Bem-nascido
No versículo 31 deste capítulo 12 de Lucas, Jesus diz aos discípulos: “Busquem, pois, o Reino de Deus, e essas coisas lhes serão acrescentadas”, mas no versículo 32 ele diz: “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino” (Lucas 12:31-32). Seria uma contradição? O versículo 31 nos diz para buscarmos o Reino, enquanto o 32 nos diz para não nos preocuparmos, pois o Pai quer nos dar o Reino. Devo buscar ou esperar receber? As duas coisas.
Veja que neste capítulo o Senhor já vinha preparando os discípulos para viverem simultaneamente duas realidades: a presente e a futura, ainda a ser manifestada. O versículo 32 estabelece o fato de que o crente já é “rico para com Deus” (Lucas 12:21), pois seu Pai quer lhe dar o Reino. Ele não precisa invejar o que os outros têm ou cobiçar o que nunca teve, pois sabe que vive duas realidades: uma que é presente e passageira, e outra que é futura e permanente.
Imagine que você seja um garotinho bem-nascido, filho de um rico industrial. Você sabe que irá herdar a indústria de seu pai e toda a sua fortuna quando chegar a hora. Mas enquanto é pequeno, você ainda não está na direção da empresa, não tem um carro de luxo ou avião particular, e nem é dono daquele time de futebol que seu pai comprou. Você se contenta em brincar com um carrinho e um aviãozinho de brinquedo, e a jogar bola com seus amiguinhos.
Como você deveria agir se fosse esse garotinho? Será que invejaria o carrinho ou o aviãozinho do amigo? Não, pois quando chegasse a hora você estaria dirigindo uma Ferrari e viajando de jato executivo. Acaso você brigaria com seus colegas por causa de um bate-bola depois da aula? Não, pois saberia que um dia seria dono de um time campeão. Você não iria se preocupar com um joguinho qualquer. O que você faria se encontrasse um garotinho pobre e sem brinquedos? Você abriria mão dos seus por saber que seu pai lhe daria outros quando pedisse. Não ficaria apegado aos brinquedos de hoje, mas teria um comportamento compatível com a posição que iria ocupar amanhã.
Aquele garotinho ainda não é o rico industrial que será, mas se for inteligente aproveitará sua infância para brincar de “dono de indústria”, se inteirando dos negócios de seu pai e se comportando de modo compatível com sua herança. Assim deve ser o cristão, diferente do incrédulo que só pode contar com os brinquedos que tem aqui. O cristão vive segundo a moral do Reino, e não do mundo. Seu caráter aqui deve ser compatível com sua herança futura. Seus investimentos devem ter por objetivo um “tesouro no céu” (Mt 19:21). Vivendo nessa expectativa ele é capaz de abrir mão dos brinquedos de hoje porque sabe que seu Pai poderá prover estes e muito mais amanhã. E é de investimentos futuros que falaremos nos próximos 3 minutos.
tic-tac-tic-tac...