Nada oculto
“Não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz. Portanto, considerem atentamente como vocês estão ouvindo. A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado” (Lucas 8:17-18). O Senhor Jesus conclui assim a parábola do Semeador. Aos olhos de Deus a nossa vida é um livro aberto. Você pode guardar um segredo aqui e ali, mas cedo ou tarde ele virá à tona. Deus traz tudo à luz, tanto para nossa bênção, como para nossa disciplina e correção.
Nas cartas às sete igrejas de Apocalipse, aquele cujos olhos são como “chama de fogo” (Ap 1:14) declara a cada igreja: “Conheço as suas obras... Conheço as suas aflições... Sei onde você vive... Conheço... o seu amor, a sua fé, o seu serviço, a sua perseverança...” (Ap 2-3). O mesmo princípio pode ser aplicado a cada indivíduo, tanto aos que já creem em Cristo, como àqueles que fingem interesse na Palavra de Deus. “Não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz”.
Por isso Jesus exorta cada ouvinte da Parábola do Semeador a considerar, não apenas o que está ouvindo, mas como está ouvindo. O simples ouvir já coloca você numa posição de responsabilidade diante de Deus. Mas como você ouve? Alguns ouvem por curiosidade e outros por educação, mas há quem ouça para colocar em prática. Deus irá cobrar de você o como ouviu a sua Palavra.
Na Parábola do Semeador todos ouviram a Palavra. Apesar de ter sido comida pelas aves, a semente que caiu à beira do caminho ficou ali por algum tempo. A que caiu em solo rochoso chegou a germinar e a deixar uma aparência de vida, ainda que fosse uma plantinha morta e esturricada pelo sol. A que caiu entre os espinhos cresceu o suficiente para parecer que aquela pessoa tinha algum cristianismo em si. Em todas as situações, quem ouviu será tido por responsável diante de Deus. “A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado” (Lucas 8:18).
Quando o rei Davi pecou, adulterando com a mulher de Urias e levando o marido traído à morte para esconder seu pecado, Deus o advertiu por intermédio do profeta Natã: “De sua própria família trarei desgraça sobre você... você fez isso às escondidas, mas eu o farei diante de todo o Israel, em plena luz do dia” (2 Sm 12:11-12). Se você ainda não confessou o seu pecado a Deus; se ainda não resolveu sua questão eterna, faça isso agora. “Não há nada oculto que não venha a ser revelado”. E se você apenas finge ser cristão para agradar aos homens, à família, lembre-se de que “quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado”.
Nos próximos 3 minutos Maria e os irmãos de Jesus querem tirá-lo de circulação.
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O fim dos vínculos naturais
A mãe e os irmãos de Jesus vão ao encontro dele, mas não conseguem entrar na casa por causa da multidão. O que será que Maria e seus outros filhos querem com Jesus? No evangelho de Marcos temos mais detalhes deste episódio: “Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: ‘Ele está fora de si’... Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo” (Mc 3:21, 31).
O recado de Jesus aos que o chamam revela uma guinada em seu ministério: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam” (Lucas 8:21). Aqui ele rompe os vínculos naturais da carne e passa a considerar como família os que ouvem e obedecem a Palavra. Trata-se de uma família que não é formada pelos que nasceram da carne, mas de Deus. “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3:6).
Nossos vínculos naturais podem comprometer a obediência à verdade. Um médico não deve operar um parente próximo, como cônjuge, pais ou filhos, pois suas emoções naturais podem interferir e causar um dano maior. Nosso discernimento espiritual é prejudicado quando julgamos as coisas pelos vínculos naturais. A família de Jesus ainda o trata segundo a carne. Seus irmãos ainda não creem nele e acham que ele esteja sofrendo de alguma insanidade. No evangelho de João lemos que “Nem mesmo seus irmãos criam nele” (Jo 7:5).
Em sua segunda carta aos cristãos em Corinto, Paulo escreve que “de agora em diante a ninguém mais conhecemos do ponto de vista humano” — ou segundo a carne. “Ainda que antes tenhamos conhecido a Cristo dessa forma, agora já não o conhecemos assim” (2 Co 5:16). Apesar da importância que Deus dá aos laços de família, não devemos nos esquecer de que a queda do homem também envolveu um vínculo familiar: o amor natural que Adão tinha por Eva, sua esposa.
A história você conhece: A serpente argumentou com Eva que Deus não era bom ao proibi-la de comer daquela árvore. Então Eva “tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também” (Gn 3:6). O apóstolo Paulo explica que “Adão não foi enganado, mas sim a mulher” (1Tm 2:14). Adão amava tanto sua esposa que quis ser tão culpado quanto ela. Por amor ele comprometeu a verdade.
O apóstolo João endereça sua terceira epístola “ao amado Gaio, a quem amo na verdade” (2 Jo 1:1; 3 Jo 1:1). Verdade e amor se complementam. É “seguindo a verdade em amor” que crescemos “naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4:15). É pela “Obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero” que purificamos nossa vida (1 Pe 1:22). Jesus andou aqui “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). A verdade sem amor oprime porém, o amor sem verdade engana.
Nos próximos 3 minutos um barco corre o risco de naufragar.
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