Eu, eu eu!
Jesus conta uma parábola: “A terra de certo homem rico produziu muito bem. Ele pensou consigo mesmo: ‘O que [eu] vou fazer? Não tenho onde armazenar minha colheita’. Então disse: ‘Já sei o que [eu] vou fazer. [Eu] vou derrubar os meus celeiros e [eu vou] construir outros maiores, e ali [eu] guardarei toda a minha safra e todos os meus bens. E [eu] direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’. Contudo, Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?’ Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus” (Lucas 12:15-21).
O pronome pessoal “eu”, subentendido como sujeito oculto, revela duas coisas: a pretensão daquele que pensa estar no controle de sua vida e a solidão em que vive o avarento, que é egoísta e só pensa em si. A parábola fala ainda da loucura que é achar que bens materiais possam garantir segurança, e acreditar que a vida resume-se ao nosso tempo na terra. O insensato consulta a si mesmo sobre o que fazer com o que acumulou. Ele exclui Deus de seus planos, esquecendo-se de que todo ser humano tem em sua agenda um compromisso pétreo, isto é, que não pode ser adiado: encontrar-se com Deus. Para ninguém se esquecer disso, Deus repete três vezes na Bíblia: “Diante de mim todo joelho se dobrará e toda língua confessará que sou Deus” (Is 45:23; Rm 14:11; Fp 2:10).
A diferença está em quando você dobra seus joelhos e confessa com sua língua. A Palavra de Deus promete que “se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Rm 10:9), mas isto só vale enquanto você estiver vivo. Caso contrário será obrigado a dobrar seus joelhos e confessar que Deus é justo quando for levado à presença dele para receber a sentença. Ou você atende ao amoroso convite de Deus, que deseja fazer de você um filho, ou será levado à presença dele como réu e condenado à detenção eterna no lago de fogo. A única coisa em comum entre salvos e perdidos é que a condição em que saem desta vida é a mesma em que permanecerão para sempre. “Caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará”, diz Eclesiastes 11:3.
O homem da parábola tem uma agenda igual à da maioria das pessoas. Tudo o que planeja e armazena é para ter descanso, comida, bebida e lazer. Será esta também a sua agenda? Quantos anos você tem? Quantos anos lhe restam? Se você passou dos 35 já entrou no segundo tempo da expectativa de vida, que no Brasil é de setenta e poucos anos. No segundo tempo você joga cansado e atento ao apito do juiz. Mas talvez você seja jovem e nem se preocupe com isso. Mesmo assim, em cem anos você e todas as pessoas que conhece estarão mortas. Já viu no Facebook o perfil de alguém de sua idade que morreu? É uma sensação estranha, não é mesmo? Parece tão vivo, tantas fotos, tantas festas. Mas está morto. Como a árvore que caiu. “No lugar em que a árvore cair, ali ficará”.
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