4:2-3). Deus, que vê os corações, justifica o homem por sua fé e deposita isso em sua conta. “Àquele que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça” (Rm 4:5).
Um exemplo de ímpio justificado apenas pela fé é o ladrão que se converteu na cruz. Sem fazer qualquer obra, sem ser batizado ou cumprir qualquer ordenança, ele recebeu a certeza de encontrar-se naquele mesmo dia com o Senhor no Paraíso. Mas o que isso e tudo o mais neste capítulo tem a ver com os judeus e o judaísmo? Bem, é disso que falaremos nos próximos 3 minutos.
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