Das sombras para a realidade
Em sua conversa com a mulher samaritana, Jesus apontou uma mudança radical no modo e lugar de adoração a Deus. Os judeus adoravam em um Templo em Jerusalém, o único lugar autorizado por Deus para a adoração. Porém Jesus disse à samaritana: “Está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23). A carta aos Hebreus ratifica essa mudança, ao deixar de lado o antigo sistema de adoração do judaísmo. Em seu capítulo 13 diz:
“Nós temos um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo. O sumo sacerdote [do judaísmo] leva sangue de animais até o Santo dos Santos, como oferta pelo pecado, mas os corpos dos animais são queimados fora do acampamento. Assim, Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada” (Hb 13:10-16).
Hoje o cristão não possui um sistema religioso para adorar a Deus, como tinham os israelitas em sua adoração baseada em rituais que eram sombras das coisas que viriam. A igreja adora com base em realidades já consumadas. Por mais preciosas que fossem as sombras e figuras da antiga dispensação, o cristão tem o privilégio de se ocupar com a realidade para a qual as figuras apontavam: Cristo. “A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos” (Hb 10:1). Em Cristo as sombras se tornaram realidade, o Espírito a revelou aos apóstolos e o crente agora pode contemplar esta realidade com os olhos da fé. “Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Co 4:18).
No Antigo Testamento as bênçãos eram condicionais e terrenas. Hoje Deus já “abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3) a todos os salvos pela fé em Jesus. A esperança dos israelitas estava na terra e a promessa para Israel era de ser um canal de bênção para todas as nações terrenas. A Igreja é a noiva do Cordeiro e todas as suas promessas e esperanças residem nos céus, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Mas quando teria ocorrido essa mudança tão radical, isto é, quando foi que Deus deixou Israel de lado por um tempo para que o período da Igreja tivesse início? É disto que falaremos nos próximos 3 minutos.
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