O servo corrupto

Lucas 4:27-30; 2 Reis 5

Na Bíblia o rio Jordão significa a morte. Basta lembrar que era o Jordão que separava os israelitas da terra prometida, ao terminarem sua peregrinação no deserto. Moisés havia prometido: “Vocês atravessarão o Jordão e se estabelecerão na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá como herança, e ele lhes concederá descanso de todos os inimigos que os cercam “ (Dt 12:10).

Se você ler o capítulo 3 do livro de Josué verá que os sacerdotes foram na frente do povo carregando a Arca da Aliança e, ao chegarem às águas do Jordão, estas pararam de correr, formando uma muralha líquida a uma grande distância dali. Enquanto a Arca da Aliança permanecia no meio do leito do rio, carregada pelos sacerdotes, o povo atravessou em segurança e entrou na terra prometida.

Para o crente em Jesus, o mundo é um deserto, a terra prometida é o céu e o rio Jordão, que para qualquer outro significaria meramente morte seguida de juízo, se transforma em porta de acesso para o céu. Isto porque Jesus, representado pela Arca da Aliança, foi na frente e passou pela morte em nosso lugar, detendo as águas do juízo de Deus. “Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; e, quando você atravessar os rios, eles não o encobrirão”, escreveu Isaías (Is 43:2).

Por isso, ao banhar-se no Jordão, Naamã estava em figura crendo na Palavra de Deus e assumindo o lugar de morte; o lugar que Cristo tomou por nós. E a sua cura se deu por pura graça, pois ele nem mesmo merecia ser curado, por ser um inimigo de Israel e estranho às promessas de Deus para o seu povo.

A princípio Naamã não queria aceitar lavar-se no Jordão, pois achava muito banal, e é esta a reação de muitos hoje. São os que ouvem falar que a salvação é por fé em Jesus e indagam: “Como assim? Basta eu crer em Jesus? Não é possível que a salvação seja fácil assim! Eu preciso fazer algo, dar esmolas, esforçar-me, perseverar até o fim, fazer penitência, etc...”. O que essas pessoas não percebem é que a salvação é realmente difícil. Mas o sacrifício que ela exigia era maior do que qualquer pecador poderia fazer; ela custou a vida do Filho de Deus.

Assim que Eliseu despede Naamã em paz, a cobiça toma conta de Geazi, servo do profeta. Ele sai atrás de Naamã para pedir um pagamento. Talvez tenha sido ele quem levou a Naamã a mensagem de salvação. Não é por levar a mensagem de salvação que alguém se torna um homem de Deus. Jesus avisou que muitos diriam “Senhor, Senhor”, pregariam e fariam maravilhas em seu nome, sem que o próprio Jesus os reconhecesse. Geazi representa esses que pregam a Palavra em troca de benefícios materiais. Ao voltar para casa, Eliseu já sabe que seu servo se corrompeu, e diz: “Este não era o momento de aceitar prata nem roupas, nem de cobiçar olivais, vinhas, ovelhas, bois, servos e servas. Por isso a lepra de Naamã atingirá você e os seus descendentes para sempre” (2 Rs 5:26-27).

Este é o fim que Deus reserva aos mercenários da fé.

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